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Channel: Review – Chuva de Nanquim
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Review – Battle Royale, de Koushun e Takiguchi (Editora Conrad)

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headerO que você faria numa situação extrema? Seria capaz de matar seu melhor amigo?

Atenção: Esse review pode contar imagens fortes. Continue por sua conta e risco.

Brutal. É a primeira palavra que me vem à mente para descrever Battle Royale.  O motivo disso? Qual mais seria o conceito de um “jogo” em que o intuito é de os participantes matarem uns aos outros até que apenas um sobreviva? E mais, os participantes desse jogo são apenas estudantes de 15 anos, da mesma sala de aula, ou seja, em sua grande maioria, amigos. Dito assim, e colocando no contexto de cada um (para mim, foi impossível não me imaginar nessa idade, com meus amigos, e o que faria numa situação dessas…), parece ainda mais brutal. Mas como uma ideia tão hedionda pode ter apreciadores? Primeiramente, todo espetáculo, por mais bizarro que pareça, sempre vai ter público e se olharmos nosso mundo e as notícias vinculadas verão a veracidade disso. Em segundo lugar, é a ideia dessa review dizer o porque de Battle Royale ser lido e apreciado por todos (desde que você não tenha estômago fraco ou não goste de ler algo sangrento, pois tripas e tiros sobram nesse mangá).

4Originalmente Battle Royale foi um livro escrito por Koushun Takami e publicado no Japão em 1999 e que obteve imenso sucesso, sendo também uma das publicações mais controversas da história do Japão. Devido a toda essa empolgação, no ano seguinte a obra foi adaptada para o cinema (de forma muito fiel ao livro) e começou a adaptação em mangá na revista Young Jump, que teve 15 volumes, contando com a arte de Masayuki Takiguchi, e foi concluído em 2006. Se é que é possível, o filme alavancou ainda mais o sucesso de Battle Royale (em 2009 o diretor Quentin Tarantino disse numa entrevista que esse filme foi o melhor que havia visto nas últimas décadas). E não parou por ai, ainda houve uma sequência cinematográfica, intituladada “Battle Royale II: Requiem”, que se passava três anos após os eventos do primeiro filme. E acreditem ou não, este filme foi adaptado para mangá, com o título de “Battle Royale II: Blitz Royale”, mas teve apenas dois volumes, e dessa vez a arte ficou a cargo de Hitoshi Tomizawa. Com tanto sucesso na terra do sol nascente, não foi de se espantar quando a Editora Conrad começou a publicar o título aqui em novembro de 2006 (e principalmente, agradeço por ela ter terminado!!!!), pois já contava com uma considerável fã-base brasileira também.

12A História

Em Battle Royale, o que chamei de “jogo” logo no começo da review, é conhecido como Programa, e acontece todo ano, cada vez com uma turma do terceiro ano do ensino médio (ao menos a adaptação da Conrad me fez acreditar que seria isso no sistema educacional brasileiro, visto que o do Japão difere do daqui). A turma em questão é “premiada” com a participação no Programa, e, para deixar a situação ainda mais divertida para os organizadores, os participantes não são avisados que farão parte do “show” sendo pegos desprevenidos durante algum evento rotineiro.  Digo as palavras “show” e “divertimento” porque os membros do governo japonês apostam em quem tem mais chances de vencer o Programa, comparando suas fichas e respectivas habilidades antes do início.

Mas, por que o governo japonês faz isso com as pobres crianças? É simples. No mangá, o Japão (ou como é tratado no mangá “Grande República do Leste Asiático”) está com um governo autoritário e repressivo que enfrenta uma grave recessão econômica e tenta limitar ao máximo o poder de expressão de sua população, proibindo muitas coisas (como o Rock) e utilizando a força para intimidar o povo. Uma verdadeira ditadura.

6Em meio a este contexto turbulento, temos o protagonista desta história, Shuya Nanahara, da turma 3ºB, um estudante apaixonado por Rock n’ Roll que busca as mais variadas formas de desafiar o governo, sendo conhecido por seus amigos como um “idealista louco por justiça”. Claro que ele também não é tão ruim quanto seu governo enxerga. Por trás disso temos um garoto que luta por seus direitos e convicções e acima de tudo um grande amigo e uma ótima pessoa com todos que conhece. É praticamente impossível não gostar desse dele!!! Ele é órfão, e mora num orfanato juntamente com seu amigo e colega de escola, Yoshitoki Kininobu, e no dia em que são sequestrados pelo Programa eles estavam indo com os companheiros de classe para o que seria sua “Viagem dos Sonhos”. Toda a sala (42 alunos, 21 de cada sexo) acorda numa ilha, onde são apresentados a Yonemi Kamon, o organizador do Programa desse ano, que lhes diz estarem numa ilha onde se enfrentarão até que sobre apenas um. Desde o começo Shuya tem a ideia de que todos seus colegas de classe poderiam escapar juntos da ilha, sem que ninguém tivesse que matar ninguém, e assim como ele mesmo diz, quebrar a cara dos caras do governo. Mas, será que todos seus colegas de turma pensam iguais a ele?

10Considerações Técnicas – O Mangá

Acho absurdamente bem feito o modo como Takiguchi retratou as coisas no mangá. É impressionante observar a mudança nas feições dos personagens, quando estão tristes, com raiva, com medo, e em qualquer outra situação possível e imaginável. Em minha opinião, isso enriquece demais a obra, pois nunca tinha visto tão bem trabalhada as feições de uma pessoa antes quando está chegando no nível da loucura. Outro efeito desse realismo de Takiguchi é que algumas partes se tornem um tanto quanto nojentas (não leiam todos os volumes num dia só… é pesadelo na certa, acreditem…), chegando a ser considerado exagerado por alguns, principalmente quando expostas partes de órgãos e a violência em si, mas na minha opinião nada que apague o brilhantismo da obra.

5O que realmente implica a ideia de Battle Royale é: o que você faria numa condição extrema? Seria capaz de matar? De matar amigos? Faria de tudo para sobreviver? Na minha opinião, todo ser humano não tem resposta certa para essas perguntas até que passe por uma situação como essa (aliás, desejo que não passemos por isso) e esse é justamente o que prende a atenção na história. O comportamento humano que muda e, teoricamente, se adapta de melhor forma às situações apresentadas juntamente com o instinto de sobrevivência entra em conflito com o cérebro, com as relações humanas, com os laços afetivos desenvolvidos, com aquele mandamento divino “Não Matarás”. Mas, é tão fácil assim seguir esse mandamento e “oferecer a outra face” quando sua vida e a de pessoas que lhe são queridas correm perigo? Simplesmente acho fascinante a ideia apresentada, seu desenvolvimento e tudo que Battle Royale passa.

11Outro ponto interessante são as conversas entre Koushun Takami e Masayuki Takiguchi (autor do livro e o responsável pela arte no mangá, respectivamente) o que nos ajuda a entender a concepção da obra, e principalmente o que mudou do livro para o mangá. Mas porque isso é importante? Simplesmente porque descobrimos que no livro Takami apenas cita muitos dos personagens e não os desenvolve muito, enquanto no mangá, Takiguchi desenvolve todo um contexto, um pano de fundo para cada personagem da sala 3ºB que aparece na história. É verdade que alguns são bem mais desenvolvidos que outros, mas é possível ver como cada um era antes de ir para a ilha e o que se tornou lá. Devo admitir que ler essas conversas entre Takiguchi e Takami me fizeram admirar demais o trabalho do Takiguchi (apesar de ficar de saco cheio em alguns momentos em que ambos desviavam do assunto do mangá).

1Considerações Técnicas – A versão Conrad

Como dito anteriormente, a editora responsável pela publicação de Battle Royale no Brasil foi a editora Conrad, que começou ao final de 2006 no ápice da mesma no quesito lançamentos. Ao lado de Monster, Sanctuary e outras obras, a ideia da Conrad era atingir um público mais adulto e que buscasse obras diferentes do que já possuíamos no mercado (os chamados battle shounen). Porém com a crise da editora no decorrer dos anos, Battle Royale acabou sendo “deixado de lado” por muito tempo e depois de alguns contratos renovados voltou a ser publicado somente em 2010! Os três volumes restantes da série então foram lançados na qualidade que havia sido paralisado anteriormente, um padrão parecido com o que temos atualmente mas com o chamado “excesso de cola” que fazia o mangá ter barulhinhos ao abrir.

3Eu estava entre aqueles que colecionavam este mangá, e temi por seu cancelamento, mesmo faltando 3 edições para o final. Talvez devido a isso hoje haja certa dificuldade de se encontrar esse título, por isso recomendo que todos aqueles que se interessaram por ele, corram atrás logo! E vale ressaltar uma coisa: apenas no último volume, a Conrad utilizou um papel muito bom, o mesmo utilizado na edição de Nausicaa, o que deixou o volume impecável! O que não se pode dizer dos outros números, em que foi utilizado o habitual pisa-brite (folha de jornal para os íntimos).

Como ponto interessante da edição nacional, a Conrad não deixou de colocar as conversas citadas acima sobre os autores, o que facilita na leitura e, querendo ou não, é uma boa para quem gosta de “curiosidades” acerca dos títulos que coleciona.

2Comentários Finais

Muitos vão dizer que essa ideia não é pioneira, que existem outros livros, mangás, filmes entre outros, que também abordam temas parecidos. E isso é bem verdade e não duvido que sejam muito bons também. Mas Battle Royale tem maestria na ideia apresentada e no seu desenvolvimento, e por isso merece atenção. Recentemente surgiu ao grande público o sucesso de Jogos Vorazes com uma temática muito parecida com a de Battle Royale. Devo dizer que apenas a premissa do “jogo de sobrevivência” é a mesma. (Existem alguns outros pontos em comum entre ambas as histórias, mas não vem ao caso, pois não consigo analisar Jogos Vorazes sem suas sequências, e não é minha ideia não é dar spoiler para ninguém :P).  Como apreciador das duas obras, posso dizer que a concepção (a autora de Jogos Vorazes diz ter tido a ideia de seu livro ao ver na tv um programa sobre guerras e um reality show na tv ao mesmo tempo, e pensou em juntar ambos. Não achei nada que falasse o que originou a ideia de Takami para Battle Royale, então pode-se dizer que é original) e desenvolvimento é muito diferente, com um pano de fundo e, principalmente, vivência e experiência de cada personagem absolutamente diferente entre os dois mundos. Nos dois é possível ver o comportamento humano, e até onde podemos chegar, mas isso não é nada que difira de The Walking Dead, por exemplo, onde o psicológico é testado até mais extremamente, embora a história não seja nada igual.

8Se você quer um mangá com uma temática adulta, que te faça refletir sobre a vida, e do que você é capaz, Battle Royale é perfeito! Se você simplesmente quer uma boa história para se entreter, Battle ainda é uma boa pedida. Resumidamente, se você gosta de uma boa história e não tem problemas em ver cenas fortes de mutilação e sangue, Battle Royale com certeza vai te agradar.

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Review – Sket Dance: Comédia, drama e muito carisma!

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headersketerO Sket-Dan se despede do público após 6 anos de amizades, risadas e lições de vida.

Sket Dance, mangá de comédia da famosa Shonen Jump, foi encerrado no dia 8 de Julho de 2013. O mangá percorreu um caminho tal que o torna digno de ser considerado um dos clássicos da revista. A seguir, um pouco da história e da trajetória desse mangá que se tornou uma verdadeira aula de como cativar o público, emocionar, encantar e principalmente aplicar lições sobre a vida. Com vocês, o Sket-Dan.

sket 1A História

Sket Dance começa nos apresentando 3 jovens inusitados: o energético, tapado e prestativo Bossun (Fujisaki Yuusuke), a esquentada e poderosa Himeko (Onizuka Hime) e o estranho nerd que fala através de um computador Switch (Usui Kazuyoshi). Os três fazem parte de um clube diferente dentro de sua escola, o Sket-Dan, responsável por auxiliar as pessoas das mais diversas maneiras tendo como único objetivo resolver seus problemas, sejam eles quais forem. Apesar da temática simples, o clube enfrentará os olhares diferentes de outros clubes do colégio gerando os seus próprios conflitos e problemas com novos personagens no decorrer do tempo, surgindo assim os tais rivais da série. Claro que tudo envolvendo o bom humor dos personagens, suas atitudes bizarras (como o Switch saber de toda a vida de alguns, Himeko sair distribuindo porrada em todos e o Bossun resolvendo tudo na base de suas meditações mágicas) e situações que te farão chorar de rir ou de tanta emoção.

8Considerações Técnicas

Antes de Sket Dance

O caminho que levou à publicação de Sket Dance começou em 2005, quando Kenta Shinohara, assistente de Hideaki Sorachi em Gintama, publicou na revista para novatos Akamaru Jump a história fechada O Show de Fantoches do Panda Vermelho. A história não fez sucesso o bastante para virar série na Shonen Jump, mas logo em 2006 Shinohara publicou mais um one-shot na Akamaru Jump. Era a história de Mimori Konno, uma garota que, estando em meio a um problema, decide recorrer a um grupo chamado Sket-Dan. O grupo consistia em Switch, um mestre na obtenção de informações que falava apenas pelo computador; Himeko, uma ex-delinquente que agia como o músculo da equipe; e Bossun, que liderava o trio com suas capacidades de dedução e concentração acima do normal. É interessante notar que tanto Bossun quanto o protagonista de O Show de Fantoches do Panda Vermelho eram muito parecidos fisicamente com seu criador. 

sketO one-shot Sket Dance pegou, e logo Shinohara publicou outro one-shot com esse conceito na própria Shonen Jump. Nele, o trio Bossun, Himeko e Switch ajudava uma estudante que estava sendo ameaçada. A história seguia repleta de piadas e culminava num final dramático e melancólico, mas mesmo assim positivo, sobre deixar as dificuldades para trás e seguir em frente. Depois desse segundo one-shot, Shinohara estava com o caminho livre para publicar Sket Dance como série semanal na Shonen Jump.

Acima, da esquerda para a direita: "Panda Vermelho", one-shot "Sket Dance" na Akamaru Jump, one-shot "Sket Dance" na Shonen Jump. Abaixo: Página colorida do primeiro capítulo de Sket Dance na Shonen Jump.

Acima, da esquerda para a direita: “Panda Vermelho”, one-shot “Sket Dance” na Akamaru Jump, one-shot “Sket Dance” na Shonen Jump.
Abaixo: Página colorida do primeiro capítulo de Sket Dance na Shonen Jump.

Fazendo barulho na Shonen Jump

A série estreou em 2007, com o Sket-Dan atendendo estudantes que precisavam de ajuda com alguma coisa. No começo, a grande força de Sket Dance vinha na forma de capítulos episódicos em forma de paródia. Num capítulo, por exemplo, o estudante precisando de ajuda se vestia e se comportava como samurai, o que dava pano para satirizar o entusiasmo exagerado dos personagens desse estilo. Noutro, a história se focava numa estudante que enxergava o mundo como um mangá shojo de romance, com todos os clichês envolvidos. Em ainda outro, vinha ao Sket-Dan uma garota obcecada por ocultismo que fazia referências absurdas a histórias de terror.

6Mas, assim como fez nos one-shots, Shinohara não deixou que a série se sustentasse apenas em suas piadas bem-feitas, e escreveu arcos dramáticos de altíssima qualidade. Um dos primeiros entre os mais notáveis é um em que Bossun decide ajudar uma garota violinista que sonhava em estudar música no exterior, mas estava receosa e não tinha nenhuma confiança. O impacto do arco foi muito grande para uma série que ainda não tinha anime. Os eventos do mangá chegaram ao conhecimento da famosa banda japonesa the pillows, pois nesse arco Bossun aprendia a tocar no baixo a música da banda intitulada Funny Bunny. As coisas chegaram num ponto que Kenta Shinohara foi convidado pela banda para desenhar a capa do single de uma nova versão da música. A maneira com que o Sket-Dan ajudou a garota violinista não deixou dúvidas no leitor japonês que Bossun, Himeko e Switch eram pessoas muito prestativas e, por que não dizer, legais, do tipo que qualquer um gostaria de ter como amigo. E tudo isso é mais que reforçado quando o autor esclarece o passado de cada protagonista: no volume 5 nós descobrimos o porquê de Switch usar um computador para falar, no volume 7 é mostrado como Himeko se tornou uma delinquente, no volume 10 mostra-se o que levou Bossun a querer ajudar outras pessoas. É praticamente impossível não se emocionar: cada um dos membros do Sket-Dan tem uma história traumatizante em seu passado, mas todos eles usam isso como motivação para seguir em frente, e qualquer um que os vê no presente não pode acreditar que eles tiveram uma vida menos que feliz.

QuestDancePontos altos e notáveis

A paródia de gêneros, que é um dos pontos mais fortes de Sket Dance, atinge seus picos nos capítulos de realidade alternativa. Nessas histórias ocasionais, personagens se veem no meio de uma história completamente fora do ambiente escolar, como Rocket Dance, que mostra o Sket-Dan como patrulheiros espaciais, e Quest Dance, que apresenta vários personagens da série como se fossem personagens de um RPG medieval. Já a paródia de arquétipos chegou num ponto bastante interessante quando o autor resolveu parodiar o arquétipo da tsundere. Foi apresentada uma nova personagem chamada Saaya, cujo comportamento de tsundere era tão intenso que ela o considerava um obstáculo para sua vida social, a ponto de pedir ajuda psicológica ao Sket-Dan.

3Comentários Gerais

A qualidade da narrativa de Sket Dance é muito acima da média para um mangá de comédia. Uma frase aparentemente sem importância dita no começo de um capítulo pode ser bastante relevante para a piada final. Num arco de mistério, tanto as pistas verdadeiras como as falsas são abundantes, e todas são analisadas perspicazmente por Bossun. Um personagem que pede ajuda ao Sket-Dan uma vez pode fazer uma breve aparição vários capítulos depois, sem a menor falha de caracterização. E essas reaparições são às vezes bastante discretas: o autor conta com o leitor para reconhecê-las sozinho e ter sua experiência de leitura enriquecida. Mesmo com alguns eventos absurdos acontecendo na história (afinal, estamos falando de um mangá de comédia), Sket Dance possui uma continuidade sólida e não subestima a inteligência do leitor.

5E tudo isso se amarra agora, com o fim da série. Sket Dance acabou, mas a obra ainda existe para quem quiser abraçá-la. Eu particularmente ficaria muito feliz se esta humilde resenha te inspirasse a dar uma chance para esse mangá. Bossun, Himeko, Switch, muito obrigado por todos os bons momentos proporcionados a mim e a tantos outros leitores pelas vidas dos quais vocês passaram. Qualquer dia, amigos, a gente vai se encontrar.

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por @BuffetDance, do blog Shonen Mania


Review – Livro: 1 Litro de Lágrimas, de Kito Aya (Editora NewPOP)

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1litrodelágrimas“Eu chorei toda vez que ela chorou…” e nós, leitores, acompanhamos cada mililitro de um litro de lágrimas.

O diário de Kito Aya é mundialmente conhecido, ainda mais pelas pessoas que apreciam a cultura japonesa e têm como hobby assistir dorama. Sim, porque, querendo ou não, o ocidente só passou a conhecer “Um Litro de Lágrimas” (一リットルの涙)  através dos chorosos 11 episódios da novela japonesa (o qual fiz uma resenha no meu próprio blog, quase homônimo), que foi exibida no Japão de outubro a dezembro de 2005, pela Fuji TV. Diferente do dorama, o livro explora as minúcias do dia a dia de Aya, desde suas tarefas escolares e afazeres domésticos aos avanços de sua doença, degeneração espinocerebelar. Também é válido salientar que diferente do dorama não existe um “par romântico” na história original do livro.

