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Review – Ataque dos Titãs – Antes da Queda (Volume 1)

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antes da queda headerPegue sua vida de volta e saia da gaiola!

Dando sequência ao domínio dos titãs em terra brasileiras a editora Panini traz o segundo spinoff de Ataque dos Titãs, anunciado em junho no evento Expo Geek Beta, no Rio de Janeiro é a vez de Ataque dos Titãs – Antes da Queda.

O mangá é adaptado da light novel de mesmo nome e conta com a arte de Satoshi Shiki, baseado na arte de THORES Shibamoto fez para a novel, o roteiro é do autor da light novel, Ryo Suzukaze, tendo como base o universo criado pelo autor da obra original, Hajime Isayama, e dado a importância da já franquia acredita-se que o Comitê de Produção de “Ataque dos Titãs” também esteja envolvido. A história explora o passado do mundo da história principal com novos personagens em um mundo muito mais selvagem.

10-11A HISTÓRIA

A história se passa setenta anos antes da queda da Muralha Maria. Um único titã invade o Distrito de Zhiganshina e causa uma tremenda devastação, deixando muitos mortos e feridos. No entanto, das entranhas de um cadáver devorado, surge um bebê recém-nascido que viria a ser reconhecido como o “Filho de Titã”. Após anos vivendo aprisionado, Kuklo é vendido a um importante mercador e passa a viver uma série de abusos e maus tratos, mas uma inesperada ajuda pode mudar o curso de sua vida e também da humanidade.

53CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Ao contrário de Sem Arrependimentos, que explorou um passado recente com a história do Levi, Antes da Queda apresenta personagens de muito mais tempo no passado, todos novos e que não são citados posteriormente, sendo os Adoradores de Titãs os que mais chamam atenção nesse quesito.

Deixando o mundo do treinamento sofrido de Eren, Mikasa, Armin e os demais, o inicio da saga de Kuklo é muito mais sofrido. Ao sobreviver no ventre da sua mãe engolida por um titã em um ataque ao distrito de Zhinganshina e nascido entre os restos do algoz de sua mãe, ele ganhou a alcunha de filho de titã e passou a ser excluído e tratado pelo temor dele ser um filhote de titã.

Devido a alcunha que ganhou e o modo como foi tratado Kuklo acaba sendo comprado por um ricaço da muralha Sina para servir de objeto de treino de seu filho, Xavi, que almejava posições altas no exército. Mesmo servindo de saco de pancadas Kuklo consegue a ajuda de Sharle, irmã de Xavi, que alimenta o jovem e o ensina o básico do mundo para que um dia ele saia daquela cela.

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Por ser baseado em uma light novel que já foi finalizada a história em si já está criada, mas o roteiro não é acelerado, sendo este primeiro volume muito mais introdutório e sem desenvolver diversos pontos da trama, deixando a possibilidade de muita coisa por acontecer, não é a toa que o mangá não está finalizado ainda e deve demorar um tempo para acabar.

A arte do mangá mais uma vez é superior ao do original, e considero ela até melhor do que a de Sem Arrependimentos, embora este fosse publicado em uma revista shoujo e tivesse um público um pouco diferente. Antes da Queda tem a arte que desejaria que a história principal tivesse, sendo uma mistura de Claymore com Lodoss War.

95A EDIÇÃO NACIONAL

A edição nacional segue o padrão do que já vem sendo publicado por ela da franquia, até porque não haveria motivo de ter diferenças significativas e sair do padrão do bom trabalho que vem sendo feito. O subtítulo sem qualquer menção ao título original foi uma escolha certeira e inteligente. A diferença que mais gostei nesta edição foi o acréscimo do prólogo ao final do exemplar, que foi lançado originalmente na revista mensal onde a série é publicada, assim como na edição compilada japonesa.

Falando agora da parte gráfica o padrão de papel e acabamento dos demais é seguido, bem semelhante ao de Sem Arrependimentos por sinal, mas foi também publicada as 4 páginas iniciais coloridas, seguindo o original japonês. A capa também é fiel a edição nipônica, com as devidas adaptações; a lombada mais uma vez é sobrecarregada de informação e não tem nenhuma diferença de cor para a obra principal, ao contrário de Sem Arrependimentos.

126COMENTÁRIOS FINAIS

Ataque dos Titãs – Antes da Queda é mais um mangá que serve para se aprofundar no universo dos Titãs, e faz isso de forma mais efetiva do que Sem Arrependimentos. A obra original aborda tanto o mundo do filho de Titã Kuklo, como também do desenvolvedor do sistema de manobra, Angel Aaltonen e espero que o mangá também traga essa parte da história, que é base para muito do mundo que vem na sequência.

Para aquele que tem dúvidas se deve acompanhar o material eu recomendo que vá atrás, ele traz muito mais detalhes e promete acrescentar muito mais ao universo da obra. Dado o sucesso que a franquia tem esta seria uma boa oportunidade para a editora colocasse na banca novamente os primeiros volumes da série principal, tão difíceis de se encontrar.

Ataque dos Titãs é uma franquia que tem muito fôlego, seu sucesso a fez sair do nicho, e seria ótimo se a editora brasileira também avaliasse trazer a light novel original de Antes da Queda, pois se tem uma obra que tem chances de sucesso é esta.

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FICHA TÉCNICA

AntesdaQueda#01_capa

Título: Ataque dos Titãs – Antes da Queda
(進撃の巨人 Before the fall)

Autores: Hajime Isayama, Ryo Suzukaze,
Satoshi Shiki e THORES Shibamoto

Editora: Panini
Total de volumes: 6 (ainda em publicação)
Periodicidade: Bimestral
Valor: R$ 12,90

Pontos Positivos

  • Ótima expansão do universo dos Titãs;
  • Inclusão do prólogo;
  • Páginas coloridas.

Pontos Negativos

  • Poucas páginas;
  • Lombada;
  • Ausência de glossário.

Nota Volume 1: ★★★★★



Review – Ultraman, de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi (Volume 1)

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Review-UltramanUma nova visão de um herói clássico

O anúncio da Editora JBC durante a sua rápida palestra do Fest Comix em julho, foi recheado de nostalgia com o mangá baseado do clássico tokusatsu, as séries de efeitos especiais japonesas, Ultraman.

O mangá é de autoria de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi, com base no universo criado por Eiji Tsuburaya e a sua empresa, a Tsuburaya Productions. Serializado na revista mensal Heros, da editora Shogakukan conta até o momento com seis volumes encadernados, com o sétimo previsto para dezembro de 2015.

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A HISTÓRIA

A série começa com um breve epílogo da série tokusatsu original, quando o primeiro Ultraman entrega para Shin Hayata a força da vida que seu superior, Ultraman Zoffy, trouxe para oferecer ao humano que foi hospedeiro do gigante de luz. Após essa introdução a história passa a se focar em Shinjiro Hayata, filho de Shin Hayata, que tem um poder especial de nascença, consequências do período que seu pai conviveu com o Ultraman em simbiose. Um dia, Shinjiro foi atacado por inimigos desconhecidos e um guerreiro de armadura salvou o dia, quando este desmascarou-se mostrou à Shinjiro que era seu pai, autoproclamado Ultraman. Com o objetivo de ajudar seu nada jovem pai Shinjiro lança-e à batalha, vestindo uma armadura de Ultraman semelhante a de seu pai, fornecida pelo Sr. Ide, um ex-membro da Patrulha Científica. Na sequência da batalha o verdadeiro destino do herdeiro do primeira Ultraman começa a ser desbravado.

62CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

O mangá de Ultraman começa com um importante resumo que posiciona o leitor na situação do mundo do primeiro Ultraman. A série original está perto de completar 50 anos desde sua primeira exibição no Japão, e sua última exibição em terras brasileiras não foi completa.

Partindo da apresentação de um universo que está na memória de quem conheceu a saga do guerreiro da terra das luzes, a nebulosa M-78, o mangá de Ultraman reduz o tamanho dos heróis e traz uma trama que começa em casa, e não no conflito com monstros, o difícil relacionamento de um pai mais velho e um filho adolescente que não entende o motivo de ser diferente.

Somente com o passar das páginas que a verdade sobre o passado vai sendo descoberta por Shin, que foi desmemorizado pelo Ultraman, e Shinjiro, que é misteriosamente atacado durante suas aventuras em descobrir seus poderes por um estranho ser alienígena. Com a chegada do salvamento de seu pai, equipado com uma armadura tecnológica, a história passa a mostrar a luta de um filho para salvar seu pai e descobrir que os humanos nunca estiveram sozinhos no planeta.

74-75O enredo do mangá de Ultraman se assemelha muito com histórias em quadrinhos de ação atuais, sobretudo americanas, deixando a sua leitura com um alto grau de dinamismo e fluidez e bem distante do tokusatsu original. E é neste ponto que mora o perigo dele, ao se distanciar do principal conceito original, o gigante prateado e vermelho lutando contra monstros gigantes, a história poderia se estrelado por qualquer outro tipo de herói, oriental e ocidental, sendo necessário confiar no que pode vir para continuar reconhecendo esta história como do Ultraman.

Os principais personagens Shin e Shinjiro são clássicos em mangás, podendo ser considerados uma condensação de diversos clichês. Shin é o herói que não lembra de seu passado heróico, mas cuja carreira profissional o levou ao alto cargo e reconhecimento público, sendo que o reconhecimento de seu filho adolescente uma das suas batalhas atuais. Shinjiro é muito semelhante aos típicos protagonistas de mangás shonens, com o típicos problemas que um filho adolescente tem com o pai, mas com um pesado legado à carregar e um enorme potencial de desenvolvimento, que me lembrou muito alguns recentes protagonistas das séries Kamen Rider e do jovem Hikaru Raido, de Ultraman Ginga (2013) e Ultraman Ginga S (2014).

A arte do mangá possui uma linguagem muito atual, com forte dinamismo e quadros ricos, detalhados e memoráveis, como o surgimento de Shin na armadura-protótipo ou o disparo do raio spacium com a clássica posição em cruz do herói. Há na arte uma importante atualização do herói, com um certo grau de realismo dos monstros e alienígenas que aparecem até então, é um ponto importante de continuar observando em futuros monstros e outros guerreiros Ultra que o mangá pode vir a ter.

126A EDIÇÃO NACIONAL

Ultraman é o mangá que teve um anúncio quase que sozinho em um dos maiores eventos de quadrinhos do país. Carregado de nostalgia, para atrair o público mais velho que conheceu as séries Ultra quando passavam na TV, a editora acerta em atrair esse público e despertar a curiosidade do público mais novo, que atualmente pode conferir de forma limitada ao tokusatsu por falta de investimento do gênero no país. Ao público e à editora é a hora ideal de tirar o tokusatsu da nostalgia e mostrar que o gênero ainda respira e se renova a cada ano, tendo a renovação proporcionada no mangá um claro exemplo disso.

Editorialmente falando temos uma edição muito bem trabalhada, seguindo os padrões da editora e com uma grande gama de fontes, algumas me incomodam, mas entendo a necessidade delas onde foram utilizadas. A capa segue o padrão que a publicação vem sendo adotada ao redor do mundo, não tendo um grande diferencial nela, mas a quarta capa com uma imagem totalmente diferente ficou bem marcante, fico curioso em saber como será as próximas edições. Uma boa escolha da editora foi manter o mangá com periodicidade bimestral, como ele ainda está em publicação e possui poucos volumes deve demorar para alcançar o Japão.

Já falando da parte gráfica temos pontos a elogiar e pontos a se criticar. É um mangá com ricas e grande número de páginas coloridas – 16 ao todo -, não recordo título algum que tenha tantas páginas coloridas assim, além disso tem um número fechado de páginas, sem espaço para propagandas sem relação ao mangás, é ação do começo ao fim. Mas os pontos negativos já começam no formato, que é o 12 x 18 cm e mais próximo ao utilizado no Japão, mas para páginas como a que podem ser vistas muito se perde em um formato tão reduzido, é uma escolha que considero infeliz. A capa é no papel cartão padrão dos mangás da editora, poderia ter sido utilizado o couchê de Kill la Kill que ficaria melhor, Já o papel no miolo é de se criticar, o offset utilizado é transparente em diversas páginas, sua aplicação em páginas coloridas está boa, mas nas páginas preto e branco, a maioria, afeta a leitura de uma forma negativa, espero melhoria por parte da editora nesse quesito.

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COMENTÁRIOS FINAIS

No final Ultraman é um mangá que atende as expectativas, ao trazer algo realmente novo de um herói conhecido, mas que pode decepcionar aquele que está aguardando novas histórias do seu herói de infância. Se pretende ler o mangá esteja pronto para encarar algo novo, diferente daquele herói da sua infância que tem em suas lembranças.

Como uma nova leitura do herói discrepâncias podem acontecer, mas o maior perigo delas é se a história se prender ao universo apenas do primeiro guerreiro Ultra, sendo que o gênero da família Ultra possui um universo rico de personagens, heróis e monstros, que podem e devem ser explorados para mostrar que este mangá não presta tributo a apenas um período, sendo presente na mídia a meio século.

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FICHA TÉCNICA

Ultraman_01

 Título: ULTRAMAN (ULTRAMAN)
Autor: Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi
Editora: JBC
Total de volumes: 6 (ainda em publicação)
Periodicidade: Bimestral
Valor: R$ 14,90

Pontos Positivos

  • Título para diversos públicos;
  • Enredo atualizado para um herói clássico;
  • Personagens marcantes;
  • Páginas coloridas;
  • Periodicidade.

Pontos Negativos

  • A nostalgia que o título carrega;
  • Perigo da descaracterização do herói;
  • Formato pequeno, desvalorizando a arte;
  • Papel do miolo com problemas de transparência.

Nota Volume 1: ★★★★


Review – Rikudou (リクドウ), de Matsubara Toshimitsu

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rikudouA vida e o boxe possuem um lado sombrio.

Eu estou sempre a procura de uma história nova, que ninguém tenha comentado muito. Na maioria das vezes eu acabo aceitando aqueles mangás da lista de “talvez você possa gostar de” dos sites de scans online que eu frequento e muita coisa boa acaba saindo dessas experiências. Junte essa sensação de descoberta com o meu gênero favorito e temos um mangá que imediatamente me fisgou. Rikudou é mais um em uma grande lista de mangás de esporte que eu já comentei aqui e que está envolvido em uma polêmica por causa dos seus primeiros capítulos.

Rikudou Resenha (3)A HISTÓRIA

Riku passou por uma infância traumática e cheias de tragédias que o marcariam para sempre na sua pele e alma. Depois do suicídio do seu pai, um ex-campeão de boxe que agora faz parte da Yakuza, o ensina o básico para se dar alguns socos. O que Riku e o Yakuza não esperavam é que esses ensinamentos salvariam sua vida quando o garoto precisou se defender de um traficante de drogas que resolve atacá-lo. Esse é só o início de uma série de acontecimentos que tornam Riku uma pessoa distante, que prefere não se envolver com pessoas e que vê no boxe a única saída para torná-lo forte, assim mais ninguém vai se machucar por sua causa.

Rikudou Resenha (6)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Rikudou é um mangá de ação, drama e esportes que foi criado por Toshimitsu Matsubara e é lançado na revista Young Jump desde 17 de abril de 2014, tendo sido publicados 68 capítulos até o momento.

Os primeiros três capítulos do mangá são fortes para quem não está sabendo por onde está entrando, o autor não tem o mínimo de preocupação em não te chocar com cenas onde seu queixo vai cair e, por isso, muita gente acabou o criticando por achar que aquilo era apenas um modo barato de conseguir atenção. Eu não concordo tanto com essas críticas e entendo que a intenção do autor ao mostrar a infância torturante que o protagonista passou tem como objetivo apresentar quais são as bases para as motivações e a personalidade do Riku; não questiono em nenhum momento qualquer uma das escolhas do garoto e entendo muito bem suas reações.

Rikudou Resenha (1)Passando desse início sombrio do mangá, temos um time skip e vemos toda a fase do Riku adolescente tentando se tornar um boxeador. A história se desenvolve mais voltada para que o leitor fique curioso para saber como o rapaz superou todas as suas dificuldades e traumas. Não espere uma pegada estilo Ashita no Joe ou Hajime no Ippo, não temos muitos escapes com piadinhas ou cenas engraçadas, o mangá mantem um clima mais sujo, me deixando as vezes sufocado e querendo ao menos um breve momento de alegria. E o que seria um mangá de esporte se o esporte fosse retratado de forma ruim? Rikudou não tem esse problema, apesar de que por enquanto não aconteceu uma luta importante, mas ainda assim cada uma das que foram apresentadas foram bem emocionantes e diferentes umas das outras.

Rikudou Resenha (2)Na questão de personagens temos, pelo menos, três principais. O protagonista Riku Azami que eu acho muito bem trabalhado; é interessante como não foi preciso muito tempo para que eu entendesse o que se passa pela sua cabeça e os motivos que o fazem ser daquele jeito. Yuki Naeshiro, a amiga de orfanato de Riku e que no início eu achei um tanto forçado os motivos dela desenvolver um interesse amoroso tão forte com o garoto, mas que em um flashback conhecemos sua história e acabou fazendo muito sentido, deixando a personagem muito melhor e menos irritante. E finalmente Kyousuke Tokorozawa, o último e ainda uma incógnita, ainda não compreendo qual é o papel e o porquê dele fazer o que faz, por enquanto ele serve mais como uma inspiração para o protagonista e o ajuda a seguir em frente. Outros por enquanto podem se tornar grandes mas ainda não possuem um grande destaque ou conteúdo – como o treinador Shinji Baba ou o possível rival Kaede.

Rikudou Resenha (8)A arte do Matsubara é excelente, os personagens são muito bem detalhados visualmente e não parecem tão genéricos a ponto de você achar que os viu em algum outro lugar. Durante as lutas ele torna o traço mais cru e brutal, os socos tem um impacto fortíssimo e são incrivelmente fluídos onde você não se perde e entende muito bem a movimentação de cada lutador; já no lado de fora e em momentos mais tensos, o desenho muda e conversa muito bem com a história, com sombras fortes e sem a aparência de um desenho mais “limpo” que eu estou tão acostumado a acompanhar.

Rikudou Resenha (7)COMENTÁRIOS GERAIS

Rikudou foi uma experiência divertida de se acompanhar, ainda mais porque foi um achado e não uma indicação por algum colega da otakusfera. O início é chocante, mas o mangá tende a ficar um pouco mais tranquilo com o passar dos capítulos – também não dava para ficar pior – e tem muito mais como propósito de calcar o que o protagonista vai se tornar em relação a sua personalidade e motivação. E em volta disso ainda tempos uma arte excelente e que casa muito bem com o que o autor quer passar em cada cena, com um traço que varia de acordo com a necessidade do momento.

O mangá funciona muito bem como uma história de esporte, as lutas tem uma pegada diferente do que eu estou acostumado, mas ainda assim são emocionante e muito empolgantes. Apesar de não ter tido nada de tão grandioso até o momento, o futuro parece muito promissor.

Rikudou Resenha (5)


Review – The Stories of Those Around Me, de Omyo

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around meMuitos feels para uma web comic só. Com certeza minha favorita.

As pessoas se apaixonam e amam. Isso é inevitável. Mas como tudo isso começa? Como termina? Como continua? Essa web comic mostra de forma perfeita como lidamos com os relacionamentos usando exemplos diferentes, que fariam qualquer um se identificar em algum momento. Felicidade, tristeza, revolta e alívio. Tudo isso e muitos mais em uma obra que escolhi ler de forma aleatória, mas que me trouxe ótimos momentos. De longe a minha web comic preferida.

image13A HISTÓRIA

Summer está perdidamente apaixonada e feliz; Mira é bonita e uma mulher de sucesso, mas sem namorado; Jung-A mora com seu namorado há cinco anos. Essas garotas de 25 anos são muito próximas e acreditam que seus relacionamentos e amizades durarão para sempre, porém, depois de uma série de acontecimentos tudo começa a mudar drasticamente.

image6CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

The Stories of Those Around Me é uma web comic coreana com roteiro e arte de Omyo. A história foi publicada em 2012 no site Naver Webtoon, sendo finalizado com 60 capítulos e mais um extra. A web comic tem uma licença em inglês e foi publicado em junho de 2014 até julho deste ano no site Weebtoon. Você pode ajudar a autora lendo no link a seguir: The Stories of Those Around Me.

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Os pontos altos da série são muitos. Eu particularmente amo os desenhos da autora, são fofos, coloridos e vivos, como desenhos de crianças, mas por trás disso há um roteiro extremamente caprichado, fazendo com que a obra seja vista com mais maturidade. Ainda falando sobre a arte, a Omyo coloca imagens coloridas de algum personagem no final de cada capítulo, que são bem semelhantes aos traços que vemos nos mangás, o que só me faz admirar a autora ainda mais, já que os capítulos eram publicados semanalmente – Omyo é workaholic, essa é das minhas. O mais fascinante de tudo é o modo como todos os dramas das personagens conseguem ser passados de um jeito perfeito, impecável, fazendo com que realmente haja a identificação do leitor sobre algumas das protagonistas. Antes que me esqueça, recomendo altamente para quem curte shoujo ou josei – acredito que josei seria mais específico, já que todas tem 25 anos – por se tratar de um romance que desenvolve os relacionamentos de cada personagem. A comédia é um fator que me agradou bastante também; assim como a autora sabe fazer partes dramáticas – que me fizeram chorar bastante – ela sabe fazer partes tão engraçadas que não tem como não rir.

image12The Stories of Those Around Me não é uma web comic perfeita. Sim, ela é a minha preferida, mas há alguns erros que me incomodaram ao decorrer da história, um exemplo disso é o choque ao trocar de trama, de “protagonista”; é como tentar fechar um livro depois de lido, mas ainda ter mais páginas onde há mais um começo, mais drama, mais conflitos. É indiscutível o fato de que isso obviamente faz parte – senão nem haveria necessidade de colocar a Mira, Jung-A ou a Summer juntas em uma única web comic – mas após a segunda parte, há uma série de capítulos que mais parecem ser “extras” e meu kokoro ainda não estava recuperado de Jung-A e, com certeza, não estava no clima ideal para ver capítulos que nada tinham a ver com ela.