O livro é dividido em capítulos, sendo sete deles escritos por ela e oito por sua mãe, Kito Shioka. Há também dois epílogos, um com relatos da doutora que acompanhou o caso desde o início e outro da mãe, que, na sequência, finaliza a edição com o posfácio. Ainda há uma página dedicada à doença nos dias de hoje.

1 litro de lágrimas - Aya Kito 2A História

Kito Aya é uma adolescente japonesa normal. Estudiosa e extrovertida, nunca teve dificuldades nos deveres escolares ou em fazer amigos. Aos 15 anos, começa a sentir alguns sintomas, como tonturas, perda de equilíbrio e capacidade motora. Sua mãe começa a achar tudo isso muito estranho e resolve levá-la ao hospital para saber o que está acontecendo. A doutora especialista logo detecta a doença, mas a mãe prefere manter sigilo por um tempo e só revelar a verdade após a realização de alguns exames. Quando a médica esclarece os detalhes da degeneração espinocerebelar e afirma que é uma doença incurável, Shioka perde o chão, mas não se deixa abater. Aos poucos, vai criando caminhos para que a filha tome conhecimento da enfermidade que está prestes a dominar sua adolescência de forma irreversível. A partir do momento que é revelado seu caso clínico, Aya é obrigada a mudar sua rotina diária. Seja em casa ou na escola, as coisas não são mais as mesmas. Nesta etapa, ela passa a depender muito dos outros, especialmente de seus colegas de classe, que precisam acompanhar seu ritmo mais lento, e de sua mãe, que começa a se dedicar quase 100% a ela, deixando os outros filhos um pouco de lado.

1 litro de lágrimas - Aya Kito 3Considerações Técnicas

A história é tocante do começo ao fim. Como a maioria das pessoas que a conhecem, comecei pelo dorama. De fato, derramei quase um litro de lágrimas do primeiro ao último episódio, que, inclusive, recomendo a todos. Diferente do dorama, o livro é, obviamente, mais autobiográfico. É possível sentir a tristeza de Aya a cada linha escrita. Mesmo com sua personalidade admirável e mantendo a esperança sempre, há momentos em que tudo parece desmoronar ao seu redor e ela fraqueja. O que lhe resta é o próprio diário. Apesar de ser um caderno com folhas em branco onde despeja os avanços de sua doença, ali ela consegue substituir sua voz por palavras e abrir-se verdadeiramente.

A cada parágrafo, Aya exprime uma vontade voraz de viver. Seu desejo pela vida vai além de qualquer diagnóstico médico e, por ela, jamais desistiria. Mesmo quando descobre que a doença pode ser controlada só por algum tempo e que a tendência é progredir ainda mais, mas jamais regredir, continua a querer ser participativa e não deixa de acreditar que existe uma luz no fim do túnel.

Acredito que tudo que é capaz de nos emocionar merece ser lido. Rindo ou chorando, toda emoção merece ser valorizada. “Um Litro de Lágrimas” não nasceu pra fazer ninguém sorrir, mas sinto que sua existência literária ensina a importância de cada momento de felicidade. Os relatos de Aya têm o poder de abrir nossos olhos para o que passa despercebido pela maioria. Sons, pessoas, palavras, atitudes e o significado de tudo isso para cada um. São poucos os que param para refletir. Inicialmente, o diário foi recomendado pela doutora para que Aya praticasse a escrita como um exercício motor. Com o tempo, escrever se tornou um momento de conforto para ela, muito mais do que um aliado da fisioterapia. Não pensem que encontrarão um amontoado de lições de moral. A ideia de Shioka ao publicar o livro é de compartilhar os sentimentos de sua filha com o mundo e ajudar todos aqueles que têm a mesma doença que ela ou qualquer outra de peso semelhante. Mensagem recebida com sucesso.

1 litro de lágrimas - Aya KitoEdição Brasileira – Editora NewPOP

A editora NewPop já tinha os direitos de publicação do mangá de “Um Litro de Lágrimas” e era de se esperar que conseguisse os do livro também. Assim como na primeira adaptação, o resultado não chega a ser nem satisfatório. Pessoalmente, achei bem fraco, da capa a contracapa. Vou explicar os porquês:

- A diagramação do livro poderia ter sido mais caprichada. Há capítulos que começam no fim da página, reservando apenas duas linhas para o início do mesmo;

- Encontrei diversos erros de ortografia e gramática durante a leitura. Isso é muito decepcionante, afinal, sabe-se que a editora conta com mais de dois revisores à disposição, e, portanto, erros assim não são perdoáveis;

- Como não li a versão original em japonês, não posso opinar a respeito da tradução. Porém, acho que faltou um cuidado maior na hora da escolha das palavras e dos sinônimos utilizados.

De pontos positivos, diria que as fotos do início do livro são os detalhes que mais chamaram a minha atenção. Elas mostram o avanço da doença e deixam uma sensação de devastação, que traduz fielmente o quanto alguém pode se transformar em tão pouco tempo.

1 litro de lágrimas - Aya Kito 4Comentários Gerais

Mesmo que a editora tenha feito um adaptação quase péssima, não consigo deixar de recomendar o livro de “Um Litro de Lágrimas”. A história é triste? Sim. Você pode ficar chateado por algum tempo, pensando no quanto a Aya sofreu? Sim. E isso tudo é muito bem-vindo. Em maio de 1988, há mais de 25 anos, ela partiu, mas a mensagem deixada jamais será esquecida pela família e por todos nós, que fomos impactados tão fortemente por suas palavras e confissões.

Gostaria de compartilhar um trecho que achei incompreensível:

“Acho que tanto os pombos como as pessoas que lançaram a bomba atômica são muito irresponsáveis.”

E, claro, um trecho que achei lindíssimo:

“Pode deixar que ainda tenho força suficiente para te carregar nas costas e haja um terremoto ou incêndio, você será a primeira que correrei para salvar…” 

por Jacqueline, do blog “Um Litro de Dorama”


Review – Adaptação, anime e Shingeki no Kyojin

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headerChega ao fim um dos candidatos a melhor anime do ano.

No final de 2011, havia escrito um texto sobre a reação das pessoas contra aquilo que chamamos de “modinha”. Mal sabia naquele texto que enfrentaríamos alguns outros surtos como Sword Art Online, Magi, Kuroko no Basket e nesse ano, Shingeki no Kyojin. A série que conta a batalha do ser humano contra os titãs acabou se tornando o anime mais comentado do ano e quiçá dos últimos como um todo. No dia 28 de setembro de 2013 chegou ao fim os 25 episódios de Shingeki no Kyojin e assim, concluiu-se a primeira temporada da série. Primeira temporada pois uma segunda deve ser questão de “tempo” (muito tempo, no caso) já que comercialmente não há como dizer que o anime não foi um sucesso. Mas afinal, como foi a adaptação de Shingeki no Kyojin?

Shingeki no Review 11A história

Shingeki no Kyojin (Atack on Titan / Ataque dos Titãs) gira em torno de uma humanidade que vem sendo exterminada por gigantes ao decorrer dos anos e vive confinada atrás de “muralhas” capazes de conter seus ataques. Ao menos é o que eles pensam. Divididos em exércitos, alguns seres humanos estão dispostos a mudar história e formar um exército de ataque aos seres assassinos. Descobrir a verdade sobre sua origem e tentar acabar de vez com o perigo que cerca a humanidade. É assim que entra Eren, nosso protagonista, que após ver sua mãe ser devorada por um gigante decide que não deixará nenhum deles vivo e buscará sua vingança completa. Ao lado da garota Mikasa, de seu amigo Armin e de diversos outros jovens garotos que se “aventuram” nesse mundo, Eren descobrirá que o segredo dos titãs é maior do que qualquer coisa que o homem já viu antes.

Considerações Técnicas

Criado por Isayama Hajime no ano de 2009, Shingeki no Kyojin é um mangá de publicação mensal na Bessatsu Shounen Magazine que conta atualmente com 11 volumes encadernados. O título é muito conhecido por ter sido rejeitado na famosa Shounen Jump e se mudado para uma das suas “concorrentes” e se destacado no mercado. Em abril de 2013 a adaptação animada começou pelas mãos do Wit Studio, um dos braços do Production I.G. A direção da série ficou a cargo de Tetsuro Araki (Death Note) e roteiros de Yasuko Kobayashi (Casshern Sins), a adaptação de Shingeki no Kyojin já cheirava a sucesso desde as linhas de produção.

Shingeki no Review 7O fato é que Shingeki no Kyojin sofreu do grande problema da falta de verba. Ao assistir a série é possível notar a grande preocupação com as cenas de ação e a enorme quantidade de quadros estáticos, sendo banhado por cenas em que o narrador comentava algo acompanhado de uma imagem “parada” que durava segundos ao som de efeitos sonoros (cavalgadas que o digam). Todo o investimento no começo parecia focado nas cenas em que os equipamentos do exército era utilizado. E deu certo. O grande atrativo da série era conseguir manter-se empolgante quando necessário e “cortar as despesas” quando possível. Por isso não é difícil dizer que o sucesso do anime se deve principalmente pela boa direção do mesmo. Nos episódios finais, quando se fez necessário e o dinheiro havia “entrado” no projeto, vimos dois episódios conclusivos (24 e 25) realmente bem animados, nos deixando na esperança de uma segunda temporada com uma qualidade maior.

Mas deixando um pouco o quesito de produção de lado, falemos da história em si.

Shingeki no Review 9Há algum tempo havia dito que, de longe, Shingeki no Kyojin tinha em 2013 o seu grande ano de destaque. Mangá, anime, games, cinema. Tudo parecia ao seu favor. E apesar de muitos não concordarem, é fato que a história do anime, seus personagens e desenvolvimento foram armas necessárias para conquistar boa parte do público que fez dos Titãs um sucesso. Não é a toa que hoje você vê pessoas de todas as faixas etárias desfrutando do anime como visto com poucos. Provavelmente porque a série tem esse poder de abranger desde os sonhos de ver um anime de “batalha” por uma criança, pela sede de “sangue” dos adolescentes, ou pela busca de algo com uma boa dose de suspense e tensão pelos adultos.

Shingeki no Review 10Não é de hoje que franquias que envolvam a sobrevivência do ser humano em uma batalha contra uma raça desconhecida faça sucesso. Aliens, deuses, monstros, animais mutantes. O cinema é cheio de coisas do gênero. O mérito de Shingeki no Kyojin foi ter trabalhado esse assunto com um “protagonista” não tão utilizados assim em nossa história, os Titãs. E claro que o auxílio da mídia audiovisual foi indispensável para chegar a esse tipo de resultado – não à toa sendo a responsável pela ascensão dos quadrinhos. A intensidade que o anime de Shingeki no Kyojin consegue transmitir é o diferencial para prender o telespectador em seus episódios. Somados aos grandes cliffhangers que cada capítulo era finalizado, tivemos um anime que simulou os grandes blockbusters dos cinemas na linguagem dos desenhos animados orientais. O que acontece quando a humanidade tem um grande e desconhecido inimigo para enfrentar? E a melhor parte: O que acontece quando você possui, de fato, uma arma para combater esse inimigo? Será que a razão ainda toma conta de sua mente? O que você faria se tivesse que abandonar sua humanidade e se tornar “um monstro”?

Grandes Poderes Grandes Responsabilidades“Grandes poderes exigem grandes responsabilidades.”

Óbvio que os personagens esteriótipos de animes estão presentes aqui também. Eren, o protagonista que quer vencer os inimigos mas que tem seus momentos de chatice. Mikasa, a garota apaixonada pelo amigo de infância e que possui um instinto assassino quando o assunto é protegê-lo. Armin, aquele que ninguém dá a mínima mas que possui uma inteligência acima do comum. Levi, o baddass que todo mundo gosta porque é legal. Ou mesmo Jean, o personagem que só quer sair do meio de tudo aquilo mas que cada vez mais se vê envolvido no caos. Nomes como Marina Inoue, Yuuki Kaji, Hiroshi Kamiya e Daisuke Ono foram essenciais para uma caracterização exata de tudo aquilo que imaginávamos antes de termos a versão animada dos personagens.

Shingeki no Review 4Se prestarmos atenção com cuidado, Shingeki no Kyojin é apenas mais um battle shounen do bem contra o mal. E esse não é problema nenhum, uma vez que o autor parece saber perfeitamente como envolver isso com a temática escolhida, além de explorar os sentimentos humanos como o medo, a tristeza, o amor. O anime colabora ainda mais com essas sensações quando temos uma trilha sonora afiada de Hiroyuki Sawano (Guilty Crown, Gundam UNICORN) que simplesmente explora ao máximo as cenas em que essas explosões de sentimentos ou a tensão da batalha são os destaques. Isso sem falar no character design de Kyojin Asano (PSYCHO-PASS) que melhora em 500% o traço original do mangá e que melhora em muito a experiência da série animada em relação a sua versão em papel.

É fácil dizer também que Shingeki no Kyojin possui uma das melhores adaptações de mangás recentes pelo fato de saber costurar bem todos os capítulos, tendo em mente o ponto exato para encerrar um episódio ou para fazer uma revelação no timing certo. As diferenças das duas versões até aqui são mínimas, mas com escolhas que não interferem em nada na história e que conseguiram atrair os fãs que nunca tiveram o contato com o original e também os que já a conheciam – algo que não é das mais fáceis missões.

Shingeki no Review 13Pra finalizar, como não comentar as aberturas sensacionais do grupo Linked Horizon e a direção dos mesmos? E apesar do grande “boom” causado pela primeira abertura e todas as suas paródias espalhadas pela internet, é a segunda – ‘Jiyuu no Tsubasa’ – que possui uma direção de Masashi Ishihama (responsável por algumas aberturas de Bleach) ainda mais afiada e contextualizada com o anime (e uma pequena dose de spoiler, se pararmos para pensar). Os encerramentos também fazem sua parte e dão um charme a parte para a animação.

Shingeki no Review 12Comentários Gerais

Como dito no começo do texto, Shingeki é um dos candidatos a melhor anime do ano. Provavelmente no quesito popular ele já se enquadre nessa classificação.

Não, Shingeki no Kyojin não é nada espetacular, de outro mundo ou fora de série. Mas é um blockbuster pronto para ser consumido na mídia animada por um abrangente público. Para quem busca um battle shounen diferente, mas que não foge de suas “origens”, provavelmente temos aqui um anime pronto para você. Apesar da primeira temporada terminar inconclusiva e com um gancho pronto para a segunda temporada daqui um ano e meio ou dois (sim, tudo isso), é o tipo de coisa que você não se arrepende por não ter “continuação” (por enquanto, pelo menos). Pelo contrário, só te dá ainda mais vontade de partir para a mídia original e superar o asco pelos garranchos do autor. Se você ainda vai assistir a série, recomendo os posts semanais do Elfen Lied Brasil e as discussões nos comentários do mesmo.

Shingeki no Review 5Se você não for exigente, não notará os problemas técnicos de animação na série e a falta de verba na mesma. Se divertirá e terá realmente uma boa série de 25 episódios em suas mãos. O anime cobre aproximadamente até o capítulo 33 do mangá (volume 8 do mangá). Se você quiser ler a partir desse ponto como ressaltado por alguns, é recomendável que leia o capítulo 32 antes. Também vale a pena começar desde o 1 para avaliar as pequenas modificações do anime em relação ao mangá. Lembrando que o mangá será lançado pela editora Panini em novembro no Brasil sob o título de “Ataque dos Titãs”.

(Quem sabe os Titãs não sejam uma ameaça tão grande assim quando você enfrentar o traço do autor?)

Shingeki no Review 1


Review – Viajando ao passado de Kanto com Pokémon Origins

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ReviewPokemonOriginVoltando a ter 10 anos de idade. 

Era dia 10 de maio de 1999 quando um garoto gordinho ligou sua TV na Record. Iria começar a passar um desenho japonês novo e ele não fazia ideia do que iria acontecer na sua vida. “Pokémon, Eu Escolho Você!” era o nome do primeiro episódio de Pokémon e ele não só mudou a minha vida, como a de milhões de jovens no Brasil. Após isso veio a febre com os jogos nos portáteis Game Boys. Não faço a mínima ideia de quantas vezes eu comecei aquela aventura no Pokémon Red ou em Pokémon Silver, mas eu garanto a vocês que sabia o nome dos 251 Pokémon de cor – mas escrever era outra história.

Muito tempo se passou, o anime de Pokémon já não significa muita coisa pra mim, já tinha virado mais do mesmo só com novos monstrinhos em uma nova região (na minha opinião), mas eu sei que a “garotada” ainda adora. Desse mundo eu só consigo gostar ainda dos jogos e do mangá (que todos vocês deveriam ler e que já comentei aqui antes), mas finalmente em 2013 é anunciado algo que parecia interessante. Pokémon Origins foi anunciado como sendo um especial em 4 episódios baseado e seguindo a história dos primeiros jogos Red e Blue (Green no Japão) e me deixou em um hype inacreditável, como jamais poderia imaginar que teria pela série novamente.

Pokémon Origins (4)A história

(Produção, é sério que eu preciso fazer isso? Ok, ok…)

O mundo é habitado por criaturas chamadas de Pokémon. Para algumas pessoas eles podem ser criados como animais de estimação e outros os usam em batalhas. Acompanhamos Red, um jovem rapaz que junto com o seu grande rival Green vai partir em uma grande aventura por toda a região de Kanto. Os dois são convocados pelo professor Oak (conhecido por aqui como “Carvalho”) para partir em uma missão para completar a Pokédex, uma espécie de enciclopédia onde os dados dos Pokémon capturados serão armazenados automaticamente. Para suas jornadas, ambos também ganham um Pokémon inicial para ajuda-los. A decisão está entre Charmander – um Pokémon tipo fogo,  Squirtle – um tipo água, e finalmente o Bulbasaur (ou Bulbassauro como dizia a nossa dublagem) – um tipo planta.

Pokémon Origins (5)Considerações Técnicas

Pokémon Origins é um festival de fanservice para os fãs dos jogos. Isso fica claro já na abertura que mostra as opções para iniciar um novo jogo e logo depois a clássica fala do professor Oak nos introduzindo aquele mundo maravilhoso. Os quatro episódios são baseados em alguns pontos memoráveis da história do jogo e sempre temos as referências ao mesmo, como por exemplo o visual de um dos treinadores que sempre tentam desafiá-lo para batalhas. Fora a historia ainda temos as músicas do jogo em uma forma orquestrada. Temos por exemplo as músicas de batalha, a música do Green e da equipe Rocket. Então temos a toda hora momentos que o anime ficou cutucando as lembranças daquele garotinho de 10 anos e a nostalgia tomou conta.

A animação lembra muito mais a primeira temporada da série “clássica” que as atuais, mas não esperem nada espetacular como nos filmes. O orçamento provavelmente era algo de um episódio comum e por isso não vemos nada muito diferente. Mesmo assim não dá pra negar um dedinho aqui e acolá dos estúdios Production I.G. e XEBEC. Em um paralelo, no anime hoje em dia cada batalha tem seus brilhos, uma explosão é criada a cada encontro de dois golpes e todo mundo ataca quando quer. Já em Origins temos uma luta sem uma pirotecnia tão grande e sem explosões a todo momento. O design dos personagens segue muito como eram nos jogos, tanto dos treinadores (é só reparar no professor Oak ou no Green) como dos próprios Pokémon. Eu adorei! Tanto que ao invés dos costumeiros “nomes” que os monstrinhos falavam no anime são substituídos pelos grunhidos dos jogos. 

Pokémon Origins (2)Porém, como estamos falando apenas de um especial, é um tanto complicado falar dos personagens. Basicamente só temos o foco no Red e algumas aparições do Green. Comparando com o Ash, Red possui um foco maior em sua missão e a executa com maestria. Green é um rival que aparece apenas para irritar o Red, mas possui algumas cenas bem interessantes.

Mas nem tudo são flores em Origins, mas a culpa não foi do anime e sim do tempo. A história do jogo inteiro é resumida em pouco mais de uma hora e meia. Eles chegam a pular muita coisa e isso pode deixar confuso o espectador que ainda não jogou o jogo (e que obviamente não é o público alvo aqui). Red captura a maioria dos Pokémon fora da tela e poucos são mostrados em flashs rápidos no começo do episódio. Esses flashs são os responsáveis em resumir a história e mostrar como os personagens chegaram ali naquele ponto. Mesmo assim, o maior problema de Origins é a parte das lutas. Elas acabam sendo resolvidas com apenas um golpe e quase nenhuma chega a ser tão marcante quanto algumas do anime original.

Pokémon Origins (6)Ainda sim temos momentos muito bons, onde eles chegam a explicar coisas do jogo que nunca tinham sido mencionadas (como o fato do porque de líderes de ginásio começam fracos e terminam mais fortes ou se realmente Pokémon fantasmas são monstrinhos que morreram – inclusive a música da cidade de Lavender é um dos momentos mais marcantes do especial) e de certa forma completam aquele universo.

Fora que me identifiquei muito com o Red no início. Em uma cena em particular ele tenta capturar o Nidoran de um treinador com quem ele batalhava e eu me lembro de ter feito isso na primeira vez que eu tinha jogado. Outra que eu gosto bastante é o fato da Pokédex realmente só identificar os dados de um monstrinho se ele for capturado e não só apontando o visor para ele como no anime original. Fora as batalhas que são bem mais parecidas com o jogo e até uma foi cruel o bastante para me traumatizar.

Pokémon Origins (1)Comentários Gerais

Esse especial foi a melhor coisa relacionada ao universo de Pokémon que eu já vi em um anime da série, batendo toda a primeira temporada e até mesmo o filme do Mewtwo. Mas acalme-se. O problema é que esse meu pensamento provavelmente está envolto de muita nostalgia e eu não sei se pessoas que não tiveram toda a experiência que eu tive com os jogos iriam acabar gostando tanto ou até mesmo entendendo algumas partes. Durante todo o especial, o anime brinca com o seu sentimento nostálgico, seja com a música, com personagens e até mesmo cenas que para qualquer um não teriam nada de especial. Como roteiro, direção e como uma animação por si só talvez Pokémon Origins seja muito mais falho do que nosso senso de nostalgia possa nos fazer enxergar.

Pokémon Origins (7)Ainda assim recomendo para todos e espero que essa iniciativa não pare somente nessa versão do jogo. Melhor ainda, espero que esse especial faça tanto sucesso em vendas quanto está fazendo em discussões na internet e que mostre para as empresas que há uma demanda grande para um anime de Pokémon sem o Ash como protagonista. Quem sabe esse especial não seja o motivador para uma adaptação animada do mangá Pokémon Special? Um grande sonho que pode ter ficado mais perto de se realizar. Não custa sonhar um pouco.


Review – Jogo do Rei, de Hitori Renda e Nobuaki Kanazawa (Volume 1)

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ousama game headerO mestre mandou… Você obedecerá?

Em 2013 a editora JBC apostou em um gênero até então “adormecido” entre os mangás no Brasil. O chamado “survival” em que um grupo de pessoas luta para literalmente sobreviverem a algo, acabou se tornando um queridinho entre o público. Provavelmente porque mangás desse tipo conseguem atrair pessoas de todas as idades. Jovens buscando um tema mais maduro, jovens em busca de uma história com um pouco mais de “suspense”, adultos querendo conhecer obras pequenas ou mesmo curiosos que gostam de thrillers psicológicos. Vimos isso em mangás como Diário do Futuro, Another, O Senhor dos Espinhos ou mesmo em materiais mais antigos como Battle Royale.

Eis então que surge em nossas bancas o mangá Ousama Game, ganhando no Brasil a tradução para Jogo do Rei, nome chamativo para o público casual e que com certeza atiça a curiosidade da pessoa ao vê-lo na banca de jornal – isso somado aos tons “misteriosos” das capas das edições. Com um tema que lembra muito a antiga brincadeira infantil de “Seu mestre mandou…”, o Jogo do Rei aposta novamente em um grupo de jovens envolvidos em um mistério que precisa ser resolvido para que o mais importante possa ser preservado: suas vidas.

Porém o que o mangá tem de diferente e o que poderia fazer alguém que já leu tantos mangás desse gênero no ano se interessar pela obra? É isso que você descobre, ou não, nos próximos parágrafos dessa resenha. Seu mestre mandou a leitura continuar…

JogoDoRei112A História

Nobuaki Kanazawa é um garoto estudante como qualquer outro. Tem amigos de vários tipos em sua sala, o 1º B, inclusive sua namorada Chiemi Honda. Tudo parece estar normal em sua vida até que uma mensagem em seu celular pode mudar tudo. Um dia todos os alunos da sala recebem um SMS dizendo para que eles façam um “desafio”. No começo tudo parecia uma grande brincadeira e os estudantes acabaram topando pela diversão, mesmo que em alguns casos repugnantes. Porém quando o jogo começa a passar dos limites, decidem parar com aquela situação incomoda e esquecer tudo que aconteceu. Mas um inconveniente não parece deixar que eles tomem essa decisão…

Os jovens começam a ser obrigados a seguir as ordens de alguém que se intitula o “Rei” ou do caso contrário pagarão as consequências com suas próprias vidas. Para isso são colocados em situações constrangedoras com seus amigos sendo obrigados a participarem de atos que expõe seu íntimo ou mesmo sua vida sexual. O medo toma conta dos estudantes que são colocados a prova em um mistério: quem está por trás de tudo isso? Como parar? O Jogo do Rei está prestes a começar e as mais estranhas ordens serão punidas com os mais severos castigos.

JogoDoRei9Considerações Técnicas

Jogo do Rei (Ousama Game / 王様ゲーム) é um mangá de 5 volumes lançado na revista Manga Action da editora Futabasha (a mesma do mangá Old Boy) e que teve seu lançamento no ano de 2010. A série é uma adaptação de uma famosa novel para aparelhos celulares (uma moda muito comum no Japão) que já ganhou inclusive adaptações em live action em seu país de origem. O roteiro segue com o autor original, Kanazawa Nobuaki, e a arte de Renda Hitori – que posteriormente se mudaria para a editora Shueisha onde ilustra uma série na revista Jump Kai.

Falar de Jogo do Rei sem mencionar o traço do mangá como primeiro ponto chega a ser impossível. Provavelmente será a sua primeira identificação com a série. Isso porque o traço de Renda Hitori é 90% idêntico ao de Takeshi Obata (Death Note, Hikaru no Go, Bakuman). Em diversos momentos da história você se pega imaginando na leitura de uma página de Bakuman tamanha a semelhança com o prestigiado autor. Personagens como Miho, Takagi e outros do mangá da Jump parecem ter sido transportados para a obra, isso sem falar no enquadramento das cenas que lembra muito a disposição da outra. A semelhança é tanta que existem diversos boatos pela internet sobre a identidade do mangaká. O primeiro (e mais absurdo) é que ele seria o próprio Takeshi Obata com um pseudônimo, algo que não seria a primeira vez que ele faz na carreira. O segundo é que Hitori é na verdade um ex-assistente de Obata e acabou adquirindo a semelhança do traço de seu mentor, algo muito mais comum e aceitável. Obviamente isso não seria um motivo para largar de mão o mangá, mas você de fato tem um baque forte com a semelhança (principalmente se você compra o mangá pela imagem de destaque e espera traços semelhantes ao da capa).

JogoDoRei4Mas deixando o traço de lado por um momento, vamos para o que interessa: a história. O Jogo do Rei nem de longe apresenta uma grande profundidade psicológica ou suspenses mirabolantes em sua trama. A ideia base chega até a ser simples: explorar os medos e as aventuras da adolescência dos jovens (que no caso tem uma ambientação japonesa mas sem a dose de conservadorismo que conhecemos da sociedade nipônica). Sexo, beijos ou fofocas entre os amigos são utilizados como elementos chave para a evolução do tema no primeiro volume do mangá. O que você faria se tivesse que ter relações sexuais para se salvar? E beijar alguém que não gosta? A partir do momento que os personagens descobrem que o jogo é “real” e que eles precisam obedecer ordens desse tipo a história começa a girar em cima das decisões desses garotos e de suas amizades.

Até aí, tudo bem. O ponto é que o primeiro volume basicamente se resume a isso: medos adolescentes. Quando as mortes começam a acontecer, em especial a da jovem que se suicida sem necessidade, você espera que o mangá mude o foco para uma trama que comece a se desenvolver. Porém isso não acontece. O primeiro volume continua e acaba em clímax com o mesmo ponto em comum: sexo. Em algum momento da leitura você acaba até encarando isso como um “fanservice” para o leitor e localiza um público alvo para tal história. Diferente de outros mangás desse gênero que tivemos por aqui (o próprio O Senhor dos Espinhos, por exemplo), Jogo do Rei apresenta um tema muito mais convidativo para jovens que buscam se divertir em algo “diferente”. Para uma pessoa que procura uma profundidade maior ou algo que se desenvolva com mais afinco, o mangá acaba se tornando bobo e até mesmo repetitivo em seu primeiro volume. Para uma obra de apenas 5 volumes você acaba criando uma certa expectativa de um ritmo maior, de uma evolução natural do autor, o que não ocorre.

JogoDoRei10Apesar de ser publicado em uma revista seinen (para um público mais adulto) ao se deparar com Jogo do Rei e olhando de um ponto de vista mais “maduro” a impressão que temos é de um mangá “passável”. Porém dentro de uma situação do público a obra tem seu valor. Realçar as escolhas e decisões que são feitas nessa fase da juventude e como encarar temas sexuais e de relacionamentos é uma forma de atrair a leitura e prender para a continuidade da história. E é isso que o mangá se propõe nesse primeiro momento: relacionamentos, a idade escolar e um toque de suspense e terror – que aqui vale destacar a boa capacidade do autor em deixar as cenas mais “fortes” com traços muito eficientes e convidativos. A ideia de utilizar um game e um aparelho muito comum e presente na vida dos jovens também é um ponto interessante para a obra, afinal você a situa em um tempo em que os leitores podem se identificar até certo ponto.

JogoDoRei2Comentários Finais

Como dito no começo do texto obras com um gênero que valorize a sobrevivência e que traga a tona emoções e conflitos psicológicos e físicos estão em alta no mundo todo. Não apenas nos mangás, mas no mundo literária com obras como Jogos Vorazes, Divergente e outros. O perigo, a ação, e a forma como o tema é apresentado para o público acaba sendo um fidelizador para as editoras que trabalham com esse tipo de material. No caso de Jogo do Rei temos no entanto uma característica própria. O mangá estabelece um tema que passa longe de ser uma unanimidade e que deixa de abocanhar um público maior para se dedicar a um foco: adolescentes. Se para mim ou para alguns outros leitores a história é fraca e repetitiva (além de certas reações clichês e forçadas em alguns personagens), para alguns o tema em questão pode ser muito interessante e contextualizado. Julgar entre bom ou ruim é subjetivo de quem está lendo o mangá em questão.

JogoDoRei3Jogo do Rei conta com uma adaptação da editora JBC que não compromete a fluidez da leitura, um traço caprichado apesar dos pontos ditos acima, e com uma trama que deve parecer “mais do mesmo” para alguns e que deve apreender muito mais a “molecada”. Sem um roteiro muito elaborado e apelando para um pouco de fanservice visual nas cenas de horror, o mangá pode ser uma pedida interessante se você possui entre 15 e 20 anos. Para os que leram o primeiro volume e buscam uma experiência mais “forte” como Battle Royale, recomendo que busque outros mangás do gênero, que é realmente amplo.

Ficha Técnica

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Título: Jogo do Rei (Ousama Game / 王様ゲーム)
Autores: Nobuaki Kanazawa (História) e Hitori Renda (Arte)
Editora: JBC
Total de Volumes: 5
Valor: R$11,90
ISBN: 978-85-7787-774-4

Pontos Positivos

  • Traço convidativo e bom enquadramento;
  • História simples, ideal para quem busca algo sem muito comprometimento e mais para a diversão;
  • Você acaba ficando curioso para descobrir quem é a pessoa por trás das mensagens de celular.

Pontos Negativos

  • Repetitivo em certo ponto. O tema não evolui como se espera para uma história de poucos volumes;
  • A grande semelhança com o traço de um autor consagrado pode ser um inconveniente para alguns;
  • Personagens clichês e reações forçadas não ajudam o desenvolvimento.

Nota Volume 1: ★★★✩✩


Review – Watashitachi no Shiawase na Jikan, de Yumeka Sumomo

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Watashitachi no Shiawase na JikanUma linda história em apenas um volume.

Sempre dizemos que as obras curtas podem nos surpreender das mais variadas formas. Quando você menos espera, um mangá de um volume pode ser a melhor escolha para um momento de tédio em seu dia ou simplesmente para uma simples distração. Foi assim que conheci essa obra que descreverei nos próximos parágrafos, em um desses momentos em que precisava de uma “escapada” da rotina. Dessa maneira, por mero acaso, conheci Watashitachi no Shiawase na Jikan (ou em sua tradução literal “Our Happy Time”), um mangá que possui apenas um volume, em um total de oito capítulos e que facilmente poderia considerar como uma das historias mais profundas que eu já li.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (7)A história

Juri é uma ex-pianista que sofre de uma depressão profunda. Seu trabalho em um colégio não traz nenhuma satisfação pessoal e já faz algum tempo que ela parou de acreditar na existência de Deus. Sua tia Monica vem visitá-la após a terceira tentativa de suicídio de Juri e faz uma proposta a ela. Monica é uma freira que faz um trabalho voluntário em prisões, visitando prisioneiros que estão condenados a pena de morte e passa os dias de visitas conversando com eles.

A proposta de Monica era que Juri viesse junto em uma dessas visitas, para ajudá-la com um prisioneiro que não deseja suas presença e que já tentou se suicidar várias vezes, como sua sobrinha. Assim que Juri e Yuu – o prisioneiro – vão se conhecendo, um sentimento vai crescendo cada vez mais e um único pensamento acaba passando pela mente dos dois. “Eu quero viver!”

Watashitachi no Shiawase na Jikan (9)Considerações Técnicas

Our Happy Times é uma adaptação da novel “Maundy Thursday”, criada por uma famosa autora sul-coreana chamada Gong Ji-Young, uma das mais renomadas artistas da Coreia e que recebeu diversos prêmios por suas obras. O mangá foi lançado em 2007 lançado na revista seinen Comic Bunch, foi adaptado e desenhado pela Sumomo Yumeka e possui apenas um volume. O nome da desenhista não é desconhecido por aqui. Ela foi a responsável também pela adaptação em mangá de Hoshi no Koe, lançado no Brasil pela editora Panini. Mas voltando para Our Happy Times, a obra possui são apenas 8 capítulos, mas alguns possuem mais páginas que o comum.

Com uma temática adulta que “alterna” entre um seinen ou um josei, a história é bem profunda e muitas vezes chega a ser bem pesada pela forma como a autora adapta a obra e escolhe por demonstrar suas passagens. Nada está ali por acaso ou para enrolação, por mais que um personagem seja evasivo em algum fato de sua vida, a autora se preocupa em uma parte mais a frente o porque dele ser assim. Se tivermos que destacar um ponto principal da obra, com certeza serão seus personagens. Os mesmos são excelentes! Os dois principais somados a tia e o guarda que cuida de Yuu são personagens extremamente bem explorados, com muitas de suas motivações sendo explicadas com o passar do tempo – mesmo que a pouca quantidade de capítulos possa passar a impressão do contrário.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (10)Falando em um ponto de vista pessoal, fiquei muito ligado aos dois protagonistas por motivos pessoais. Já tive uma depressão muito forte após alguns problemas com relacionamentos e vestibulares. Não cheguei ao ponto de ter alguma vontade de me matar, mas entendo como é ver o tempo passar devagar e não ter vontade que o dia comece novamente. Esse provavelmente é um dos pontos que faz a obra conquistar ainda mais os leitores, já que a autora mostra que a depressão pode ser interpretada de diferentes maneiras, por diferentes pessoas – e da mesma forma também possui diferentes formas de serem encaradas e superadas pelas mesmas. Provavelmente em algum momento você pode encarar uma pessoa que passa por um problema e pensar “Isso é frescura!”, mas é exatamente nisso que está se enganando. A mente do ser humano é algo que vai além de explicações lógicas, e a depressão é uma das provas concretas disso. É interessante notar como a autora é capaz de explorar tudo isso em sua obra.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (6)Retornando aos protagonistas, a relação dos dois protagonistas vai ficando tão forte que o leitor acaba esquecendo de alguns detalhes que no final vão acabar te deixando muito chocado e surpreso. Com um grande baque, confesso que acabei chorando com o último capítulo que definitivamente te surpreende. Inclusive, preste muita atenção em um personagem em especial: o guarda que se relaciona com Yuu. Apesar de ser é um personagem que mal aparece, a obra se preocupa em explicar alguns detalhes de suas ações e personalidade que são marcantes.

Apesar de ser encarada como uma arte bem simples (em muitos momentos o cenário ou é todo branco ou é todo preto) o traço de Yumeka se encaixa perfeitamente na proposta do mangá, e mesmo com toda sua simplicidade com certeza você vai se encantar e assim como eu, achar linda. Destaque para as páginas coloridas que possuem um estilo bem diferente de colorização, com toques aquareláveis e que transmitem uma riqueza visual belíssima para o mangá.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (1)Comentários Gerais

Existem momentos da sua vida em que por um mero acaso você acaba esbarrando em algo que acaba marcando sua vida. Foi assim minha experiência com Watashitachi no Shiawase na Jikan, um mangá que acabei conhecendo quando procurava obras mais curtas para ler durante um momento de tédio e que acabei terminando de ler os últimos capítulos em uma madrugada enquanto me segurava para não chorar, em vão. É impressionante como em apenas 8 capítulos conseguimos nos ligar profundamente com os personagens, coisa que muitos mangás longos e com personagens teoricamente “maiores” não conseguiram ou não conseguem fazer. Com destaque para uma cena que sabia que iria vir desde o primeiro capítulo, mas que mesmo assim conseguiu me emocionar.

Concluo de coração que recomendo com todas as minhas forças que vocês leiam esse mangá. Não é algo que você vai levar uma eternidade para terminar, mas é algo que você provavelmente vai levar para o resto da vida – não só como um quadrinho, mas principalmente como uma lição. Apesar de poucos detalhes da obra expressos nessa resenha, posso afirmar que estou querendo evitar ao máximo os spoilers e não atrapalhar a sua experiência com a obra.

Watashitachi no Shiawase na Jikan (3)

Watashitachi no Shiawase na Jikan (2)


Review – Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses (2013)

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Batalha Dos Deuses FilmeOi, eu sou o Luk!