Mira é a personagem que mais gostei. Dona de uma personalidade forte, orgulhosa e independente ela não admite precisar de um namorado na frente das amigas e diz que relacionamentos amorosos são besteiras – a típica “tsundere”, por assim dizer. A primeira parte da web comic é focada nela e ouso até dizer que seria uma forma de prender o leitor com sua trama – já que depois vem a parte da Jung-A – e assim fazer com que quem lê continuasse a acompanhar o romance. Mira pode ser definida como a pessoa que se apaixona, tem aquele crush, mas em boa parte se vê caindo nas enrascadas que isso traz; a insegurança, o nervosismo, o questionamento normal do “ele gosta de mim ou nem sabe que existo?” e tantas outras coisas que são comuns na apaixonada. É acompanhado todo um processo no desenvolvimento na vida dela e tanto as ações da personagem quanto sua personalidade conseguem deixar a história leve, engraçada e ainda bater aquele “doki doki”me desculpem a expressão, precisava usar – que alivia e traz felicidade. Impossível não se identificar com ela se você já gostou de alguém.

image3Jung-A é do tipo que se vê no comodismo de um relacionamento que já dura a muito tempo. Nada vaidosa, tímida, que guarda tudo para si, parece estar cada vez mais infeliz com seu relacionamento, porém usa argumentos como “conhecemos um a outro melhor do que ninguém” ou “nos entendemos até por pensamento” para que o namoro continue, apesar de ambos parecerem estar saturados da rotina que os cerca. Quando o “arco Mira” acabou, foi como sair de um calor escaldante e entrar no inverno do Ártico. Talvez esse seja um dos pontos em que a autora acaba me surpreendo, pois ela não se prende a um só tipo de estereótipo e consegue trabalhar muito bem com diferentes tipos de tramas. Confesso que o começo da parte da história de Jung-A não é tão convidativa, mas isso não tem nada a ver com a narrativa que a autora constrói, e sim com a personalidade da personagem – que não chega a ser submissa, mas parece não estar longe disso – causando o efeito de raiva sob a garota; as vezes queria bater na menina, outras, só abraçá-la. Preciso dar um aviso antes de terminar de falar sobre essa segunda parte da história: a vida da Jung-A, o relacionamento, o que acontece dentro e fora dela, tudo isso é puro suffering. E, para piorar, a autora (dona do meu rabo) fez um último capítulo desse arco com uma visão que não é dela, mas sobre ela. Se a primeira parte, a de Mira, consegue aquecer o coração e ser nostálgico, essa te deixa aos pedaços, te emociona e deixa suspirando no final. Simplesmente incrível.

image7Um aspecto interessante é que mesmo quando a história se concentra mais em uma só personagem, ainda é possível prever quais serão os problemas que outras passarão e o que nos vai ser apresentado. Os capítulos podem ser próprios e girados em torno de uma única garota, mas todas tem seu espacinho.

image9Summer Han. Ela é o que podemos de chamar de “último arco” da história. Summer é a única desempregada do trio, que não procura nenhum trabalho sério e também não tem ambições para seu futuro, fazendo com que sua mãe sempre brigue com ela, apesar da personalidade alegre – ou boba? – da garota ignore, mas ela também conta com o apoio de seu namorado, Sanghoon, pelo qual ela é extremamente apaixonada. Eu me identifico com a personagem, aliás, me identifico com as características de como ela é formada: animada, meio idiota, do tipo que não se desanima fácil e é um pouco relaxada. Realmente esperava um bom desenvolvimento com relação a sua parte, mas quando terminei de ler, simplesmente não sabia o que pensar. Entendo a jogada da autora, entendo a decisão de Summer, porém ainda sinto aquele gosto amargo na boca, como se a escolha tomada no final fosse covardia. Usando uma expressão mais bruta, eu poderia dizer simplesmente que a autora quis dar um tapa na cara de seus leitores – e isso doeu. Não posso dar spoiler, porém, se você consegue ler nas entrelinhas ou tem uma boa interpretação, as últimas páginas vão fazer todo o sentido. Ainda não sei se amo a Omyo ou a odeio por isso.

image4COMENTÁRIOS GERAIS

Eu comecei a ler essa web comic simplesmente por ter um traço fofo. Quem me conhece sabe que tenho uma queda (vulgo abismo) por coisas mais fofinhas e delicadas – apesar de ter a personalidade bem fria, sim, admito – e confesso que a razão foi inicialmente supérflua. Mas, se a história fosse só isso, teria dropado logo de cara, porém, para minha felicidade, The Stories of Those Around Me é bem mais que um romance superficial. Ele consegue perfeitamente passar todos os sentimentos da autora para com seus personagens e os mesmos conseguem alcançar as emoções de quem lê.

Posso dizer que fiquei até ciumenta com ele? Se não sentisse tamanha necessidade de escrever sobre, talvez simplesmente o tivesse guardado para mim em uma caixinha imaginária de “favoritos que fizeram a cold heart Miyuki chorar”, porém é uma obra que realmente merece ser mostrada a todos, sem preconceitos, sem necessidade de complexidade, e que com certeza consegue passar a mensagem para todos aqueles que já se apaixonaram ou já amaram.

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Review – Savanna Game, de Ransuke Kuroi e Eri Haruno (Volume 1)

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Savanna Game-HeaderÉ lutar para ganhar

No Anime Friends deste ano foi anunciado mais um título de mangá para o selo Ink Comics, aquele que foi prometido que lançaria obras diferenciadas do que já vinha sendo trabalhado pela editora até então, o que não se pode muito constatar na verdade. O título anunciado foi Savanna Game.

Com a história de Ransuke Kuroi e desenhos de Eri Haruno, Savanna Game tem 6 volumes encadernados até o momento e tem seus capítulos publicados na revista Everystar da editora Shogakukan desde 2012.

Savanna-p01A HISTÓRIA

Savanna Game traz a história do jovem Kazuya Shibuya que recebe uma mensagem de e-mail anônima um dia: “Você não vai entrar no jogo Savanna”. A mensagem é um convite para um jogo de assassinatos sancionado pelo estado – um jogo de rpg mortal projetado para motivar os jovens inibidos do Japão moderno, dando a todos os participantes habilidades e equipamentos únicos para que lutem e sobrevivam em busca do prêmio principal, uma grande quantia de dinheiro. Kazuya e seus dois amigos, Jin Kotegawa e Mafumi Kudou, encontram-se em batalhas bizarras que abrangem o continuum espaço-tempo, com tudo, desde dragões à força Shinsengumi da era Shogunato.

Savanna-p02CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Savanna Game começa com uma rápida visão do que será o ambiente da história, mas após poucas páginas a história retorna para antes do início do jogo e começa a explicar como toda a loucura da luta pelo prêmio começa.

A história acontece em um mundo em que o governo japonês autorizou a realização do jogo Savanna Game, jogo este que tem como objetivo um prêmio em dinheiro de alto valor, mas também dá a cada participante a oportunidade de matar sem ser incriminado. Para que possam lutar nesse mundo cada participante recebe equipamentos únicos, que vão desde equipamentos lendários, animais míticos até as “sementes de habilidades”, que conferem poderes especiais a quem consumir uma delas.