Dragon Ball é um dos meus animes favoritos de todos os tempos. Sempre paro para assistir um episódio na TV não importa quantas vezes tenha passado. E como fã cego eu consigo aguentar até mesmo as piores coisas feitas sobre a ele. Seja Dragon Ball GT ou até mesmo o maravilhoso filme live action Dragon Ball Evolution (esse eu vi no cinema, pasmem). E os filmes em animação de Dragon Ball Z não fogem muito dessa baixa qualidade. Foram 13 filmes feitos ao todo e praticamente conseguiu me agradar, fora que muitos nem conseguiam se encaixar na cronologia direito. Até hoje lembro de um em que um inimigo Namekuseijin é derrotado porque o Gohan começou a assoviar uma música no seu ouvido. Talvez o único vilão realmente não explorado de forma correta nos filmes tenha sido Brolly, mas isso é assunto pra outro post.

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (10)Em 2012 uma notícia trouxe de volta Dragon Ball Z na boca dos fãs de todo o mundo. Chegava o 14° filme da série e esse teria o roteiro escrito pelo autor Akira Toriyama! A internet explodia a cada notícia, todos iam ficando animados com a possibilidade de uma continuação após o filme ser anunciado e a cada trailer lançado no YouTube. E para a surpresa de todos eles resolveram lançar o filme aqui no Brasil também! Inesperadamente até a minha cidade recebeu uma cópia e claro que eu corri para reencontrar meus velhos amigos na telona.

Sim, o review possui spoilers do filme. Leia por sua conta em risco!

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (11)A História

A paz no universo está prestes a acabar após Bills, o Deus da Destruição, acordar de um “cochilo” de apenas 39 anos. Bills teve uma premonição através de um sonho que falava sobre um possível rival que consiga lutar igual para igual com ele e apenas um nome rondava em sua cabeça: Deus Super Saiyajin. Ao lado de seu companheiro Whis, Bills resolve ir em busca de seu possível adversário e entender seu sonho. Os únicos que podem conhecer esse tal Deus Super Saiyajin são os Sayajins sobreviventes do Planeta Vegeta. Claro que estamos falando de Goku e Vegeta, que são os alvos de Bills nessa respectiva ordem. Mas enquanto isso, na Terra, a festa de aniversário da Bulma reuniu todos os guerreiros Z na corporação Cápsula. Vegeta segue treinando isolado em busca de uma forma perfeita e Goku está no planeta do senhor Kaioh fazendo o mesmo. Qual será a impressão de todos com a chegada do Deus?

Considerações Técnicas

Vamos deixar claro antes de qualquer coisa e informar que Dragon Ball GT não é desconsiderado da cronologia após esse filme como muitos diziam – até mesmo aqui no site informamos isso de forma errada em algumas notícias, uma vez que era o divulgado até então. A história de Battle of Gods se passa após a derrota de Buu e antes do torneio onde Goku encontra o jovem Uub.

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (7)Dragon Ball Z – A Batalha dos Deuses – título que recebeu em nosso país – foi lançado nos cinemas nacionais no dia 11 de outubro de 2013, cerca de 7 meses depois de sua estreia no Japão. Tá achando muito tempo? Em países como Espanha e Itália o longa demorou ainda mais pra chegar. O longa metragem possui cerca de 1 hora e 25 minutos de duração e aqui no Brasil, depois de muitos pedidos de fãs, foi dublado pela grande maioria dos dubladores originais – com exceção do Senhor Kaioh, por questões contratuais. Com direção de Masahiro Hosoda (Gash Bell), roteiros de Yuusuke Watanabe (Gantz – Live Action) e história original de Akira Toriyama, o filme faturou em nossos cinemas o suficiente para ter uma certeza de sucesso interminável da franquia de Dragon Ball Z no Brasil.

Mas falando sobre o filme em si, A Batalha dos Deuses apresentava trailers que aparentemente vendiam o filme como um de ação, mas você pode se surpreender nesse ponto. A Batalha dos Deuses é muito mais um filme de humor, quase remetendo aos tempos de Dragon Ball e seu humor clássico. Algumas piadas inclusive são bobas, sem graças e extremamente infantis, mas apesar de tudo carrega a mesma essência de Akira Toriyama durante toda a sua série. Um humor inocente e “feliz”, destacando mais do que nunca a infantilidade eterna de Goku em busca de uma “batalha perfeita” – a visita de Bills mostra bem esse ponto.

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (3)A história do longa em si é fraca. Brincamos que na verdade é um grande material para fãs matarem a saudade. O filme se alonga demais em alguns momentos sendo que no mínimo 20 minutos poderiam ser descartáveis. O filme começa com uma introdução ao “vilão” (que de vilão não tem nada) e depois disso temos a parte da festa da Bulma que basicamente é a responsável pela maior parte dos 85 minutos. Nela o plot se arrasta demais com cenas completamente desnecessárias, apenas para colocar uma piadinha aqui ou ali. Um exemplo disso é a existência do grupo Pilaf na trama. Mesmo sendo uma “homenagem” a um personagem clássico, o trio acabou sendo responsável por diversas cenas durante Battle of Gods, todas com cunho de comédia (ok, as partes com o Trunks foram bem boladas). Fora as trocentas cenas envolvendo Bills e Whis descobrindo a maravilhosa culinária japonesa e o seu desejo por um pudim. Enquanto isso temos um Vegeta que realmente perdeu todo o seu orgulho Sayajin e virou um alivio cômico – e que divide a reação do expectador entre um “Por que, Deus?” e um “Vegeta, você é um herói.”

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (14)O que sobra após tanto tempo perdido na festa da Bulma? Bom, temos as lutas que não realmente empolgantes, sendo que apenas uma é dignamente boa. A luta principal do filme é estranha pelo fato de não ser encarada de forma “séria” por nenhuma das partes. Goku não está preocupado com o resultado final, apenas com seu poder. Já Bills luta por diversão. Se você espera também alguma transformação incrível em “Deus” de Goku, pode parar por aí. Com uma aparência totalmente “sem graça”, tudo que vemos é uma paleta de cor diferente no cabelo e uma aparência mais esbelte. Por mais que eu ache o Super Saiyajin 4 horrível, ao menos tentaram fazer algo diferente e “evoluído”. Também vale um destaque para a luta de Vegeta e Bills. Apesar da explicação de Vegeta “ultrapassar” o poder de um Super Saiyajin 3 ser forçada, a ideia do afeto do príncipe por Bulma ser tão forte realmente é interpretada de uma forma bonita pelo melhor personagem do longa.

Se tivéssemos que apontar um grande defeito da animação, ele seria a falta de um sentimento de perigo e até mesmo seriedade vindo de Bills. Em nenhum momento ele realmente passou uma impressão de grande ameaçada. Tudo que ele queria era sua satisfação própria – que de fato poderia ter ocasionado a destruição de tudo, mas no fim era medido pelo seu bom humor e pela participação de seu ajudante (que é mais importante do que você espera). Bills não é um vilão. É apenas um personagem colocado no filme como ponto de força para enfrentar Goku e os outros guerreiros. Isso quebra um pouco a escrita de Dragon Ball, que desde Taopaipai ou Majin Boo, sempre teve um grande ocasionador de problemas reais. Isso não estraga a experiência do filme, mas são coisas que você pensa após o término do mesmo.

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (5)Quanto a animação temos um ótimo investimento se tratando de um filme para cinema de uma franquia que não busca grandes vôos como um Ghibli. Apesar de alguns frames engraçados e feitos “de última hora”, Batalha dos Deuses poderia ser explicado como “o que os fãs imaginavam que Dragon Ball Kai seria se os produtores tivessem refeito a série”. Tivemos momentos em que a tecnologia 3D foi usada em cenários ou pequenas passagens, mas nada que possa incomodar ou tirar a imersão. A trilha sonora também não é nada demais, e diria que um dos grandes pontos fracos da animação. Poderia ser mais explorada em certas partes. Pra compensar, tivemos o FLOW dando um toque de qualidade com a música tema.

Mas se existe algo que Battle of Gods acendeu, com certeza foi o final. Akira Toriyama dá a entender através de Bills que poderemos ver uma continuação ou uma expansão do universo de Dragon Ball Z, com tramas envolvendo outros universos e inimigos cada vez mais poderosos. Sabemos que o autor nunca foi fã de carteirinha de Dragon Ball GT e essa seria uma possibilidade de se “redimir” com os fãs. Mas não existe nenhum tipo de confirmação ou expectativa sobre isso, apenas boatos sem fundamentos na internet. Além disso, Toriyama já está velho e disse recentemente que não aguentaria um grande trabalho. Esse possivelmente seja o motivo para que Battle of Gods tenha sido a última grande aventura dos guerreiros Z.

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (8)Comentários Gerais

Dragon Ball Z – A Batalha dos Deuses definitivamente não é a última bolacha do pacote como boa parte das pessoas achavam que seria. Com elementos atrativos para os fãs clássicos da série e com uma comédia característica da série, o filme é um bom prato de recordação para os veteranos de batalhas, e um bom prato de apresentação para as crianças que não conhecem perfeitamente a história de Goku – imagino que uma criança de 10 anos pirou com um filme assim. Sendo um filme lançado por aqui no Dia das Crianças, Dragon Ball Z serviu para revitalizar um público que nunca morre no Brasil, de uma das franquias mais queridas e rentáveis em nosso solo.

Além disso, diria Battle of Gods foi uma porta interessante para estimular mais as produtoras a trazer animações japonesas para cá. É uma forma de dizer que, trazendo o “certo” ainda temos uma ponta de esperança.

Dragon Ball Z Batalha dos Deuses (2)Antes de acabar, um último ponto: Não deixe de assistir os créditos. São maravilhosos e nostálgicos para quem acompanhou a historia pelo mangá. E quem conseguiu acompanhar no cinema tenho certeza que se emocionou com o último Kame-Hama-Ha.

OBS: O filme agora está disponível no Netflix Brasil.



Review – Defense Devil, de You In-Wan e Yang Kyung-Il (Volume 1)

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Defense Devil ReviewCulpado ou inocente?

A Panini tem apostado bastante em shonens fora do convencional, com Sankarea e o seu romance-zumbi, Sora no Otoshimono com seu fanservice, comédia e anjos e agora Assassination Classroom (mesmo com o sucesso atual), uma classe com o objetivo de matar o próprio professor. Tudo isso mostrando que o mercado está disposto a aceitar cada vez mais coisas diferentes, assim aumentando o leque de títulos nas bancas.

Defense Devil - 16A editora volta a arriscar com um título pouco conhecido por nós brasileiros, Defense Devil. Com roteiro de Youn In-Wan  e desenhos de Yang Kyung-Il, o mangá foi publicado na revista Weekly Shonen Sunday (InuYasha, Konjiki no Gash Bell!!, The World God Only Knows, O Mito de Arata) da editora Shogakukan de 2009 a 2011, somando 10 volumes. Um erro comum entre os leitores é chamar a obra de manhwa já que os autores são coreanos, porém a partir do momento que é publicado no Japão ela se torna um mangá.

Defense Devil não escapa de seu rótulo “shounen”, porém, mesmo assim o título se destaca por ser bem diferenciado, tanto em narrativa como em roteiro. Mas será, ou não, que realmente vale a pena comprar mais um shounen no meio de vários?

Defense Devil - 11A HISTÓRIA

Mephisto Bart Kucabara é, literalmente, um advogado do diabo. Porém, Mephisto é exilado do mundo dos demônios e para retornar ele precisa coletar algo chamado de “Dark Matter”. Para isso ele cria um plano para recolher todas as almas negras de sujeitos pecadores e que são condenados para irem ao inferno. Mas sua missão não é assim tão fácil. Para salvar pessoas e almas inocentes, Mephisto terá que enfrentar as criaturas chamadas de shinigamis, que entram em seu caminho e tentam acabar com ele a qualquer custo. No decorrer de sua missão, ele ainda contará com uma ajuda inesperada, e uma grande reviravolta em seus rumos. E claro, seu grande parceiro Bchuler.

Kucabara será o advogado dos pecadores e os declararás inocentes. E o pagamento? Dark Matter.

Defense Devil - 02CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

A primeira vista Defense Devil aparenta ser apenas mais um daqueles shounens com uma capa muito atraente, traços bonitos, plot clichê e aquele toque de sobrenatural – algo bem comum em títulos atuais. Característica bem comum em mangás que compõem essa demografia. Mas logo em seu primeiro volume ele se mostrou muito além disso, ou pelo menos um grande potencial.

Com uma trama diferenciada, com um ar “denso”, com um tema bem mais adulto do que a maioria dos mangás shonens. Desde “julgar as pessoas pela aparência” até “suicídio”, dois temas tratados neste volume. Defense Devil trás a tona os elementos de “direito” (no sentido ‘advogado’ da palavra) para um uso um tanto quanto curioso, mas muito bem posicionado dentro do contexto da obra. Isso não significa que ele saia totalmente desse “padrão”, já que muitos elementos como “transformações”, lutas e o clássico “resgate dos poderes perdidos” fazem parte do mangá. Fórmula de sucesso de todo e qualquer shounen.

Em seu primeiro volume vemos capítulos episódicos e explicações, como uma espécie de apresentação para a série. Ao final do volume Defense Devil já mostra que não vai ser bem assim, apresentando seu plot e criando um potencial bem intrigante, explicando a verdadeira dificuldade de Kucabara em conseguir o “Dark Matter” e de julgar os seres humanos.

Defense Devil - 15Apesar de não apresentar uma trama que possamos chamar de complexa, Defense Devil é o tipo de mangá que deve ser lido com um pouco mais de atenção já que são utilizados muitos termos diferentes e técnicos, além das conversas explicativas. Se você é estudante de direito, gosta de coisas que envolvam esse tipo de tema e se interesse no julgamento de criminoso e réu, essa obra pode ser bem interessante de se acompanhar.

Um exemplo disso é uma paráfrase ao famoso ditado popular: “Estar no lugar errado, na hora errada”. As pessoas são acusadas por aquilo que não fizeram pelo simples motivo de coincidências estarem lá para abraçá-las. Depois de tudo isso, quem irá acreditar nessas pessoas? A obra tem aquele “humano” que muitas pessoas gostam. Ou melhor, ela busca resgatar alguns pensamentos humanos que muitas vezes deixamos passar no calor do momento. Porque analisar algo no calor do momento é muito mais fácil do que parar para refletir sobre o mesmo.

Outro elemento presente em Defense Devil é “ecchi básico”. Não é um ecchi aos níveis de Sora no Otoshimono ou Sankarea, por exemplo. Ele existe, mas não é algo que atraia a sua atenção do plot principal ou atrapalhe a leitura, fator que geralmente irrita aqueles que não gostam tanto assim de tal “ferramenta”. Para alívio cômico, a comédia está sempre presente, além de ser um ponto bem legal da obra com boas sacadas com a dupla de protagonistas, quebrando o clima em pontos importantes.

Defense Devil - 13Dupla de protagonistas que por sinal são um carisma puro pra série. Você provavelmente vai ficar querendo saber o passado do Kucabara e quais suas motivações. O autor consegue nos deixar curioso facilmente. Se em alguns momentos o autor parece tornar tudo muito “clichê”, em outros ele sabe utilizar isso a seu favor no desenvolvimento. Como por exemplo o mundo em que se passa a história. É basicamente o mesmo de muitas outras obras, mas é usado perfeitamente, com algumas características próprias e diferenciadas que fazem você ter uma identificação com o posicionamento dos personagens.

Com um traço bonito e segue detalhado, típico de manhwa (como The Breaker), Defense Devil apresenta um visual limpo, com bom enquadramento e conseguindo se fazer entender tudo o que se passa na página, sejam em cenas de ação ou de diálogos mais longos. O ritmo é ótimo e flui super bem, tanto que não percebe o tempo passar enquanto a leitura é feita, parece até que 60 minutos se tornam 20.

Sobre o produto físico temos mesmo padrão da Panini, papel brite 52g com capas internas coloridas. Não temos páginas coloridas no original, então nada disso na edição brasileira também. A tradução ficou a cargo de Jae HW e a edição com Diego M. Rodeguero.

Defense Devil - 14COMENTÁRIOS FINAIS

Defense Devil promete, cumpre e ainda te dá mais do que você espera. De longe, uma surpresa da Panini muito bem recebida. Roteiro bem feito e redondinho, traços limpos, bonitos e bem detalhados, personagens carismáticos, trama envolvente, comédia na medida, futuro incerto que causa curiosidade e um ecchi mínimo, mas que é bem dosado dentro da proposta do mangá.

Para aqueles que sentem uma grande falta de D.Gray-Man graças ao hiatos, é uma ótima pedida e promete dar uma diminuída naquela saudade da obra da tia Hoshino. Ele também lembra muito a premissa de Nougami Neuro em certos momentos (a ideia de demônios julgando seres humanos e aproveitando-se disso). E é claro, como não é uma obra tão longa e já com final é uma boa opção para você que não quer começar mais um daqueles “mangás infinitos”.

FICHA TÉCNICA

Defense Devil 1

Título: Defense Devil (ディフェンスデビル)
Autores: Youn In-Wan (História) e Yang Kyung-Il (Arte)
Editora: Panini
Total de Volumes: 10
Periodicidade:
Bimestral

Valor: R$11,90

Pontos Positivos

  • Personagens carismáticos;
  • Traço detalhado, limpo e bonito. Boa diagramação e fácil interpretação;
  • Roteiro diferenciado e que mantém a curiosidade do leitor.

Pontos Negativos

  • Pode se tornar repetitivo dependendo do rumo do autor nos próximos volumes;
  • Algumas pessoas possuem um certo preconceito com manhwas (acreditem), e ver o nome de autores coreanos pode afastar alguns desavisados;
  • No Japão, o mangá teve um final de certa forma “acelerado”. Isso pode ser um ponto negativo para a conclusão da trama.

Nota Volume 1: ★★★


Review – Magi – O Labirinto da Magia, de Shinobu Ohtaka (Volume 1)

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Magi Review HeaderEssa é a mistura de Brasil com Egito.

O ano de 2014 está sendo um ano realmente bom para os fãs de mangás no Brasil. Nunca tivemos tantos títulos nas bancas quanto hoje e tantas ofertas diferentes para diferentes públicos – alguns com um leque mais extenso que outros, mas ainda assim marcando presença. E claro que isso se deve às editoras apresentando títulos mais desconhecidos e ao mesmo tempo hits de grande sucesso.

Magi é um desses hits. Hoje vivemos uma escassez enorme de títulos em nossas televisões, o que diminui, e muito, a probabilidade de grandes sucessos nacionais. Mas algumas obras conseguem se destacar apenas com a divulgação da internet entre o nicho. E é se baseando nisso que Magi acabou virando um dos mangás mais pedidos do último ano e agora chega ao Brasil pela editora JBC.

Com títulos como Fairy Tail e Blue Exorcist (carros chefes de shounen atuais da editora) encostando-se ao Japão, fica a cargo de Magi a responsabilidade de se tornar um dos principais mangás da mesma.

Magi Review (7)A HISTÓRIA

A história de Magi gira em torno de Aladim, que viaja pelos desertos cheios de bandidos e criaturas maléficas e que possui uma flauta mágica que possui dentro dela um gênio! Ele se chama Ugo e curiosamente “não tem” uma cabeça, mas mesmo assim possui um corpo extremamente forte.  Ugo pede para Aladim e ambos partem em busca de outros recipientes mágicos, como a sua flauta. Mas qual será a utilidade de tais recipientes?