Pelos prêmios oferecidos, a chance de ganhar poderes especiais e pela possibilidade de matar muitas pessoas se inscrevem para participar, um número surreal. O primeiro volume do mangá traz muito da preparação do mundo para o jogo que irá começar muito em breve, a sociedade acaba por se tornar o jogo em si. Após o começo do jogo cada participante deve pegar o crachá de outros três participantes, o que fará reduzir o número de participantes logo na primeira rodada.

Savanna-p03O enredo de Savanna Game segue aquela linha que virou moda em mangás recentemente, os de jogos de sobrevivência, mas traz o seu maior diferencial no absurdo da ambientação da história no mundo real. Muitos dos mangás do estilo se passam em ambientes virtuais ou em lugares longes da civilização, mas o diferencial da história fica na ambientação, já que os demais elementos são extremamente clichês.

Os personagens do trio principal não tem grandes marcas, sendo bem genéricos. Jin Kotegawa é o cara animado com a novidade e um lutador de talentos; Mafumi Kudou é a suporte do grupo, que faz a comida, cuida dos colegas e é a protegida; por fim Kazuya Shibuya é um protagonista sem grandes motivações antes do jogo, sendo bem genérico e de objetivos vazios e clichês. Outros participantes do jogo fazem contato com o trio, desde um senhor assalariado comum até um grupo autointitulado Shinsengumi, com uma hierarquia da época feudal japonesa.

A arte de Savanna Game tem um estilo todo próprio, não é revolucionária, mas traz um pouco de tudo dos mangás. Algumas cenas caricatas, outras com um traço mais realistas e personagens com um desenho típico de títulos que envolvem colegiais, delinquentes, samurais e criaturas mágicas. talvez por essa mistura toda algumas páginas tem desenhos irregulares. Por ser voltado para público adulto, porém jovem, o título acaba tendo uma censura própria nas cenas de assassinatos.

Savanna-p04A EDIÇÃO NACIONAL

Savanna Game é o segundo mangá a ser publicado pela editora no selo Ink Comics, e tal como o primeiro do selo, Kill la Kill, este não traz nenhum elemento em si que venha da proposta do selo, que era de trazer obras diferentes e hoje em dia não se sabe para quê realmente veio.

A parte editorial é bem próxima ao padrão da editora, o texto é bem compreensível que pode agradar até mesmo quem não costuma ler mangás costumeiramente, mas temos alguns probleminhas de revisão, com direito a erros na página de créditos que conta com dois créditos de tradução. A diagramação acaba utilizando uma quantidade muito grande de fontes, o que acaba prejudicando a leitura, sendo até excessiva em páginas com onomatopeias maiores, como se quisesse passar o mesmo efeito com o tempo traduzidos, o que é desnecessário e carrega a página.

A parte gráfica não traz nenhum diferencial quanto a linha comum da editora. O papel de capa não é o mesmo de Kill la Kill, o que é uma pena, e o miolo não traz o famigerado offset, que tem dado tanta dor de cabeça quanto a transparência, é um papel do tipo jornal, com um bom grau de alvura. É um papel bem regular para uso, tem seu grau de transparência, mas que não compromete a leitura, sendo uma alternativa para as publicações nesses tempos complicados quanto ao papel.

Savanna-p05COMENTÁRIOS FINAIS

Savanna Game é outro mangá que poderia sair pelo selo tradicional da editora, não há diferencial que justifique ele estar em outro selo, que foi criado para expandir o catálogo com obras de outras origens, mangás são bem-vindos, mas os rumos que o selo está tomando é de perder uma oportunidade de fazer algo diferente.

É um título recomendado para quem gosta desse mundo de jogos de sobrevivência, e não está saturado com eles, também é indicado para quem gosta de jogos e não tem o hábito de ler mangás, é uma porta de entrada honesta porém sem grandes pretensões sendo mais do que já existe no mercado.

Savanna-p06


FICHA TÉCNICA

Savanna-01

 Título: Savanna Game (サバンナゲーム The Comic)
Autor: Ransuke Kuroi (história) Eri Haruno (arte)
Editora: JBC
Total de volumes: 6 (ainda em publicação)
Periodicidade: Mensal
Valor: R$ 12,50

Pontos Positivos

  • Título para público de jogos;
  • Preço baixo;
  • Desenhos de diversos estilos.

Pontos Negativos

  • Personagens vagos;
  • Excesso de fontes;
  • Segundo mangá do selo, mas sem diferencial da linha normal da editora.

Nota Volume 1: ★★


Review – Bungou Stray Dogs, de Kafka Asagiri e Sango Harukawa (Volume 1)

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bungou stray dogs volume 1Pra você que quer conhecer mais do mangá antes do anime.

Com um anime que está por vir em 2016, venho trazer uma resenha sobre o primeiro volume de Bungou Stray Dogs – atenção, ênfase no “primeiro volume” – e que tenho grandes expectativas para que o mesmo alcance um grande público e seja uma das animações mais aguardadas para o ano seguinte. Sendo bem sincera, o coloquei na listinha de leitura justamente após ver o primeiro vídeo promocional, apesar de saber da adaptação a tempos. E o resultado? Uma redatora ansiosa para ver como a série vai se desenvolver a partir daqui.

image1A HISTÓRIA

Nakajima Atsushi foi expulso de seu orfanato, e agora ele não tem nenhum lugar para ir, além de estar totalmente sem comida. Em um momento que está de pé na beira de um rio, pensando estar à beira de morrer de fome, ele resgata um homem que havia cometido tentativa de suicídio. Esse homem é Dazai Osamu, e ele e seu parceiro Kunikida são membros de uma agência de detetives muito especial. Eles têm poderes sobrenaturais, e lidam com casos que são muito perigosos para a polícia ou as forças armadas. Eles estão rastreando um tigre que apareceu na área recentemente, no período em que Atsushi estava na área. O tigre parece ter uma conexão com Atsushi, e no momento em que o caso é resolvido, fica claro que o futuro do Atsushi vai envolver muito mais de Dazai e do resto dos detetives!

image2CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

De autoria de Kafka Asagiri e com arte de Sango Harukawa (também atende pelo pseudônimo 35 Hirukawa), Bungou Stray Dogs começou na revista Young Ace, da editora Kadokawa, em 2012. O mangá segue atualmente em seu oitavo volume e a dupla também é responsável pelas novels da série, que no momento se encontra no terceiro volume. Um anime que tem estreia programada para janeiro terá produção do estúdio BONES, com direção e roteiro de Takuya Igarashi e Yoji Enokido, respectivamente.

image3Vamos começar falando um pouquinho do ponto principal da obra? Os personagens. Nakajima Atsushi tem uma personalidade de protagonista bastante conhecida; do tipo “relutante” que ainda não tem noção do poder que carrega; o garoto órfão parece estar em conflito com seu passado e com o fato de ter entrado para uma equipe importante – considerando a possibilidade de algo acontecer nessa nova fase de sua vida e acabar obtendo mais arrependimentos. Atsushi ainda não me cativou. Ele não é um mau personagem, mas no meu conceito é dono de uma personalidade já saturada, que entre o “sim” e o “não”, ele escolhe o “não sei”. Osamu Dazai é o líder da equipe de detetives; do tipo inconsequente, que leva problemas aos outros sem sentir culpa e que se esquece da existência do senso comum, ele é o centro de humor da história e que toma atitudes que bem lhe convém. Dazai é meu segundo personagem favorito do mangá. Além de ser engraçado e descontraído, ele faz o tipo que não está nem aí para nada, quando na verdade pensa em tudo; consigo gostar até mesmo das suas tentativas fracassadas de suicídio – e espero que esse aspecto nunca o atrapalhe de fato, já pensou se dá certo? – que acabam deixando Doppo Kunikida bravíssimo. Doppo Kunikida… Ah, que homem! Sim, esse é o meu personagem número um até agora! E, me desculpem, mas como não gostar do “cold heart”, maduro e megane – fator muito importante aqui, inclusive, o torna o best guy na concepção dessa redatora – desse mangá? Isso non ecziste.