Para encontra-los, o garoto e seu amigo azul terão que enfrentar as chamadas “Dungeons”, e para isso eles conhecerão outras pessoas como Ali Babá, Morgiana e outras pessoas que tentarão lhes ajudar… assim como muitas que também vão querer atrapalhar a sua missão e que possuem os mesmos objetivos em mente. Será que a amizade de Aladim e Ugo será o suficiente para sobreviver aos perigos que o mundo mágico lhes aguardam?

Magi Review (3)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Magi – O Labirinto da Magia (Magi – Labyrinth of Magic / マギ) é um mangá publicado na revista Shounen Sunday desde 2009 com a autoria da mangaká Shinobu Ohtaka, sendo a sua segunda obra serializada na revista (a primeira foi Sumomomo Momomo). O título atualmente se encontra com 22 volumes no Japão, ainda em andamento e com direito a duas adaptações animadas pelo estúdio A1-Pictures, somando 50 episódios (adaptando cerca de 20 volumes do mangá).

Magi começou a despontar no final de 2011 e começo de 2012, quando o mangá que já vendia uma boa soma dentro da proposta da Shogakukan com a Shounen Sunday, começou a despontar ainda mais e começou com os primeiros boatos de seu anime. A partir daí a evolução na escala de sucesso passou a ser maior e com a série em exibição o mangá rapidamente ganhou ainda mais repercussão e se tornou um dos títulos mais vendidos em 2012 e 2013. Hoje é o título mais vendido em publicação na revista, que conta com obras como Detective Conan e Silver Spoon, de Hiromu Arakawa (a autora de Fullmetal Alchemist).

Magi Review (2)“Mas o que faz de Magi uma série tão querida assim? Não é apenas um battle shounen comum?”

Sim. E não. Apesar de ser, de fato, apenas mais um shounen no meio de tantos, a autora Shibobu Ohtaka soube usar algo que com certeza atraiu a atenção de muitos: As 1001 Noites. A autora se aproveitou de diversos personagens consagrados e os adaptou em uma releitura para as páginas do mangá. Um erro comum é que algumas pessoas acreditam que a autora simplesmente utilizou exatamente os mesmos personagens das 1001 Noites e afiliadas (existem alguns contos que não fazem parte da obra original, mas acabaram sendo agregados em edições lançadas com o decorrer do tempo), com todas as suas características, o que não exatamente um erro, mas merece um cuidado aqui.

Mas automaticamente você não consegue não se encantar pelo Aladim criado pela mesma, ou gostar da coragem e da persistência de Ali Babá. E posteriormente de outros personagens que vão aparecendo no decorrer da história. A ambientação e a forma como a autora distribui seus personagens é realmente cativante e prende você através de diversas formas. Desde os belos e regulares traços da mangaká, até a fórmula de comédia que realmente vai te fazer dar boas risadas durante a leitura mesmo durante uma cena de tensão.

Magi Review (1)Outra coisa realmente envolvente é a forma como a autora trabalha questões políticas. Opressão de povos, reis ditadores e a discrepância entre povos ricos e pobres. Muitas críticas sociais são feitas em Magi, algumas adaptadas para a sociedade atual e outras envolvendo o período em que a história se passa (como a relação entre os escravos e seus patrões).

Não há como não apreciar a leitura do primeiro volume de Magi. Se você nunca viu nada relacionado com a série vai dar muitas risadas com as piadas envolvendo o pequeno Aladim e sua fixação por… mulheres (fato que é explicado posteriormente de uma forma melhor). E comida. E mesmo esse “mulheres” da história não é um fanservice jogado. Aliás, nenhum tipo de piadinha desse tipo tem uma conotação ofensiva na história e as brincadeiras do tipo acabam sendo muito bem encaixadas no mangá.

Como todo mangá longo, Magi também possui posteriormente os seus pontos fracos e até alguns desenvolvimentos bem indesejados no decorrer da história. Porém não há como negar que o primeiro volume realmente consegue te vender o produto e a proposta entregue por Shinobu Ohtaka. Magi não é um mangá genial (sem trocadilhos), mas sabe executar bem os clichês do gênero que tem em mãos.

Magi Review (8)COMENTÁRIOS FINAIS

Magi merece toda a fama e o reconhecimento atual que ganhou no cenário internacional, e acho a presença do mangá por aqui algo muito positivo e um grande acerto por parte da JBC. É sempre bom ver que outros bons mangás conseguem seu destaque mesmo não sendo parte da Shounen Jump da vida (por sinal, a autora conta que foi rejeitada na Jump em uma de suas tentativas de se tornar mangaká). Magi tem uma leitura gostosa, divertida, cheia de aventuras e magias (sem trocadilhos também) estampadas em suas páginas. É como se você visse um grande e belo conto sendo transpassado em uma linguagem visual de mangás.

A versão da JBC merece elogios. O mangá segue o mesmo modelo do original (sem capa espelhada), impressão na capa interna e o papel de gramatura melhor que a editora já vem usando em outros títulos desde o ano passado. Vale lembrar que Magi não possui páginas coloridas no original, então não adianta sair pedindo isso pra ninguém. As adaptações também ficaram muito boas, e mesmo as piadinhas e termos ganharam escolhas muito cabíveis e que não atrapalham em nada a sua leitura (ver o Alibaba falando “Nheco Nheco” é hilário).

Magi Review (4)Magi merece uma oportunidade para os amantes de shounen e para aqueles que não gostam de se prender a demografias para uma boa leitura. Abra a sua mente e aproveite a leitura encabeçada por Aladim e companhia.

FICHA TÉCNICA

Magi 01 Capa v2.indd

Título: Magi – O Labirinto da Magia (マギ)
Autora: Shinobu Ohtaka
Editora: JBC
Total de Volumes: 22 (Em Andamento)
Periodicidade:
 Mensal

Valor: R$12,90

Pontos Positivos

  • A autora realmente consegue criar personagens carismáticos que ajudam o leitor a se envolver na história; 
  • O roteiro envolvendo as 1001 noites e afins é um chamativo em especial para o mangá, o transformando em algo diferenciado;
  • A comédia presente na série é de longe um dos maiores pontos fortes do mangá.

Pontos Negativos

  • Como todo battle shounen, corre o risco da autora se perder nos clichês com o passar do tempo;
  • O mangá já passa dos 20 volumes e não tem sinais de que vá acabar. Mangás longos demais ainda conseguem desestimular muitos leitores;

Nota Volume 1: ★★★★★


Review – Gantz, de Hiroya Oku

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Gantz Header“Professora, o Kurono tá de…”

“Seinen com cara de shounen” ou “Shounen com cara de seinen”. Você verá muitas pessoas falando isso de Gantz. Isso porque Gantz foi para muitos um dos primeiros contatos com essa demografia por aqui, tanto pelo anime, como pelo mangá. O fato é que conquistou muitos jovens pela sua linguagem mais “direta”, ou pelas suas ilustrações ou até mesmo pelo apelo pornográfico ou de ação que a série apresenta desde o primeiro volume.

Porém, o tempo passa e a opinião de muitos sobre certas obras acaba se modificando. Por que? Por diversos motivos. Seja pelo cansaço em acompanhar um mangá, seja pela queda de rendimento do autor, seja pelas lacunas deixadas na história. As razões são várias.

Nesse review, veremos porquê Gantz ainda é um dos queridinhos de muitos leitores, e mesmo com seus erros, ainda é uma leitura recomendada. Ou não?

Gantz - 3A HISTÓRIA

Tudo começa com a morte de Kei Kurono, um estudante comum, mas que por uma má sorte do destino se vê “obrigado” a ajudar seu amigo de infância, Masaru Kato, a salvar um bêbado que caiu nos trilhos do metrô. Até conseguem salvar o bêbado, mas não à tempo de poderem sair dos trilhos, assim sendo atropelados e indo parar em um quarto com uma grande bola preta. Logo é revelado pela bola (!!!) que eles devem caçar um ser denominado “alienígena”. Sem respostas, porém cheios de perguntas eles se veem obrigados a seguir aquelas ordens.

Eles não sabiam o quão grande e impiedoso era “este mundo”. Apenas ser obrigado a caçar “alienígenas” durante a sua “segunda vida”? Não.

Gantz - 6CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Lançado no Japão de 2000 até 2013 na revista semanal Young Jump (Elfen Lied, Zetman, Tokyo Ghoul) e publicado no Brasil pela Editora Panini de 2007 a 2014, somando 37 volumes, Gantz é o mangá de maior sucesso de Hiroya Oku, mangaká um tanto quanto egocêntrico que diz preferir fazer seus mangás sem ler opiniões alheias. Além do mangá, Gantz foi animado pelo Estúdio Gonzo em 2004 rendendo 26 episódios (mas deixo avisado que o final é filler), além de dois filmes live-action em 2011 com um final alternativo. Tanto anime, pelo Animax, quanto os filmes, pelos canais HBO/Cinemax, foram exibidos no Brasil.

A primeira vez que tive contato com Gantz foi durante os meus incríveis 12 anos. Sim, 12 anos. Agora me respondam: conseguem imaginar o quanto eu achava o mangá fascinante com essa idade? Acho que sim. O que tenho a dizer é que depois da releitura que fiz anos depois consigo enxergar pontos negativos e positivos que não via naquela idade por motivos óbvios, mas o entretenimento que tive com a obra foi tão grande quanto.

Gantz - 14Quando pequeno, temos aquela máxima “uau, tem sangue”, o melhor elogio possível para alguém dessa idade (Cavaleiros do Zodíaco tá aí pra provar o mesmo). Agora pense que Gantz tem alguns momentos mais “picantes” e “pesados”, um prato cheio para alguém que não possuía autocrítica. Agora vejo a trama de uma maneira mais límpida, sem aquele pensamento infantil de antes. Consigo ver algumas analogias, entender nas entre linhas e localizar erros. Dessa maneira tornando cada leitura diferente, mas ainda assim extremamente empolgante, devorando todos os volumes.

Gantz é um mangá que não deve-se esperar muito do roteiro, pois esse não é o objetivo dele. Desde o começo percebe-se a ação frenética, sem muito foco nos “porquês” já que tudo isso não importa por enquanto. O objetivo é sobreviver, mas a “realidade” é cruel demais. Claro que temos muitos esclarecimentos e até ótimas explicações para perguntas que poderiam ser consideradas impossíveis, mas ainda assim, o foco de Gantz sempre foi a ação em geral e o sentimento humano.

Gantz - 1Um dos motivos por eu me apegar tanto a obra é o tratamento genial que Hiroya Oku dá ao “ser humano”. Chorar por uma morte, sentir-se vivo, descobrir a importância de uma pessoa apenas depois de perdê-la, a grande barreira que o amor cria no seu raciocínio, até onde chegamos para alcançar a “felicidade”, a enorme ignorância do ser humano, a tristeza da guerra, os diferentes sensos de justiça. São tantos pontos abordados na obra que não consigo descrever tudo isso em menos de dez linhas.

Além da ação, o ser humano é o principal foco da obra.

O homem é um ser mesquinho, isso todos nós sabemos, mas Gantz vai até a raiz do ser para te mostrar todas as facetas que ele possui. Só que a obra não fica restrita apenas a “alienígenas”, adicionando “vampiros” (não exatamente como vocês estão imaginando) e até mesmo poderes paranormais. Mas fiquem tranquilos, já que o autor consegue fazer com que você aceite isso.

Gantz - 23Matar um outro ser não é a mesma coisa que matar um igual? Onde está a linha do correto e do errado? O que é ser racional? Pode parecer estranho para vocês, mas gosto do Katou pelo simples fato de ele ser o tipo de pessoa que pensamos não existir nos dias de hoje. Salvar os outros não é uma opção, é um dever. “Não faço isso por mim, faço isso por acreditar ser o certo”, esse é o pensamento da personagem do começo ao fim.

Só que o ápice de Gantz se resume a um personagem: Kei Kurono. O contraste entre Kurono e Katou é absurdo, fazendo até que você escolha um “lado”. Todas as facetas do ser humano podem ser localizadas em um só personagem. Juro que vocês não tem noção de como gosto tanto desse personagem. Kurono começa sendo uma pessoa e termina sendo outra totalmente oposta. “O amor muda as pessoas” é uma verdade universal.

No percorrer da leitura você consegue ter os mais diversos sentimentos pelo personagem, de ódio a identificação, de pena e até um “morra”.

Gantz - 5Mesmo com 37 volumes, Gantz não é um mangá com vários personagens cativantes, mas possui aqueles que se destacam, como Nishi, o Izumi e até mesmo Reika. Durante os últimos volumes da série o autor joga na sua cara o que o ser humano é e como ele trata aqueles que são chamados de “animais” ou até mesmo “seres inferiores”, demonstrando cada vez mais esse lado do homem.

Agora falando um pouco da arte, os desenhos da série levam como um grande “pé na roda” a computação gráfica. Grande parte dos cenários são feitos no computador, dando uma sensação as vezes de estranhamento, mas logo você acaba se acostumando e gostando cada vez mais. Já o traço de Oku melhora bastante conforme os volumes passam, primeiro o desenho é bem simples, sem muitos detalhes (tirando os cenários), depois ele fica bem detalhado e realista, mas você só vai perceber isso quando a história estiver encaminhando para o final. A evolução é muito grande, os últimos volumes têm uma arte realmente muito bonita.

Gantz - 19Um dos problemas do autor é a pornografia desnecessária, principalmente no começo da obra. Geralmente ele utiliza ela muito bem, mas as vezes exagera, ou a coloca em um lugar onde não é necessária.

Outro ponto importante é a diferença de se acompanhar a série e a de ler os volumes. Assim como Bleach (sem comparações com a história), ler de um em um capítulo faz você pensar “nossa, não aconteceu nada”, mas quando se lê um volume é bem recompensador. Para aqueles que acompanharam a série durante um bom tempo até o seu final, aconselho uma releitura, assim como fiz. Podem ter certeza que vão aproveitar muito, só não posso afirmar se vai ser como dá primeira vez que leram.

Gantz - 21A edição brasileira possui tradução e adaptação excelente, assim como a parte “editorial” inteira. Já o material gráfico é o padrão de sempre da Panini, mas com um diferencial: páginas coloridas. Temos apenas uma página colorida nos volumes 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, 19, 21 e 22. E o lindo e sensacional “pôster” (que não é bem um pôster) no volume 28. A partir do volume 25 alguns têm contra capa colorida, que passou a ser padrão na Panini nos últimos anos.

O lançamento do título por aqui se deu ao mesmo tempo que Naruto e Bleach, pegando uma carona no “sucesso” dos mangás. Porém, alcançamos os japoneses várias vezes, então tivemos vários períodos longos de tempo sem nenhum volume novo no Brasil. Isso somado a dificuldade de achar os primeiros volumes (hoje em dia quase todos os volumes são complicados de se achar em um bom preço) fez com que a obra perdesse, aparentemente, um pouco da procura.

Quanto ao material gráfico, percebam também a diferença dos papeis ao passar dos anos, já que no primeiro volume você tinha um grande medo das páginas se soltarem. A capa tinha um papel com gramatura muito maior e o papel do miolo era um pisa brite mais fino. Com o tempo foi melhorando até chegar nos últimos volumes, que é o mesmo padrão da Panini atualmente.

Gantz - 4COMENTÁRIOS FINAIS

Mesmo que você ainda não tenha tido nenhum contato com Gantz já deve ter ouvido falar do tão polêmico final. Grande parte dos leitores dizem que é péssimo, mas, diferente deles eu tenho uma outra opinião. Gantz sempre foi um mangá de muitas perguntas e poucas respostas, do começo ao fim. Várias não foram respondidas e nem por isso a obra perdeu o seu brilho. Mesmo com o final cheio de perguntas em aberto a obra consegue fechar muito bem, mas é claro que como um leitor, gostaria muito de ter tido essas respostas.

Gantz é aquela obra que cria um vínculo com você, e por menor que ele seja vai ter alguma coisa que vai sempre ficar contigo, pelo menos eu sinto isso. O “sentimento humano” demonstrado ali com certeza vai ser levado por mim para as mais diversas áreas, até para a maneira de viver. Pode parecer algo estranho, mas é assim que me sinto em relação a obra e espero que vocês consigam “ver” algo dessa dimensão.

Gantz - 27Os alienígenas já podem estar no meio de nós.


FICHA TÉCNICA

Gantz Volume 1 Panini

Título: Gantz (ガンツ)
Autor: Hiroya Oku
Editora: Panini
Total de Volumes: 37 (Completo)
Valor: R$11,90

Pontos Positivos

  • Adrenalina e ação na leitura do começo ao fim;
  • Personagem principal tem um desenvolvimento absurdo. Provavelmente uma das maiores mudanças de protagonistas;
  • Não se apegue a ninguém. O autor não tem medo de matar personagens.

Pontos Negativos

  • Falta de respostas, deixando o mangá terminar com diversas lacunas em branco;
  • Pornografia em momentos desnecessários, como simples fanservice e sem contexto na história necessariamente;
  • Oku cria personagens demais e as vezes não sabe muito bem o que fazer com eles. Personagens muitas vezes bons, mas que acabam não possuindo tanto carisma para o leitor.

Nota Geral: ★★★★★


Review – Heroine Shikkaku, de Koda Momoko

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Heroine Shikkaku ReviewUma protagonista que é tudo, menos protagonista.

Post Convidado, por Miyuki


“Uma falha de heroína”. Esse mangá com certeza não poderia ter um significado melhor pra um título. Mas o que torna Heroine Shikkaku tão diferente do normal? O que te faria ter vontade de acompanhar esse título? Mais um shoujo? Pois nessa resenha você entenderá os motivos que fazem um mangá em uma revista com tantas outras obras famosas conseguir atrair a atenção do leitor, e por qual motivo você também deveria conhecê-lo.

Com vocês, Hatori. A protagonista menos protagonista da história.

Heroine Shikkaku 0A HISTÓRIA

As pessoas fazem planos. Garotas fazem planos. Muitas pensam no dia que elas vão se casar, encontrar o seu príncipe encantado e se tornarem felizes para sempre. Ou quase isso. É assim que pensa Hatori, uma jovem que acredita desde muito cedo que sua felicidade está ao lado de seu amigo de infância chamado Terasaka Rita. Ela deseja mais do que tudo que possa ser feliz ao seu lado e construir um casamento feliz. Mas a vida não funciona como a gente planeja e Hatori sentirá isso da pior forma possível. Ela definitivamente não é a protagonista de sua própria história.

Além de Rita, a garota ainda conhecerá o persuasivo Hiromitsu, que será o responsável pela divisão de seu coração. E pra completar, a tímida e simpática Adachi, que em qualquer outra história, seria com certeza uma melhor protagonista do que a nossa atrapalhada Hatori. Essa deliciosa comédia romântica vai mostrar que nem toda jovem personagem principal é tão sortuda como a gente acredita. E que escolhas erradas podem definir o seu futuro ou não. Será que Hatori conseguirá se transformar em uma heroína no final das contas?

Heroine Shikkaku 1CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Heroine Shikkaku é um mangá de Koda Momoko publicado em 2010 na revista Betsuma, a mesma de Kimi ni Todoke e Aoharaido. O título foi finalizado em 2014 e contou com um total de 10 volumes encadernados, além de capítulos extras e crossover com outro shoujo: Hirunaka no Ryuusei. Infelizmente o título nunca engrenou como um dos grandes da revista e seus números de vendas não foram dos mais excepcionais, o que acabou não lhe rendendo nenhum anime ou live action (algo muito comum em shoujos de sucesso). Mesmo assim, podemos dizer que ele é o tipo de título “subestimado” pelo público.