image9O que me incomodou – a ponto de ser bem perceptível desde o princípio – foi o modo como o autor elaborou o roteiro da história. O primeiro capítulo eu relevei, pensei que aquilo era uma introdução e que era aceitável; apesar de não poder contar spoilers, ele se resumiu em um mistério que foi resolvido (logo de cara) sem ao menos levar aquele gostinho de “quero mais” para o capítulo seguinte. O plot era bom, então continuei a ler, esperando que ele não voltasse a correr com o mangá, mas, o fez novamente. Asagiri abusa de clichês, porém, ao invés de trabalhar e desenvolver isso, tem pressa para que aquele aspecto seja finalizado e possa colocar outro no lugar. Não há tempo de respirar, de absorver as informações, são mais e mais acontecimentos sendo jogados para o leitor, deixando a “linha do tempo” da obra totalmente confusa. Isso é ruim? Em partes. Reclamo desse aspecto, entretanto, isso só prova uma coisa e que, sinceramente, é um dos motivos de continuar a acompanhar: Asagiri é criativo, que tem boas ideias e as coloca em ação, mas ainda não sabe trabalhar isso completamente. Obviamente não poderia estar comparando o autor comigo, porém, o entendo. Houve uma época em que adorava escrever e inventar histórias, as coisas aconteciam mais rápido em minha mente do que conseguia passar para o papel e, bom, isso me atrapalhava; de repente, não queria mais falar sobre parte X e queria adiantar parte Y, o que me fazia apressar uma determinada situação para chegar na outra antes de perder a inspiração. Tenho esperanças de que ele pegue mais pesado nesse quesito, pois é só nesse ponto que o mangá acaba pecando.

image5A arte é o ponto alto e agradável do mangá. Apesar dos personagens possuírem um design “genérico”, do tipo que já vimos por aí duas ou mais vezes, o desenhista sabe o que é fazer boas cenas de luta, e o principal destaque que deixo aqui são as expressões dos personagens no momento das batalhas; o pavor, o choque, a fúria e até mesmo a indiferença transmitem uma tensão ao leitor, que tanto o fazem admirar quanto ansiar por mais e mais páginas. Assim, é mostrado o verdadeiro potencial do artista ao fazer esses belíssimos desenhos de tirar o fôlego, comparados com a simplicidade de personagens sem tantas extravagâncias – como o Osamu Dazai e, o vilão da obra, Akutagawa são. O meu maior medo, agora com relação à adaptação em anime, é que essa característica se perca e que o atrativo visual acabe decaindo. Digo isso, pois surgiram imagens da animação – personagens incluso, óbvio – e Dazai parecia estar com um design bem inferior ao que realmente é. Espero que esteja enganada e que o responsável torne a obra que está por vir tão apetitosa aos olhos quanto a original.

image11COMENTÁRIOS FINAIS

O mangá tem de tudo para ser um sucesso. Um bom plot, arte de tirar o fôlego e uma animação bem próxima de seus fãs, porém, acredito que o roteiro deva ser trabalhado de uma maneira mais calma, sem pressa, sem a necessidade de confundir o leitor com mil fatores diferentes. Tenho esperanças de que Asagiri se vigie quanto a isso e, se a mesma o fizer, não há impeça Bungou Stray Dogs de cativar o público.

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Review – Boku no Hero Academia, de Kouhei Horikoshi

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O novo trunfo da Shounen Jump!

Lembro quando Naruto acabou. Lembro dos fanarts mostrando nosso ninja de cabelos loiros passando o bastão para um garoto franzino, estranho e com cara de medroso. Eu não botava fé apesar de tal série já mostrar que tinha futuro naqueles dias, desbancando outros “novatos”, assumindo o topo do ranking semanal e surpreendendo a todos com suas vendas. Mesmo assim eu não queria ver. Não queria aceitar que alguém pudesse conquistar aquele lugar, provavelmente pelo carinho que eu tinha por ele.

Fui idiota. Convencido pelo hype dei lugar a leitura dos primeiros 6 volumes de Boku no Hero Academia e entendi que todo o barulho pela série tinha um motivo real. Ela é excepcionalmente boa, divertida, emocionante, empolgante e explosiva. Com um anime prestes a ser lançado, estamos vendo o possível lançamento de uma série de sucesso imensurável prestes a se erguer.

Que comece o reinado de Deku e companhia.

Boku no Hero Academia Review (3)A HISTÓRIA

A humanidade desenvolveu poderes especiais em 80% de sua população, os chamados super poderes. Essas novas habilidades dão origem a uma sociedade dividida entre super heróis e vilões. Uma prestigiosa escola conhecida como “A Academia de Heróis” treina jovens com super poderes com o intuito de usar suas forças para proteger o mundo.

O estudante do ensino médio chamado Izuku Midoriya – conhecido como Deku, forma que é chamado pelo seu “amigo” de infância Bakugou – sonha em se tornar um herói mais do que qualquer. Mas ele faz parte dos 20% da população que não possui nenhum tipo de super poder. Apesar de seu sonho parecer impossível, ele pretende prestar o exame para ingressar na Academia de qualquer maneira, como parte do grupo para construir heróis. Porém tudo na vida de Deku pode mudar ao conhecer o herói mais poderoso e conhecido de todos, o espetacular All Might, que diante de um grande segredo resolve fazer de seu garoto o seu mais novo aprendiz em busca do poder supero.

Boku no Hero Academia Review (1)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

De autoria de Kouhei Horikoshi, Boku no Hero Academia (My Hero Academia) foi lançado na revista Shounen Jump em julho de 2014 – e teve publicação quase simultânea com a Shounen Jump US, nos Estados Unidos. Atualmente a série se encontra em seu sexto volume e já é considerada um sucesso absoluto da editora, sendo lançada também em diversos países. Até o fim dessa postagem o mangá ainda não havia ganhado publicação em território nacional.  Um anime produzido pelo estúdio BONES foi anunciado para o ano de 2016.

Boku no Hero Academia quebra paradigmas. Não que seja o primeiro mangá sobre super heróis. Pode ser que para alguns não seja nem mesmo o melhor, dependendo do que se encaixar nesse grupo. Claro, ainda está em andamento, então é sempre bom tomar cuidado pra não queimar a língua. Mas com certeza já é um dos mais populares, mesmo com tão pouco tempo de serialização. E por que isso? Porque definitivamente é o mangá mais divertido e ao mesmo tempo empolgante desse estilo. Se One Punch-Man consegue ser sensacional pela sua dosagem se comédia e tiradas do autor, Boku no Hero Academia junta o melhor do espírito shounen de superação e laços de amizade com o trivial herói norte americano. É claramente uma homenagem de um autor abertamente apaixonado pelos quadrinhos de Marvel e DC.