Em um mundo com um vasto mercado de shoujos, com diferentes traços, enredos, autores, entre outros, você deve estar se perguntando porque gostei tanto de Heroine Shikkaku. A resposta é simples: A protagonista. Ela não é perfeita, quer dizer, provavelmente é a última coisa que ela é, mas não deixa de apresentar uma personalidade forte. Ela é tão persistente que em certos pontos parece ser masoquista, fazendo com que o drama seja percebido. Porém a questão é que ela não desiste, mesmo depois de ser rejeitada ou fazer diversas escolhas erradas, ela é admirável e é possível se identificar com ela. “Eu já fiz isso” ou “eu entendo como você se sente” foram os meus pensamentos mais frequentes ao ler o mangá.

Heroine Shikkaku 5Apesar de apresentar um certo drama, o ponto forte de Heroine Shikkaku é voltado para a comédia romântica, até porque, mesmo em momentos mais sérios, a autora não aprofunda tanto o lado dramático, usando a protagonista como uma grande fonte de humor, a desenhando com expressões engraçadas que tornam o alívio cômico da série.

Ao falar sobre o mangá, não se pode deixar de mencionar os personagens e suas personalidades diferenciadas. Afinal, é isso que o torna tão envolvente e divertido.

Hatori é uma protagonista um tanto incomum, justamente por não seguir um “padrão” convencional de heroína. A personagem em boa parte da história chega a ser imatura, idiota e presunçosa, mas que faz com os leitores se identifiquem e a apoiem mesmo com todos seus defeitos, o que acaba contribuindo para o humor. Ela não muda sua personalidade com o passar do tempo – o que é um diferencial já que em muitos shoujos as protagonistas vão mudando aos poucos, evoluindo – do começo ao fim sua essência permanece.

Heroine Shikkaku 4Os “protagonistas masculinos” são dois. Terasaka é ó típico amigo de infância, não fala com muitas pessoas e tem relacionamentos de curto prazo. Ele é o principal interesse amoroso da protagonista no começo da história, mas que acaba a desprezando. Mesmo assim ele é um personagem constante e é muito importante na trama. Já Hiromitsu é um personagem extrovertido, popular e que está sempre com uma garota diferente. Quando Terasaka rejeita Hatori, Hiromitsu vai se aproximando da mesma e, mesmo não sendo do tipo romântico que pertence a uma pessoa só, acaba se apaixonando por ela.

Também temos a presença de alguns secundários importantes. Adachi é exatamente o oposto de Hatori, ela caracteriza a heroína dos mangás shoujo. Boazinha, modesta, que se preocupa com os outros e é a excluída da sala que os colegas não gostam, mas que é “salva” pelo mocinho, no caso, Terasaka. Uma personagem clichê que ao invés de ter o apoio de quem lê, acaba obtendo o efeito contrário. Já Nakajima seria como a consciência de Hatori. O tipo de amiga que, se existisse de verdade, diria “te avisei que não iria dar certo” caso algo fracassasse. Apesar de ter uma personalidade consideravelmente fria, é sensata e consegue cativar bastante, chega a ser o ponto de equilíbrio dos personagens, alguém mais “pé no chão”. Não é a toa que a mesma é a melhor amiga da protagonista.

Heroine Shikkaku 6Algo que pode ser notado é que os papéis da Hatori e da Adachi parecem trocados. Para entender melhor, podemos exemplificar da seguinte maneira: Adachi é uma espécie de Sawako, de Kimi Ni Todoke, e a história toda parece estar sendo contada a partir da visão de sua rival, Kurumi, que nesse caso seria representada através de Hatori.

Falando um pouquinho da arte, particularmente, o traço da autora não é um dos mais bonitos, porém há momentos em que a mesma consegue se superar ao desenhar algo mais cômico, cooperando com a comédia apresentada. Logo ele não segue um modelo padrão o que causa uma certa estranheza ao ser comparado com outros do mesmo gênero. Nada que tire os méritos da série até então, mas que você não vai conseguir deixar de reparar se já for um leitor assíduo do gênero.

Heroine Shikkaku 2COMENTÁRIOS FINAIS

Se você gosta de plot twist do começo ao fim, então com certeza esse mangá seria a escolha certa. Sem contar que ele sai daquele tipo convencional, do qual não se sabe com quem a protagonista vai finalizar até ler os últimos capítulos da história. E mesmo os personagens, eles são tão cativantes que poderiam ser comparados com pessoas comuns.

Talvez o mangá tenha chegado ao seu ápice ao mostrar o triângulo amoroso envolvendo Hatori, Terasaka e Hiromitsu. Embora Hiromitsu tenha a apoiado em muitos momentos, não pude deixar de torcer para o amigo de infância, mesmo esse fazendo tantas besteiras e a magoando tanto.

Heroine Shikkaku 3Heroine Shikkaku é um shoujo atípico. Hatori, por se tratar de uma personagem boba que é obcecada em se tornar uma heroína, acaba tentando “copiar” a personalidade de sua rival. Porém falha, já que os atos da outra não condizem com os seus. Aliás, o foco principal é esse, tentar fazer com que a desastrada protagonista se torne uma heroína. Entretanto, esse tópico acaba se perdendo um pouco com o desenrolar do enredo e acredito que esse seja um dos pontos negativos do mangá, já que ao se “perder” a história entra em mais um dos clichês dos shoujos, mas volta com força na reta final, lembrando o motivo da trama.

Heroine Shikkaku 7


Review – Strobe Edge, de Sakisaka Io

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Strobe Edge MangaO mangá dos amores unilaterais.

Depois de algum tempo sem maratonar mangás ou ler shoujos, resolvi aparecer com mais um review. Esse vai especialmente para um amigo que acabou perguntando minha opinião sobre Strobe Edge. Ele estava em dúvida se deveria ler já que o mangá é da mesma autora de Aoharaido (aquele mangá que vai sair pela Panini e leitores fãs de shoujo deveriam comprar) e, por gostar do mesmo, acabou se perguntando se seria tão bom quanto, ou inferior. Então, talvez existam algumas comparações entre ambos nessa resenha. Bom, sem mais delongas, vamos conhecer um pouco mais sobre Strobe Edge.

Strobe Edge (7)A HISTÓRIA

Mesmo não tendo experiência no quesito romance, a vibrante Ninako acaba curiosamente explorando o significado real do “amor”, e fica surpresa ao sentir tantas emoções coloridas ao ficar mais próxima de seu colega conquistador de corações, o quieto e ao mesmo tempo gentil, Ren, que parece estar envolvido em um relacionamento de longa duração. Com a intenção de manter a cabeça erguida, Ninako se prepara para enfrentar a dor desse amor unilateral que ela permitiu enraizar, lutando com uma série de desafios que podem contribuir para o seu amadurecimento, ou fazendo com que ela acabe como as outras garotas que também foram rejeitadas. Entretanto, esse é mesmo um amor unilateral? Ou há algo crescendo silenciosamente em uma parte escondida no coração de Ren?

Strobe Edge (5)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Strobe Edge (ストロボエッジ) é o primeiro mangá de longa duração de autoria de Sakisaka Io, a mesma de Aoharaido. O título foi publicado em 2007 nas páginas da revista shoujo Betsuma e concluiu-se com 10 volumes encadernados no total. Na época, Strobe Edge conseguiu números razoáveis de venda, o que garantiu para a autora o seu retorno para a revista shoujo mais popular do Japão – e que lhe rendeu o posto de mangá shoujo mais vendido de 2014 com Aoharaido. Curiosamente, com o sucesso de seu sucessor, Strobe Edge passou a ser uma série mais conhecida dentro do fandom, lhe rendendo diversas publicações pelo mundo, inclusive pela VIZ nos Estados Unidos. De quebra, um filme live action também lhe foi “brindado”.

Começando por falar um pouco sobre os personagens principais, Ninako é a típica protagonista boazinha que tem amigas que a apoiam e gostam dela; tem uma personalidade bem calma e age de forma racional (mesmo que em certo momento quase quis matar ela). Ren é o protagonista masculino principal, reservado e certinho, que chama a atenção das meninas por ser bonito, mas que é fiel a sua namorada. Andou, mesmo aparecendo um pouco depois, acaba sendo o segundo macho desse triângulo amoroso (?), e o oposto de Ren; aquele cara bonito que sempre está com uma garota diferente. Além disso, ainda há os amigos de Ninako e Ren, que ganham destaque quando o assunto é “relacionamentos amorosos”. 

Strobe Edge (3)Um dos pontos que mais me cativou no mangá foi o fato dos personagens, mesmo secundários, amadurecerem diante de situações onde tudo estava dando errado. Tanto é que a “bitch” da história nem pode ser denominada assim, na verdade. Ela foi uma das que mais me surpreendeu, apesar de não aparecer tanto. Acredito que é a primeira vez que vejo a rival da protagonista agindo de forma tão sensata e ganhando espaço no conceito de quem lê. Todos tinham algo a aprender e passar isso para outros personagens, e no fim, para a própria protagonista.

Acreditei que Strobe Edge em si me deixaria com raiva, que iria querer bater em cada personagem; na protagonista, na bitch, no macho secundário, no macho principal mas… Não. O mangá em si é bem calmo, e na reta final acabei interpretando a história como um desafio entre a personagem principal e si mesma.

Strobe Edge (9)Apesar de ter gostado bastante de Ninako, sua personalidade deixou um pouco a desejar. Comparando Strobe Edge com Aoharaido, uma é mais “dócil” e “inofensiva”, a outra já tem uma personalidade mais forte, mais marcante. Acredito que em um shoujo a protagonista deve ser destacar da melhor forma possível, e se deve conseguir isso através da personalidade dela, das atitudes. Houve momentos em que só queria falar para a Ninako: “Você precisa fazer tal coisa! Para de ficar pensando besteira!”.

Sendo sincera, não sou fã dos capítulos extras – algo que Strobe Edge está recheado. Por ser ansiosa, às vezes acabo pulando eles dependendo do mangá. Mas nesse caso, a maioria fala do passado dos personagens (uma das razões para não odiar a “bitch” é por causa do primeiro extra). Eles são importantes para quem deseja entender mais a fundo sobre as relações dos personagens e ter uma nova visão da história.

Strobe Edge (2)COMENTÁRIOS FINAIS

Ao ler Strobe Edge você perceberá como a autora enriqueceu seu repertório no intervalo de suas obras. Muitos até julgam que Strobe Edge é uma espécie de “protótipo” para Aoharaido, mesmo com uma história totalmente diferente. Mas desde a forma como os personagens se desenvolvem e o traço, tudo é aperfeiçoado posteriormente.

Para finalizar, Strobe Edge tem suas partes mais cômicas, mas seu foco é mesmo voltado para o romance e os desafios do amor. Se você espera por aquele shoujo em que o casal enfrenta os problemas juntos, pode esquecer. Esse é um mangá onde a protagonista percorre “sozinha” seu caminho até conseguir o que quer, até amadurecer.

Strobe Edge (4)


Review – Kotonoha no Niwa (2013)

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Kotonoha no Niwa ReviewLindo, tanto em arte, quanto em história.

Tenho muitas marcas negras na minha carreira de amante da cultura japonesa e, se tratando de filmes, a coisa só piora. Não gosto de boa parte dos filmes da Ghibli, não acho Akira tudo isso que a mídia diz, e, até pouco tempo atrás, não conseguia gostar de nada que o Makoto Shinkai fazia. É, podem tacar pedra, mas respeito, e muito, todas essas obras e, mesmo não gostando, entendo porque elas são tão importantes e cultuadas dentro do universo otaku – e de cinema em um geral.

Porém essa última afirmação mudou esse ano quando fiz um podcast com alguns colegas meus. Eu precisava escolher um filme para falar no programa e fui procurar por experiências novas. De surpresa, acabei encontrando o The Garden of Words ou Kotonoha no Niwa de 2013 e, bem, não consegui reunir palavras para me expressar sobre o que assisti. Até agora.

Kotonoha (6)A HISTÓRIA

Takao Akizuki é um colegial de 15 anos que está cada dia mais entediado com o seu cotidiano de precisar ir ao colégio e assistir aulas cada vez mais chatas. Seu grande sonho é ser um sapateiro, mas sua família (constituída de uma mãe melodramática e um irmão já adulto) não parece acreditar que ele vai conseguir alguma coisa com isso.  Em dias de chuva, o garoto sempre pega um desvio do seu caminho para a escola e acaba matando aula para ficar desenhando sapatos em um belo jardim no parque de Shinjuku. Lá ele encontra  Yukino Yukari, uma mulher que também mata seu trabalho para ficar naquele mesmo lugar, bebendo cerveja e comendo chocolate.

Em meio a época de chuvas no Japão, onde é quase certeza que todo dia a chuva vai cair sem trégua na cidade, os dois acabam se encontrando e aos poucos vão ficando cada vez mais próximos. Takao estava fascinado tanto pela mulher, quanto pela vida adulta que ela representava, já Yukino via nele as lembranças de uma juventude perdida e os seus erros do seu presente.

Kotonoha (5)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

The Garden of Words é um filme de apenas 46 minutos lançado em 2013, produzido pela CoMix Wave Films e dirigido por Makoto Shinkai. Se vocês, leitores, procurarem imagens ou até mesmo videos sobre ele, vão encontrar, talvez, um dos maiores e mais impactantes momentos da obra. A animação é a mais espetacular que já vi, seja japonesa, americana, 3D ou em 2D. Nos 10 primeiros minutos eu tirei screenshots desesperadamente e cada uma poderia tranquilamente virar um wallpaper (tanto que guardei grande parte delas). O cenário do jardim apresentado na animação é maravilhoso (e ele existe na vida real!), a chuva é algo que não consigo descrever e, não poderia ser diferente, afinal de contas, ela é essencial para a narrativa. O design de personagens também me agradou muito, a Yukino parece muito com a sua dubladora (Hanazawa Kana) e eles realmente aparentam ser pessoas (Que saudades de mulheres que realmente parecem mulheres!). Podemos ver um toque diferente do diretor em vários momentos. Minha cena preferida é uma em que o rapaz está tirando as medidas do pé dela para fazer um sapato. Essa parte poderia muito bem ser onde os dois finalmente se beijam, mas não, ele usa várias tomadas lindas, com uma música de fundo, tornando aquilo, de certa forma, tocante.

Kotonoha (4)A história é uma espécie de romance, mas não é do tipo normal que vemos em animes colegiais ou em comédias shounen. Em vários momentos a relação entre os dois personagens é muito sútil e que poderia ter sido levada para um lado mais pegajoso, estragando totalmente a cena. Takao é um garoto que quer ser um adulto o mais rápido possível, ele acabou precisando se tornar maduro por causa de algumas circunstâncias de sua família, mas é engraçado ver como ele se torna infantil ao ficar perto da Yukino.

Kotonoha (9)É engraçado também perceber como a chuva parece ser um personagem ali na trama, quase onipresente em boa parte do filme e que, em um certo momento, me peguei torcendo para que ela voltasse a aparecer logo. Já a Yukino é alguém que por um motivo está parada no tempo, não consegue nem ao menos cozinhar direito, só usa de mentiras para falar com os outros e acaba utilizando o garoto para se motivar a caminhar em frente. Ela é o grande motivo de me identificar tanto com esse filme.

Eu tive um grande problema na minha vida alguns anos atrás, por conta de vários problemas pessoais (mulher, estudos e trabalho) acabei tendo uma depressão e também parei no tempo, não tendo motivação para seguir em frente. Todos os acontecimentos que são mostrados em relação a essa personagem aconteceram de maneira quase exata comigo e isso mexeu com as minhas emoções, tanto que, acabei chorando como um bebê no final do filme.

Kotonoha (13)COMENTÁRIOS GERAIS

Eu me envolvi com esse filme de uma maneira que nunca me envolvi com qualquer outro tipo de animação, tanto por causa de sua arte maravilhosa, quanto sua história, que bateu de maneira até mesmo assustadora com a minha. Para uma narrativa de 40 minutos é claro que muita coisa acaba não sendo totalmente desenvolvida,  mas é muito interessante ver como o romance e os personagens são tratados, muitas vezes com uma sutileza linda e tocante.

Então aproveitem o seu próximo final de semana para pegar ele para assistir. Recomendo ver em HD mesmo para aproveitar tudo o que Makoto Shinkai quis passar pela arte e som. E, confesso que essa obra me deixou animado para pegar novamente os filmes anteriores e ver o quanto minha percepção mudou em relação a época que em que assisti e a de hoje. Quem sabe eu tire essa mancha negra do meu currículo? Para quem se interessou por Makoto Shinkai, vale lembrar que temos um texto super completo sobre ele na coluna Otakismo.

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Review – Homunculus, de Hideo Yamamoto

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Homunculus Review PaniniO homem se resume a apenas rótulos e materiais?

Apenas um homem que vive entre dois “mundos” ou muito mais que isso? Sabe aquela leitura que deixamos passar por não conhecer nada sobre? Essa é a história de Homunculus no Brasil, que veio com uma das primeiras “levas” de seinen da editora.

Homunculus é um mangá não tão conhecido, mas que dificilmente não agradou um leitor que buscasse um seinen de qualidade. Seu ótimo começo fisgou grande parte dos leitores desse nicho que tiveram oportunidade de lê-lo. Muitos deixaram a obra passar por falta de informação, já que, na época de seu lançamento, o título não teve uma divulgação sólida. E como sabemos, dificilmente alguém compra algo sem ao menos ter uma noção do que está adquirindo. E isso deve ter custado caro pra Panini…

Homunculus (3)A HISTÓRIA

Partindo do princípio de que um estranho, de má reputação, peça-lhe para fazer um buraco no crânio de 700 mil ienes, você aceitaria? Quase certeza que não, mas não são todos na frente de tal pedido que podem se dar ao luxo de recusar, como por exemplo Susumu Nakoshi. Vivendo dentro de um carro, Nakoshi não pode dizer não a uma proposta tão tentadora como essa, agora que sua existência parece ter parado em um beco sem saída: ele está localizado no exato meio termo entre a vida normal das pessoas chamadas de “respeitáveis” e da vida dos sem-teto. Ele então decide aceitar a proposta do estranho Manabu Ito, ou seja, a “perfuração”, ou a “trepanação”: um pequeno buraco de três milímetros no crânio que causa dezenas de efeitos mentais diferentes, e no final se mostra ser uma experiência que decide ir longe demais para obter o sexto sentido humano… Nakoshi terá que passar seus próximos dias como uma cobaia de Manabu, e tentar superar todas as estranhas sensações que sua mente passa a ter.

Mas qual o porquê de tudo isto? O que Nakoshi fez para chegar naquele estado? O que Manabu tem em mente? Muitas dúvidas, poucas respostas e milhares de analogias. Será mesmo que “Homunculus” é só isso?

Homunculus (7)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Lançado no Japão de 2003 até 2011 na revista Big Comic Spirits (mesma casa de 20th Century Boys, OyasumiPunpun e I Am a Hero) e publicado no Brasil pela Editora Panini de 2008 a 2014, somando 15 volumes. Homunculus tem como autor Hideo Yamamoto, conhecido pelo seu excêntrico mangá Ichi the Killer, bem famoso graças ao “gore” de seu live-action. Em nosso país o título acabou tendo uma “novela”, sendo ameaçada pelo cancelamento graças a baixa quantidade de vendas e demorando quase dois anos e meio para o lançamento de seu último volume.