Boku no Hero Academia Review (6)E é nisso que está apoiada a história do mangá. Que criança nunca quis um super herói na vida e ser como seu grande ídolo? Quem nunca se viu inspirado pela ação daqueles heróis mascarados? Então basta imaginar esse cenário onde todos possuem super poderes, mas mesmo assim não abandonam em nada essa motivação. Nosso herói Deku é a nossa presença dentro da história. Ele vibra, chora, se esforça, admira e tenta se superar a cada desafio, mesmo não tendo nenhum super poder e recebendo o seu como um presente de seu maior ídolo. Percebeu? É quase como se perguntar “o que eu faria se tivesse poderes?” fosse o modelo para esse personagem.

Boku no Hero Academia Review (2)

Aliás, é com Deku que acontece o melhor núcleo de personagens. Ao lado do esquentado Bakugou e do poderoso Todoroki, o autor nos apresenta dois tipos muito distintos de rivalidade. Com o primeiro temos uma relação que segue desde a infância, enquanto com o segundo existe uma cumplicidade e respeito mútuo, cada um por sua motivação. Os três personagens se completam de forma competente, fazendo cada um valorizar o que há de melhor e pior no outro. Em um dos capítulo essa relação é dita pelo próprio All Might em relação à Deku e Bakugou “através dessa rivalidade eles despertam o que há de mais forte um no outro”, enquanto o pai de Todoroki fica surpreso ao ver como aquele garoto desconhecido consegue despertar todo o poder de seu filho. E tudo isso só é possível graças a forma como o autor decide expor cada ponto.

Boku no Hero Academia Review (4)

E isso é sensacional pois a cada capítulo você sente que um novo leque de possibilidades se abre para cada um dos personagens em questão. Quem nunca se pegou imaginando se Bakugou não cederia para o lado vilanesco pelo seu jeito agressivo? Ou se existe um traidor entre eles? Ou mesmo se algum dos alunos corre risco de vida em algum ponto decisivo?

Horikoshi sempre teve muita leveza em sua narrativa. Seus dois trabalhos anteriores (Sensei no Bulge e Oumagadoki Zoo), mesmo sendo cancelados depois de um tempo, nos mostravam uma obra com visual lindo, enquadramento impecável e uma composição visual que fluía naturalmente durante a narrativa. E em Boku no Hero ele aperfeiçoa isso e torna cada página e cada quadro um show a parte pra quem gosta disso. Além disso, seu principal problema nas obras anteriores, o timing e ritmo de andamento das histórias, é concertado aqui e torna cada capítulo um ritual de espera angustiante pelo próximo.

Boku no Hero Academia Review (5)É uma leitura que ao mesmo tempo que te satisfaz, deixa com um gancho ótimo para a continuação. Coisa fina. Além de toda a mescla do estilo artístico de mangás com o de comics americanas – o visual das capas de capítulos lembrando revistas Marvel e DC, as onomatopeias mais próximas do ocidental e a narrativa de quadros que consegue manter a estética do mangá e ao mesmo tempo dessa “internacionalização“. Ainda sobre a construção dos personagens e da arte da série, acho invejável a criatividade e ao mesmo tempo a inspiração que ele desenvolve no papel. Os uniformes, o design dos personagens (que não são poucos) e a forma de seus poderes são bem trabalhados e mostrados ao público.

Boku no Hero Academia Review (1)Falando em diversidade de personagens, falar dos mesmos e de todo apego que você sente por eles é essencial. Aqui Boku no Hero me lembra muito Naruto com a ideia de uma academia de super heróis e o crescimento de seus alunos. Assim como eu adorava ver os poderes dos outros estudantes de outros times em Naruto (arco dos selados é meu favorito por isso), acho incrível quando ele mostra o potencial dos outros alunos, suas motivações, suas ideias. Obviamente o destaque central fica para Deku, Todoroki e Bakugou, mas eu me apaixonei pelas personagens femininas como a Ochako, e realmente me empolguei com a Aliança de Vilões – grupo destinado a lutar contra os heróis. Pra não dizer que só elogio, infelizmente ainda não consegui a mesma afinidade pelos professores e heróis profissionais, apesar do All Might realmente ser incrível e se destacar no meio de todos eles (não a toa é o número 1). Suas lições de moral, seu cuidado com Deku, as tiradas bobas de comédia e a percepção de perigo somadas as qualidades na hora de combate. Além, é claro, de uma teoria interessante de que o autor se baseia nele para mostrar a queda de um herói e da ascenção de novos poderes na sociedade para continuar as lições que os antigos transmitiram. É mais um personagem que tem uma construção interessantíssima e que pode ser explorada mais a cada capítulo utilizado.

Boku no Hero Academia Review (2)COMENTÁRIOS FINAIS

Até o fim dessa resenha, Boku no Hero Academia conta com 67 capítulos que passam voando na leitura. Não seja o bobo que fui em deixar de acompanhar por medo de achar que é apenas “a busca por um novo sucesso”, assim como não seja o besta a falar que não quer saber mais da série quando a mesma alcançar o famigerado lugar de “modinha”.

O mangá hoje está onde está por méritos próprios, por suas evidentes qualidades e por ter tanto potencial a ser explorado. Pode ser longa? Pode. Provavelmente será. O mundo criado pelo autor abre portas para isso. Mas ainda assim, o que li nestes 5 volumes é o suficiente para ter a certeza que o título veio para ficar e se firmar entre os grandes nomes dessa década na Shounen Jump.

Boku no Hero Academia Review (4)


Review – Atelier (2015)

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Atelier Dorama HeaderMirei Kiritani e o primeiro dorama do selo Netflix.

Conhecida pelas séries e pelas grandes parcerias nas produções originais, como por exemplo os seriados Marvel, o Netflix aproveitou sua entrada no mercado japonês para investir pesado em um dos principais hobbies do povo local que acaba sendo difundido por outros países: doramas. Apesar de já contar com produções diversas japonesas e coreanas, o serviço de streaming precisava de mais. Depois de incluir animes que levam o selo Netflix devido a determinadas parcerias (como Sidonia no Kishi e Nanatsu no Taizai), chegou a vez do serviço firmar parceria com a TV Fuji – uma das mais importantes emissoras japonesas – para a produção de conteúdo original com seus atores de carne e osso. O objetivo é ter a série em exibição no Fuji TV On Demand no Japão, e ao mesmo tempo disponibilizar o mesmo para os 62 milhões de assinantes do serviço pelo mundo.