Muitas partes podem ser interpretadas de maneiras diferentes. Eu posso achar uma coisa e você outra totalmente oposta. Esse é um dos motivos que faz ser uma obra tão interessante, diferente e imprevisível. Homunculus não é um mangá de ação, e que isso fique claro. Ao menos não ação no sentido de porradaria. É uma trama psicológica que brinca com o seu entendimento jogando explicações em um volume e desconstruindo-as em outro, como se te desse um tapa na cara e perguntasse “como você conseguiu acreditar nisso?”.

Homunculus (10)O objetivo da obra é criticar o povo japonês. Sim, toda a série parece direcionada para esse povo e a sua forma de viver. Que eles são cheios de “perfeccionismo”, todos nós sabemos. Porém, tal forma de agir acaba fazendo com que de crianças a adultos existam comportamentos variados, coisas que se diferenciam de muitos países e culturas. Alguns desses comportamentos, extremamente nocivos. Uma coisa que demonstra essa crítica é que dificilmente conseguiremos nos identificar com as personagens, já que algumas são bem estilizados e outros bem “japoneses”. Mesmo assim, tudo que é apresentado na obra tem relação com o ser humano em geral: as mentiras que cria, a aparência perfeita que busca, a hipocrisia que tem e as mais diversas áreas onde o é imperfeito. Tanto no seu interior como no exterior.

Outro ponto de Yamamoto é como ele busca desenvolver os personagens. Esse trabalho é feito de uma maneira primorosa através, principalmente, de todo o perfil psicológico traçado sobre Nakoshi. Um instrumento de roteiro muito bem utilizado, mas que acaba fazendo com que os outros personagens sejam quase que “apagados”, induzindo quem acompanha a série a manter sua atenção apenas nele. É uma sensação diferente de qualquer outra leitura.

Homunculus (4)A história possui poucos personagens, sempre focando em Nakoshi e Manabu e seus traumas e é aí onde Homunculus brilha. Em cada volume se conhece um pouco mais sobre a vida e os sentimentos de Nakoshi, fazendo com que o leitor tenha ainda mais curiosidade e o motive a ler do começo ao fim. Um dos pontos mais intrigantes é o fato do autor fazer o leitor se perguntar o significado de vários acontecimentos, as vezes explicando, e, outras, deixando para que ele mesmo descubra de forma subjetiva (na maioria das vezes é assim). Um fator importante é o desenho de Hideo Yamamoto, bem estilizado, mas ainda assim, “realista” (em comparação com Ichi the Killer, seu traço muda muito). Cabe perfeitamente no tipo de narrativa que ele produz, principalmente com as suas jogadas de quadro e páginas duplas.

Quanto ao polêmico final, me pegou de surpresa. Até hoje não sei o que achar sobre os acontecimentos e desenvolvimentos finais. Confuso, absurdo, comovente e intrigante, reli mais de 4 vezes as últimas páginas. Não gostei e nem desgostei do final, mas ficou um gostinho de “quero mais”.

Homunculus (1)COMENTÁRIOS GERAIS

Homunculus é o tipo de mangá que se deve prestar 100% de atenção na leitura, ou até mesmo que releia algumas partes e, se possível, ler tudo de novo. Cheia de analogias, conversas densas e coisas que exigem o máximo da sua atenção. Você se sente recompensado após entender tudo. A obra tem um lado “psicológico” bem sombrio, utilizado pelos próprios personagens para desenvolvimento de roteiro e, é claro, pelo próprio autor em sua narrativa, mas tudo beirando o “doentio” em certas ocasiões. Pra você que adora a área da psicanálise, ou até mesmo trabalha e tem interesse em cursá-la, só posso dizer que é um título extremamente obrigatório.

Porém, ele acaba dividindo opiniões. Não apenas em um “bom ou ruim”, mas sim durante o entendimento de certos acontecimentos, algumas analogias e até mesmo o básico “gostei” e “não gostei” daquela cena. Esse é o forte da obra: a divergência de “olhares”, a diferença de “entendimentos” fazendo com que uma conversa dure um bom tempo. O mangá consegue fazer com que se tenha vontade de reler para se aprofundar cada vez mais. Suas referências, seus diálogos, suas páginas, tudo se completa de uma maneira única, que cada um tenha uma visão de certa parte da leitura. Você não vai encontrar nada parecido com Homunculus no nosso mercado.

Homunculus (2)Quer algo diferente? Quer algo psicologicamente pesado? Quer algo humano? Pois então esse é o título para você.


FICHA TÉCNICA

homunculus15

Título: Homunculus (ホムンクルス)
Autor: Hideo Yamamoto
Editora: Panini
Total de Volumes: 15 (Completo)
Valor: R$9,90 – R$18,90

Pontos Positivos

  • Psicanálise muito bem aproveitada dentro da história;
  • Narrativa consistente que te puxa para dentro da leitura, cheia de analogias e simbolismos;
  • Autor não tem medo de mostrar coisas que você não quer ver, para o bem da história.

Pontos Negativos

  • Personagens não são tão carismáticos;
  • Final extremamente confuso;
  • Não é uma obra de fácil digestão. Não é o tipo de mangá que a maior parte das pessoas vai se interessar no primeiro volume.

Nota Geral: ★★★★



Review – Film Girl, de Ogawa Chise

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Film Girl HeaderUma protagonista sem presença. Um otaku. Como isso dará certo?

Por ser final de ano e estar ocupada com algumas coisinhas, seja do ChuNan ou da vida pessoal, optei por um shoujo curtinho para essa próxima resenha. Ele não é muito conhecido, mas recomendo para quem quer algo rápido e mais… Relaxante.

Comecei a ler ele um ou dois anos atrás, mas na época a scan que acompanhava não havia postado o último capítulo e, através de alguns spoilers sobre o final, acabei deixando o mangá de lado – essa redatora aqui tem mania de começar dez mangás novos e terminar só um. Mas lembro de ter passado a madrugada lendo, havia gostado do desenvolvimento, então retomei a leitura.

Film Girl (4)A HISTÓRIA

Nakamura Mei é uma garota muito simples do ensino médio. Um dia, enquanto está em uma cafeteria com amigos, Mei acaba se chocando com a mesa de um famoso modelo. Seu nome é Shirou, e ele percebe algo de diferente que lhe chama a atenção na jovem. Mei pede desculpas e ele acaba agarrando-a e levando para fora. Ele diz para Mei que se lembrava que, quando criança, ela era uma modelo e que havia se tornado seu ídolo-otaku – sendo por causa dela que ele havia decidido se tornar um modelo. O que será do relacionamento dessa dupla após o estranho encontro?

CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Film Girl é um mangá de 2 volumes publicados em 2009 na revista LaLa da editora Hakusensha. Apesar de ser mais conhecida sobre o nome de Ogawa Chise (com o qual ela se destacou fazendo yaois), a autora na verdade se chama Takagi Shigeyoshi.

Film Girl (3)Então vamos começar nossas considerações pela história. Shirou se tornou modelo por ser um grande fã de Mei quando era mais novo, já Mei, voltou a modelar por causa de Shirou. Clichê? Nem tanto. Apesar de ser um shoujo, o romance entre ambos não é o foco, e sim suas carreiras profissionais; como eles poderiam crescer juntos nesse mundo voltado para as lentes e os flashs. É fácil perceber o apoio que existe entre o casal e como um acaba sendo a consciência do outro quando a situação tem tudo para dar errado.

O traço da autora é muito bonito, e o que mais se destacou foi a maneira como ela desenhou as expressões faciais dos personagens, ainda mais quando se tratava de algum ensaio fotográfico. Ela soube fazer com que a “sem presença Mei”, pudesse virar uma garota que chamasse a atenção de todos.

Film Girl (2)Os personagens principais me agradaram muito. Mei, apesar de não se destacar tanto, acabou me conquistando com aquele jeitinho fofo e determinado quando se trata de voltar a modelar. Shirou, além de ter toda aquela personalidade maravilhosa de protagonista masculino de shoujo, é o ponto mais cômico do mangá, já que ele é um otaku – “otaku” no sentido real da palavra; alguém que é muito fã de algo ou de alguma pessoa – que precisa esconder sua real personalidade, por causa de seu trabalho. O modo como a autora fez a personalidade deles me cativou, o jeito como eram em frente as câmeras e como agiam quando estavam a sós.

Mas claro, como nem tudo pode ser perfeito, Film Girl tem seus baixos também. Provavelmente não vai ser o preferido dos fãs que adoram as overdoses de açucar, já que o romance acabou sendo “deixado” de lado. Da primeira vez que li o mangá vi muitos comentários a respeito do final, comentários negativos, e posso dizer que muitos terão opiniões semelhantes. Mas, sendo sincera, entendo o que a autora quis fazer, não posso dizer que odiei e mesmo com esse desfecho, foi um ótimo mangá.

Film Girl (5)COMENTÁRIOS GERAIS

Film Girl é um mangá simples. Não há desafios que possam, realmente, ser chamados de “grandes”, também não há bitches ou aqueles outros machos que disputam o coração da protagonista com o macho principal. Porém, isso não o impede de ser uma boa dica de leitura.

Resumindo, a autora abordou o tema de uma forma bem interessante, mudou a visão de que a profissão de modelo é algo “superficial” e trocou por algo mais puro, mais delicado. Recomendo por ser uma leitura bem agradável e relaxante, para quem quer passar o tempo ou até mesmo procura por algo mais curto, procura por uma leitura sem compromisso, mas que no final rende bons momentos.

Film Girl (1)


Review – Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário (2014)

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lenda do santuárioNão dá pra ficar pior? Olha que dá.

Cavaleiros do Zodíaco é uma das grandes séries que muitos brasileiros da minha geração guardam com carinho até hoje, e também um dos grandes responsáveis pela popularização de animes e mangás no nosso país. Tirando o fator nostalgia, todos sabemos a quantidade absurda de defeitos, seja em roteiro ou em arte, e toda as limitações que o seu criador, Masami Kurumada, possui.  Chega a ser engraçado perceber que as coisas realmente boas vindo da mitologia dos cavaleiros não são escritas por ele e sim por pessoas realmente competentes, como é o caso de Cavaleiros do Zodíaco Episódio G e Lost Canvas.

Aproveitando a empolgação com a bilheteria do filme de Dragon Ball Z em 2013, foi anunciado que o novo filme de Cavaleiros iria também passar nos cinemas brasileiros e os trailers até pareciam interessantes, muito mais por ser uma animação em 3D.  Por causa de problemas com tempo, seja por causa do trabalho ou da faculdade, acabei não podendo ir ao cinema assistir e só fui ver esses dias em casa com o lançamento no Netflix. Mas então, esse filme presta? É mais uma história de qualidade diferente do roteiro original?

Lenda do Santuário (3)A HISTÓRIA

Em uma remota era mitológica, existiam os defensores de Atena. Quando as forças do mal ameaçavam o mundo, estes guerreiros da esperança sempre apareciam. Atualmente, após um longo período de guerra, Saori Kido, preocupada devido aos misteriosos poderes que possuía, foi inesperadamente atacada e salva por quatro cavaleiros de bronze. Desde então, Saori, que começou a entender e descobrir seu destino como a reencarnação de Atena, junto com Seiya e seus companheiros, decidiram se dirigir ao Santuário. Porém ali, eles precisarão atravessar as 12 casas e enfrentar cada um dos 12 cavaleiros de Ouro e se confrontar com o terrível Mestre do Santuário.

Lenda do Santuário (6)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário foi lançado nos cinemas nacionais no dia 11 de Setembro de 2014, menos de 3 meses depois de sua estreia no Japão, e contou com a maioria dos dubladores originais que nós aprendemos a amar. Com a direção de Keiichi Satou (Tiger & Bunny) e roteiro de Tomohiro Suzuki e história original de Masami Kurumada, o filme não se saiu tão bem em bilheteria, estreou mal no Japão e aqui no Brasil não fez tanto sucesso quanto se esperava, tanto que sua bilheteria foi apenas o 5° em sua estreia no Japão e no Brasil ele não conseguiu tirar o filme do Hércules da liderança. É claro que todos já sabem que no Japão a franquia não é tão importante quanto foi para o público de alguns países no exterior, mas mesmo assim o que teve tão de errado no filme?

Primeiro gostaria de comentar a única coisa boa desse filme antes das reclamações. Toda a parte do visual desse filme é impressionante e de saltar os olhos em alguns momentos. Um trabalho realmente incrível da Toei com esse visual 3D. As cenas de ação estão realmente incríveis com o uso de um slow motion muito interessante, mostrando a “velocidade da luz” que alguns cavaleiros de ouro atingiam. Eles também reimaginaram o visual da maioria dos cavaleiros, alguns estão piores, como o pobre Miro, que por algum motivo virou uma mulher nesse universo, e alguns ficaram realmente melhores em relação a aqueles rabiscos do Kurumada, como por exemplo todos os cavaleiros de bronze que estão diferentes do original. Achei que ficaram excelentes. As armaduras em sua maioria estão mais detalhadas e modificadas, uma adição que gostei bastante foi o fato do capacete se fechar durante as batalhas, assim o rosto finalmente não ficaria desprotegido contra os ataques.

Lenda do Santuário (2)Só que todo esse visual não vale de nada se o roteiro estiver bem ruim e…  Nossa, eles se esforçaram dessa vez, porque não é possível que não tenha sido de propósito. Todo mundo que é fã ou que conhece um pouco sobre cavaleiros sabia que condensar todo o inicio até a saga das 12 casas seria uma tarefa quase impossível de se fazer, afinal de contas eram 73 episódios de 20 minutos para serem colocados em 90 minutos de filme.  As adaptações e cortes foram de péssima escolha; cenas, lutas, desenvolvimento de personagens e explicações importantes para o mínimo de conhecimento de alguém que nunca tinha assistido um episódio do anime original. Você pode até argumentar comigo que era um filme para fãs e não para um novo público, mas retruco dizendo que provavelmente nenhum fã da obra pode ter conseguido gostar do que fizeram. As OSTs clássicas não estão presentes e mal consigo me lembrar se mesmo a Pegasus Fantasy foi usada – tudo por problemas com direitos autorais.

O filme é um espécie de remake, então temos uma série de reimaginações na trama e nos personagens, que em sua maioria foram bem modificados em personalidade. Começando com os cavaleiros de bronze, temos um Seiya que consegue ser mais irritante que o original, cheio de energia e piadinhas bobas, um Shiryu que virou muito mais um alivio cômico que um personagem de verdade, o Shun que perdeu toda aquela personalidade sobre odiar lutas e sempre tentar evitá-las, um Hyoga que passa totalmente em branco e um Ikki que tem, mais ou menos, um minuto de tela, que dá um esporro absurdo no irmão e apanha como criança na única luta válida em que ele participa. Os cavaleiros de ouro mal são desenvolvidos e os que são, estão todos estragados, como maior exemplo o Máscara da Morte, que de um vilão demoníaco que colecionava as cabeças dos seus inimigos passou a ser uma das coisas mais vergonhosas que eu já assisti, cantando, dançando, dando gritinhos e fazendo explosões a cada frase de efeito. O Afrodite de Peixes é um coitado, que aparece durante 10 segundos e morre da maneira mais patética de todos os tempos.

Lenda do Santuário (15)Já na parte dos diálogos (que já não era essas coisas no original) temos algumas conversas totalmente sem sentido, redundantes e as vezes até mesmo mal escritas. Já no começo podemos ouvir uma das famosas repetições de frases de Saint Seiya.
- Você é um cavaleiro???
– Sim sou o cavaleiro de pégaso, meu nome é Seiya!
– Ele é um cavaleiro???”

Ou uma conversa ótima entre o Hyoga e o Shun.
- Shun, o Ikki não entrou entrou em contato com você?
- Ah ainda não, mas eu sinto que ele está aqui.
- Então tá bom.

…e a cena acaba assim!  Todas as conversas pareciam ser apressadas, as resoluções acontecem por acontecer (temos que ir pro santuário porque sim) e algumas coisas não são nem ao menos explicadas como o sétimo sentido. O Aldebaran mostra o básico, mas depois disso nem ao menos parece que eles conseguiram atingi-lo.

Lenda do Santuário (17)As lutas foram refeitas, e algumas de extrema importância para alguns personagens nem ao menos acontecem, como Shaka vs Ikki, Aioria vs Seiya, Shiryu vs Shura e Shun vs Afrodite. E outras foram modificadas a ponto de perderem toda a emoção que tinha por trás, como a do Hyoga vs Kamus, em que no anime era uma das mais emocionantes, mas no filme parece jogada e quase sem nenhum background.  A batalha final é um show de horrores, chegando ao ponto de termos um Saga chefão de Final Fantasy, com uma transformação em monstro gigante, contra um Seiya usando a armadura de sagitário que o deixou parecido com um centauro, sendo que ela não tinha essa aparência quando o Aioros usava. Qualquer fã de cavaleiros se revoltaria com a luta entre o Shiryu e Máscara da Morte, inclusive a cada gritinho que o cavaleiro de ouro dava.

O roteiro é péssimo. Comparando em história com Lost Canvas, onde podemos ver todo o respeito do autor a obra original, nesse filme parece que o roteirista olhou o mangá, deu um lida por cima, só tirando a ideia base que eram garotos mais fracos vencendo supostas pessoas mais fortes. Temos um flashback no início mostrando que o Seiya e a Saori já se conheciam e que nunca mais é citado ou mencionado. A relação entre alguns personagens é só citada por citar, como o Shiryu dizendo que foi treinado por um cavaleiro de ouro… e nada mais é desenvolvido nem ao menos com o Hyoga. A ida da Saori para o santuário é estranha, a flecha dourada some e toda a questão deles correrem contra o tempo não parece mais tão relevante.  O filme acaba mais ou menos fechado e provavelmente não deve haver uma continuação. Ou assim espero.

Lenda do Santuário (19)COMENTÁRIOS FINAIS

Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário erra em todos os aspectos possíveis em questões de roteiro, com personagens descaracterizados e sem personalidade, lutas fracas e que duram pouco tempo, diálogos péssimos, adaptações questionáveis e resoluções para problemas rasas. Não dá para entender direito o que o diretor queria ao fazer esse filme, porque ele só ofende os fãs da obra original e deixa confuso quem não era. Imagino essas pessoas saindo do cinema e pensando se era realmente dessa porcaria que tantas pessoas falavam sobre. É um desperdício ver esse roteiro com uma animação tão linda e impressionante. Eu imagino esse pessoal que trabalhou no filme fazendo toda a parte visual dos 3 filmes de Berserk Golden Age, aí sim eu conseguiria ter vontade de voltar a assisti-lo.

Lenda do Santuário (20)Ainda assim é um tanto animador ver que ainda está saindo filmes de animes aqui no Brasil, apesar de terem sido apenas dos mais populares, gostaria de poder ter visto os filmes de Evangelion (menos o terceiro) em um poltrona e comendo uma bela pipoca. É esperar para ver se mais iniciativas assim acontecerão e se terão resultado.


Review – Tonari no Kaibutsu-kun, de Robico

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kaibutsu-kuPrimeiro mangá escolhido pelos leitores! Yay!

Essa resenha era para ter saído no último domingo, mas por causa de alguns imprevistos – a pessoa aqui ainda não tinha terminado de ler e acabou maratonando oito mangás seguidos no mesmo dia, bloqueio mental para escrever e chefe doente – acabou saindo hoje. Pelo menos saiu!

Não sei como o anime começa e nem como ele termina. Não sei se seus episódios foram fiéis aos capítulos do mangá, mas é fácil dizer que muitos conheceram a obra através da animação. Por isso é bom ressaltar que está resenha tem base em sua obra original.

tonari5A HISTÓRIA

A história gira em torno de Misutani Shizuku, uma garota no maior estilo “coração gelado” que só quer saber de se dar bem nas notas e não dá a mínima importância para os outros. Porém, a vida de Shizuku muda ao se envolver com Yoshida Haru, um garoto conhecido pela sua personalidade extremamente recatada e cheia de segredos. A coisa fica engraçada quando, repentinamente, Haru se confessa para Shizuku e… o que será daqui por diante desse casal totalmente diferente do convencional?

tonari7CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Tonari no Kaibutsu-kun é um mangá de Robico lançado em 2008 na revista Dessert, da Kodansha. A série chegou ao seu auge em 2012, com o lançamento de um anime que levantou a popularidade do mangá em ótimos níveis, fazendo com que ele se tornasse um sucesso de vendas e passasse a se tornar um dos queridinhos da turma dos shoujos. O mangá chegou ao fim com 12 volumes encadernados e mais um volume extra (com pequenos curtas dos personagens secundários). Nos Estados Unidos a série chegou com o nome de “My Little Monster”. No Brasil, foi um dos três mangás mais pedidos para a editora Panini na campanha Mais Shoujos No Brasil, ficando atrás apenas de Aoharaido e Lovely Complex.

As pessoas costumam falar que Tonari é um shoujo atípico. Concordo com isso, porém, em partes. Ao contrário de várias histórias que lemos e conhecemos, o mangá em si não é clichê; tanto a trama quanto seus personagens conseguem ser originais em algum ponto e a protagonista é um exemplo bem claro disso. Quem acompanha a demografia sabe que é mais fácil se deparar com uma personagem mais sensível e dramática, do que uma que é independente e procura tomar decisões sozinha. Ainda há alguns fatores que poderiam ser considerados banais como os triângulos amorosos ou as famosas bitches de shoujo, mas mesmo nisso ele consegue ser diferente; Tonari pega situações comuns e as torna inusitadas.

tonari1O traço da autora tem uma característica muito interessante. Sua arte se assemelha aos de mangá shounen (um traço mais “duro”), mas quando a cena requer mais atenção, como por estar em algum momento crítico ou cena de impacto, ela opta por desenhar seus personagens de maneira mais delicada e suave, fazendo com que o leitor, além de admirar, possa prestar mais atenção nos detalhes. Acredito que isso seja um dos pontos altos do mangá.

Agora mais um destaque que vale citar: A comédia apresentada é muito boa! No começo de cada capítulo há uma história bem curtinha que não tem conexão com a principal e no fim há tirinhas de quatro painéis (4-komas) que, com certeza, renderam risadas para quem leu. Há um capítulo em que a Shizuku e as outras meninas vão para a casa da mesma para fazer chocolates de Dia dos Namorados, lá elas conhecem o irmão mais novo de Shizuku, Takaya. As meninas tiveram a ideia de fazer o chocolate no formato de algo que os namorados delas gostassem, e acabaram perguntando para Takaya do que os homens gostavam. Ele simplesmente respondeu: “Peitos.”

tonari3Falar da comédia também é falar de quem faz a comédia. Tonari nos apresenta um grupo de personalidades diferentes que contribuem para ar mais cômico existente, fazendo com que mesmo os personagens secundários se destaquem. Shizuku, nossa heroína, é bem fácil de entender; ela é extremamente sincera e bem transparente, procura dizer o que pensa, mesmo quando não é algo bom. Sua grande característica é o fato de sempre estar estudando, ainda mais quando vê que Haru tirou uma nota maior do que a dela. Falando nele, pode-se dizer que Haru é quase o oposto de Shizuku; não estuda, age por impulso, fica estressado a toa e suas ações se assemelham muito a de uma criança. Além do casal principal, ainda temos Natsume e Sasayan; apesar de Natsume não ser a protagonista, desde o começo ela me conquistou tanto quanto a Shizuku. Algumas de suas ações lembram muito as de Haru, mas ela sempre precisa de ajuda para estudar – ela é meio burra, mas o que importa é o coração – , e não tem muitos amigos na vida real, por isso frequentemente está atualizando seu blog e fazendo amizades virtuais. Sasayan é um garoto bem simples e acredito que é o único do grupo que possuí senso comum; além de ter muitos amigos e ser amado por todos, ainda é bom nos esportes e um aluno com notas medianas – o que você foi fazer em meio aos loucos, hein Sasayan?

tonari11Ainda focando nos personagens, temos Ooshima e Yamaguchi, uma que gosta de Haru e outro que gosta de Shizuku, respectivamente. Em relação a triângulos amorosos, creio que a autora sempre passou a segurança de que não haveria chances para quem tentasse se envolver com o casal principal, mas não é esse o destaque entre esses dois personagens. Como a própria Natsume disse uma vez “Ooshima sabe o seu lugar” e como uma bitch de shoujo, ela foi, na verdade, bem justa e ganhou meu respeito no fim do mangá – até desejei que ela arranjasse alguém para não acabar sozinha. Já Yamaguchi, apesar de ter tentando um pouco mais, também jogou bem limpo quando se tratava em conquistar o coração de Shizuku. Esses dois retrataram o modo de como os personagens que sofrem de amores unilaterais deveriam agir; de forma limpa e justa.

tonari15A relação de Haru e Shizuku poderia ser descrita da seguinte maneira: Haru corre atrás, mas quem toma atitudes é a Shizuku. E é aqui que, por mais que haja tantos pontos altos, encontramos os baixos; isso se encaixa para qualquer obra, de qualquer gênero, demografia e, claro, Tonari no Kaibutsu-kun não é diferente. Por mais que goste do casal, sinto que durante a história faltou algo, que no caso tem uma forte presença em todos os shoujos: o romance. Não estou dizendo que ele não existe, tenho plena consciência de que um shoujo bom não precisa ter aquele romance, mas isso varia a partir do momento em que a história começa a se formar, e com base nos rumos que tomou, acredito que faltou isso entre os protagonistas. Ao mesmo tempo em que a relação entre ambos era certa, ainda parecia insegura; mesmo quando começaram a namorar, parecia que nada havia mudado. Talvez seja impressão minha, mas na primeira metade do mangá a Shizuku quase não tem destaque, pois a trama parece estar focada em todos, deixando os que seriam “principais” de lado. Tonari faz isso e tem vários personagens para comprovar. Trabalhar com um grande número de personagens não deve ser fácil, ainda mais se todos eles precisam de uma “história”, e isso pode ter causado essa falta de “presença” da protagonista. Ainda seguindo essa linha de pensamento, outra característica baixa é a falta de profundidade das antigas relações dos personagens; por ser uma comédia, provavelmente foi uma opção deixar o drama de lado, mas ainda fiquei curiosa para saber mais sobre a mãe de Shizuku e sobre o passado de Haru.

tonari12COMENTÁRIOS FINAIS

Sendo sincera, Tonari não era minha primeira opção de leitura e por muito tempo – mesmo antes da história de “votação de shoujo” – procurei evitar ler. Porém, o enredo e os personagens mostraram porque a história vale a pena; foi uma escolha que rendeu ótimos feelings e boas risadas, que recomendo para todos por não se tratar de nenhum tema pesado ou desgastante, não acabou sendo um dos meus preferidos, mas isso não significa que ele não tenha seus fãs. Enquanto escrevo essa finalização, percebo que talvez o maior foco do mangá seja a amizade. Tanto Shizuku, Haru, Natsume e outros pareciam solitários no começo, mas em momentos críticos dava para perceber como se apoiavam, mesmo não falando tão abertamente sobre os problemas que os preocupavam.

“Uma escolha sem arrependimento, é uma escolha certa. […] As pessoas podem escolher o que for, mas elas continuarão suas vidas pensando nas outras escolhas que foram descartadas.”

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Review – Nineteen, Twenty-One, de Yohan e Zhena

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nine5Uma webcomic com gatinhos fofinhos.

Recentemente, o Chuva de Nanquim apresentou o Eu Recomendo – Web Comics e mostrou para o seu público um novo formato de leitura. Tal forma de quadrinho é muito utilizada atualmente principalmente na Coreia. E é de lá que temos nossa resenha de hoje, com a comic Nineteen, Twenty-One, uma deliciosa história de amor! E com gatinhos.

IMG-20150302-WA0024A HISTÓRIA

Yun-lee é uma garota que carrega uma grande cicatriz emocional em seu coração. Devido a um acidente, ela perdeu dois preciosos anos de sua vida, o período entre os 19 e os 21 anos. Sua vida é vazia. Ela se sente infeliz, mas mesmo assim tenta entrar em uma escola preparatória para recuperar o tempo que perdeu. Um dia, ela acaba cruzando o caminho de alguns gatos de rua e conhecendo um jovem rapaz que percebe o que ela perdeu… o período entre os 19 e os 21 anos.

IMG-20150302-WA0035CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Nineteen, Twenty-One é uma webcomic manhwa publicada em 2010 no site Naver Webtoon e posteriormente encadernado em dois volumes pela própria editora Naver. A história é de autoria de Yohan e ilustrações de Zhena (a mesma da série Girls of the Wild’s). Por se tratar desse formato digital, o manhwa não possui uma classificação de demografia como estamos acostumados, mas ele facilmente se encaixaria entre um shoujo ou um josei, por exemplo.

Primeiramente, peço que se esqueçam de mangás que já leram, das comparações com traços, personagens ou até mesmo o enredo. Compreendo o estranhamento ou até mesmo o “choque” de partir de um estilo de leitura para outro, mas para a apreciação desta webcomic como um todo, acredito que é preciso deixar o contraste que existe de lado. Não me refiro necessariamente ao seu começo, afinal de contas, sempre existirá a comparação com o que é mais comum para nós quando é desconhecido; mas sim com o decorrer da história… ao menos se quer mesmo chegar até o fim da mesma.

IMG-20150302-WA0036A narrativa de Nineteen, Twenty-One não é algo que poderia considerar como um “ponto alto”. Por se tratar de uma webcomic, há uma presença mais constante de imagens do que falas, e quando essas aparecem, não podemos dizer que seja a principal característica que prende o leitor; diria que ela é bem leve, mas que de nada tem a ver com uma narrativa “fraca”, pois acredito que o intuito dela é relaxar, descontrair e fornecer algo sem a obrigação de amarrar o leitor aos detalhes. Ela não exige esforço para entender cada decisão do personagem, ela é simples, o que acaba combinando perfeitamente com a obra.

Confesso que comecei a ler o manhwa há anos, mas parei. E por que voltei? Por que alguém deveria ler mesmo correndo o risco de abandonar a história se sua narrativa não é um dos atrativos?

IMG-20150302-WA0047A resposta é simples: a arte. Se sua história não é rica em detalhes, já não posso dizer o mesmo de suas ilustrações. Ela é um prato cheio para os olhos e mesmo as imagens de entrada dos capítulos são belíssimas. Esse é um dos fatores que contribuem para Nineteen, Twenty-One parecer uma webcomic relaxante. Mesmo parecendo um argumento superficial, posso dizer que suas imagens passam para o leitor o estado de espírito do personagem em determinado momento; se ele é mais cômico, consegue divertir e entreter, já se ele for mais romântico, consegue passar aquele ar mais tranquilo e agradável. É importante a sintonia que existe entre a história e a arte; elas se casam, se completam.

Em relação aos tais personagens, o que mais gostei foi justamente o contraste usado entre eles e como ambos se desenvolveram até o final da obra. Yun-lee carrega o peso e a frustração de ter perdido dois anos devido ao seu acidente, pois ela já está quase na fase adulta e ainda vive como uma “criança”; Ju Dong-Whi quer aproveitar o que resta antes de se tornar um adulto e, diferente de Yun-lee, despreza isso e anseia por viver ao máximo sua juventude. Diria que um serve como espelho para o outro. Um espelho que reflete o que eles temem, o que não querem. Há uma lição, uma moral com o relacionamento deles, mas prefiro não comentar para que quem ler perceba por si mesmo.

IMG-20150302-WA0034Além disso, podemos destacar os momentos cômicos da webcomic. As expressões que os personagens fazem tem uma mistura de fofura e de divertimento, Ju Dong-Whi se assemelha a uma criança e a Yun-lee faz ótimas carinhas quando está envergonhada. Até os gatinhos se destacam nessas horas.

IMG-20150302-WA0044COMENTÁRIOS FINAIS

A história de Nineteen, Twenty-One é curta, mas bem elaborada. Não sou fã de leituras assim, ainda mais quando você pensa que o final pode ter sido corrido e saído de “qualquer jeito”. Porém, no caso desse manhwa, acredito que seu inicío, clímax e seu término tiveram os tempos certos, divididos corretamente.

Tenho certeza que muitos vão discordar da minha opinião e achar a obra fraca, mas, como disse antes, ela serve para relaxar e acalmar. Descansar a mente. Recomendo a leitura para pessoas que buscam algo assim, e ainda posso garantir que ela será bem rápida graças as imagens que aparecem mais do que as falas. Também indico para quem nunca leu uma webcomic e quer uma história fofa e bonita para começar a entrar nesse mundo.

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Review – DICE: The Cube That Changes Everything

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dicereviewheader

Depois do Chuva de Shoujos aparece o Chuva de Webcomics!

Juro que não estamos fazendo reviews e “Eu Recomendo” de webcomics de propósito, mas não há como negar que podemos encontrar histórias interessantes nesse formato diferente.  Eu estou tendo um forte problema de insônia nos últimos dias; muita coisa na cabeça para pensar e me preocupar, mas com isso vem o tédio da madrugada depois de ficar rolando na cama por horas tentando dormir e não obter nenhum sucesso. Durante a madrugada de domingo para segunda estava mexendo no aplicativo de mangás online no meu celular pra ler qualquer coisa, só para passar o tempo,  e entrei no ultimo mangá que a página tinha carregado: DICE: The Cube that Changes Everything.  Nunca tinha ouvido falar, nem por amigos ou até mesmo nos comentários do Eu Recomendo e, por puro preconceito, achei que ia conseguir me fazer dormir rapidinho, porém foi um grande erro. Só fui largar o celular quando percebi que já estava lá pelo capítulo 15, aquilo só tinha me deixado ainda mais ligado. Enfim, um dia e 40 capítulos depois, aí vai minha resenha e minha recomendação.

b002A HISTÓRIA

Dongtae é um garoto que não é atraente, nem inteligente, muito azarado, sem capacidades atléticas, tímido e baixo. Com a falta de todas essas qualidades e uma forte baixa auto-estima Dongtae ainda é apaixonado por  Eunju, a garota mais bonita de todo o colégio e para ele bastava apenas admirá-la de longe. Esse pensamento muda quando um aluno transferido chega em sua classe. Taebin, é tudo que o protagonista não é, ele é extremamente atraente, suas qualidade acadêmicas e atléticas são incríveis e, se não bastasse, ele e Eunju começam a namorar, destruindo Dongtae por dentro com inveja e ciúmes. Mas e se Dongtae pudesse mudar tudo através de algo simples, como um dado?

Nesse mundo existe uma misteriosa entidade chamada X, que é o mestre de uma espécie de jogo que através do celular o participante recebe quests e essas possuem como prêmio dados que podem mudar a vida de uma pessoa completamente. Esses dados são usados para dar ao participante pontos, que podem ser usados para aumentar seus próprios status, indo de força, agilidade e inteligência até algo como altura, beleza e sorte.  É oferecida essa chance a Dongtae, mas é claro que o garoto não faz ideia do que ele está prestes a entrar.

d002CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

DICE: The Cube that Changes é uma webcomic manhwa publicado desde 2013 e que continua até hoje saindo no site Comic.Naver e que possui 83 capítulos até a publicação desse review. A história e as ilustração são de autoria de Yun Hyun Suk e eu o colocaria como um shounen de ação e fantasia com umas pitadas de drama como gênero. Devo avisar  que a trama começa dando muitas explicações sobre as regras do jogo e do desenvolvimento do protagonista, dando um início muito lento para a historia; o plot começa a avançar, mais ou menos, no capítulo 16. Minha grande recomendação é você aguentar o início, que por causa das futilidades – se é que podem ser chamadas assim – do protagonista tornam tudo meio arrastado e um tanto cansativo.

Bom, a primeira coisa que vocês vão reparar é na qualidade da arte. Ela possui uma iluminação linda, cenários  bem detalhados e uma mistura com alguns elementos diferentes do que vemos normalmente no traço, é só reparar em como os dados realmente parecem algo de fora daquele mundo usando algo como CGI  e como as vezes o ângulo da cena muda a quase noventa graus. É um diferencial em relação a outros manhwas online que leio, como por exemplo The Gamer, que tem traços por muitas vezes simples e meio amadores, apesar de eu adorar a história  e ignorar esse ponto.

f003Se o traço é um ponto forte, eu não posso dizer tanto dos personagens e muito menos do protagonista. O trio principal não é algo muito diferente de muita coisa que você já viu por aí, o Dongtae é um personagem que noinício não possui quase nada de auto-estima, mas que o chamado do herói faz com que a personalidade dele mude e por mais que pareça egoísta,  ele sempre vai ter a coragem para ajudar sua musa. A Eunju é uma garota que aparenta ser perfeita; é bonita, bondosa, popular e é quase impossível ela fazer algo que coloque a caráter duvidoso. O Taebin é o rival, ele tem muito mais experiência com o jogo e não dá para saber muito bem se ele é uma boa pessoa ou não. Os três não são destaques, mas também não são aqueles tipos de personagens que tornam a experiência do leitor e a história intrigáveis. O mais interessante por enquanto é a entidade que se auto-intitula X, que só o conhecemos através de mensagens de celular; é muito legal perceber como reconhecemos um pouco de sua personalidade sádica através de palavras, emoticons e das quests que ele passa para os Dicers.

dice-the-cube-that-changes-everything-5024987A maior atração para mim na história é sobre o jogo em si, que como qualquer RPG ele começa com missões simples, dando espaço para o jogador entender aquele universo, mas aos poucos elas vão começando a ficar complicadas e até mesmo perigosas, não só para o jogador, mas como também para as pessoas em volta que podem estar envolvidas, ou não, com o jogo. Em certo momento do manhwa começa uma competição pelas quests que o X manda para os jogadores e estratégias começam a ser montadas para enfrentar os adversários, um ponto bacana já que eles começam a perceber como cada um vai utilizando as regras para o seubenefício. Também começam a surgir questões sobre a moralidade das missões, passando de um certo nível ético, mas a recompensa maior cega completamente os participantes. Com tudo isso o autor parece cutucar seus leitores com perguntas morais: Você aceitaria jogar para mudar algo em você? O que você mudaria?  Até onde você iria para fazer essas mudanças? Aceitaria mentir, trair e até mesmo machucar alguém por isso?  Todas essas questões são respondidas pelos diversos tipos de personagens, tramas e conflitos que acabam entrando na história. Acredito que todos são muito bem  construídos.

g002COMENTÁRIOS FINAIS

DICE o tempo todo brinca com o seu leitor com questionamentos sobre como cada um iria utilizar aqueles dados e é isso que torna a história tão interessante. Então, se ficou interessado,  pegue pra ler e aguente seu início massante, mas que após um certo acontecimento tudo melhora de uma maneira incrível e você se verá tão preso na narrativa quanto eu. Além disso, o manhwa possui uma arte muito agradável, com uma bela colorização e mistura de elementos que normalmente não encontra em um mangá.

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