Foi assim que surgiu Atelier (que também leva o nome de Underwear em outros países). A série foi ao ar no final de novembro de 2015, estando disponível atualmente no Brasil todos os seus 13 episódios.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (3)A HISTÓRIA

Tokita Mayuko é uma jovem que acaba inesperadamente encontrando um emprego que lhe mudará a vida e que exigirá o máximo de suas qualidades. Seu trabalho será com uma marca de lingerie de luxo, a “Emotion”, feitos à ordem em Ginza. Na presidência da empresa, Nanjo Mayumi, é um ícone que alavancou a indústria de lingerie japonesa desde que a marca foi criada há 25 anos. Mayuko experimenta a confusão em um mundo com um novo conjunto de valores diferentes de qualquer outro que ela já tenha presenciado no interior, de onde ela vem. Mas ela acaba gradualmente entrando sob o feitiço de seu trabalho e cresce com a ajuda das pessoas ao seu redor.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (13)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

A equipe de Atelier apresenta o diretor Ryuuta Ogata e Naoko Adachi como o roteirista da série. Já no elenco, dinheiro aparentemente não foi problema para o Netflix, já que alguns nomes de peso marcam presença. A principal, sem dúvidas, é a atual queridinha das adaptações, Mirei Kiritani (Heroine Shikkaku, Assassination Classroom). Disputando as atenções, sua outra “protagonista” Mao Daichi (Rich Man Poor Woman). Temos também a atriz Maiko (Pin to Kona, Space Battleship Yamato) e Dori Sakurada (Kamen Rider Decade, Beck, Orange) aparecem compondo o elenco. No caso de Kiritani e Sakurada, respectivamente, percebemos que o Netflix não pensa em economizar, já que são dois atores que contam com produções em que atuam nas telonas.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (7)A primeira vista julguei Atelier com um “Chu-bra!” em dorama – sim, a redatora assistiu o anime ecchi ruim todinho sem pular um capítulo – e, bom, me arrependi amargamente dessa comparação ter me passado a cabeça – e de ter visto o anime, mas né. O segundo julgamento, novamente precipitado, que fiz foi comparar ele e o “Diabo Veste Prada” – aquele filme que já passou em tudo quanto é quadro “cinéfilo” da Globo – e que, apesar de terem uma ou outra coisa em comum, ainda não poderia ousar a misturá-los. Erro meu. O dorama tem como um dos assuntos principais a roupa íntima feminina que, ao contrário de certo anime flop, trata disso de forma sexy, mas ser sem vulgar. Aliás, talvez a primeira coisa que passe na mente da maioria das pessoas é que lingerie é ligada somente a sexo, a ser atraente para o parceiro de cama ou o que for, porém a série consegue quebrar essa visão da idade das cavernas. Ele trata de forma delicada e bem atual, tanto que em certo capítulo a Nanjo, dona da loja de calcinhas e sutiãs, diz que a mulher não se veste para os outros, se veste para si mesma. Será que foi nesse episódio que me apaixonei por ela? Uma mente tão aberta e contemporânea que tem tudo a ver com o que vivemos hoje em dia, com certeza não poderia ser comparada com a bruxa de filme da Sessão da Tarde.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (2)A relação que tive com as protagonistas ao longo da trama foi uma verdadeira montanha-russa. E, sim, protagonistas, no plural, final em “s”, até porque considerar apenas a Mayu como uma não faz jus a todos os elogios – ou até mesmo críticas – que fiz ao longo desta resenha, logo elas só são validas quando as duas são consideradas, juntas, as peças principais. Houve momentos em que só conseguia ter um certo desprezo com Nanjo – inclusive a primeira impressão que tive dela era de que ela poderia ser uma inspiração para alguma futura bruxa dos filmes animados da Disney –, mas, em outras, só conseguia admirar a personalidade forte da personagem. Mayu não foi diferente. Personagem chave quando se refere a comédia e que conseguiu me entreter durante vários episódios, mas que me fez ter vontade de mata-la quando abria a boca para falar tudo o que pensava e, no momento seguinte, estar de cabeça baixa se desculpando com todos – e, acredite, isso acontece até o último fim.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (1)Preciso ser sincera: da metade do dorama até o penúltimo episódio minha balança do “gostei ou não gostei” estava com saldo negativo para a série. Um dos pontos que mais me incomodaram foi a carga dramática que se sobressaia e não deixava os acontecimentos mais leves e mais cômicos terem seu espaço. Aquilo quase me fez droppar. Sei que muitos devem discordar da minha opinião impopular, mas os japoneses são os últimos da categoria que recorro quando o assunto é drama; a carga exacerbada não faz suas criações ficarem mais tocantes ou emocionantes, e sim, irritantes – entretanto, são mestres quando o assunto é a comédia e sempre me fazem rir com as cenas de “vergonha alheia”. Atelier não foge desse destino nipônico mesmo sendo um mestiço – olha o Netflix aqui de novo –, porém seu final me fez rever meus conceitos que, apesar de não ter mudado em sua maioria, sei que não teria me deixado com o mesmo gostinho se não houvesse tantas cenas “ruins” de drama. Previsível para muitos, mas, com certeza, não vi aquela onda chegar.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (6)Acredito que tudo pareça flores na minha resenha, mas: não. Tudo o que escrevi até agora foi tão sincero quanto a minha felicidade ao comprar sorvete de pudim no mercado, então, sim, devo acrescentar mais um aspecto negativo que influenciou a série como um todo. Há um foco enorme, por muitos considerado o “principal”, que seria a loja de lingeries, Emotion, porém acredito que não. O foco principal gira em torno de Mayu e, até mais, na de Nanjo e, sinceramente, não gostei da maneira como esse aproveitamento se estendeu. O tema é tão vasto e aberto que acredito que ele deixou a história se perder um pouco, ainda mais quando se focava na vida pessoal de Nanjo; dramático ao excesso, como disse anteriormente, e com cenas bem dispensáveis.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (8)Voltas demais para chegar em um ponto só.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (16)Não espere romance na série. Como diz um velho ditado: “quem avisa amigo é”. Ele é fraco? Não, não chega a ser isso. Há um toque de romance sim, mas não ao ponto de satisfazer os adoradores do gênero. Talvez muitos considerem o fator de forma negativa, mas só tenho a protestar contra quem teve ou tem essa ideia do dorama, pois ele não precisa desse apelo, não precisa das “bitches” que se interessam pelos homens de outras, dos triângulos, quadrados, ou a figura geométrica que for amorosa. Ele tem uma história para contar, um conteúdo para mostrar e que para isso não precisa se apegar ao famoso “clichê” para conquistar um público. Negativo para muitos, mas um ponto altíssimo para mim.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (11)COMENTÁRIOS FINAIS

Gostaria de falar um pouco do tema que Atelier aborda. Não estou falando de um tópico descarado, exposto para todos verem, e sim algo que só se percebe nos “momentos de reflexão pós-dorama” – sim, puramente coisa de gente de humanas, me desculpe. Nos últimos minutos do episódio final, a minha cabeça estava uma bagunça, agitada, inquieta, formulando todas as frases e sentimentos de minha experiência automaticamente. Isso virou uma mania que, agora, é incontrolável. Uma criação antes mesmo de ser escrita, antes mesmo de ser lida por outras pessoas, mas que me conforta; é mais rápido do que consigo acompanhar, porém me dá uma sensação de liberdade indescritível.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (15)Atelier retrata duas personalidades e julgamentos opostos, duas mulheres que em diversos momentos se encontram a beira do colapso profissional, mas encontram sua luz graças a pessoas que as apoiam, que admiram, e provam que suas criações são muito mais que simples projetos; elas os criam, depositam suas esperanças, perdem e ganham muitas vezes, mas, acima de tudo, amadurecem com suas próprias os mesmos. Atelier não é realista quando só observamos o foco óbvio, entretanto, ele carrega o que todos percebem, ou deveriam perceber, conforme o passar do tempo: somos as criações que fazemos e que jogamos fora, todas elas nos tornam o que nós somos e, como resultado final, nos fazem crescer.

Atelier Resenha Review ChuNan Netflix (9)



Review – Ponyo (2008)

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ponyoheaderO amor está no (m)ar!

É difícil descrever tudo o que o estúdio Ghibli consegue fazer com nossos pensamentos. É difícil entender a leveza e a forma como o estúdio e seus diretores conseguem atingir nossos sentimentos, nos fazendo sentir novamente como uma criança e fazer parte daquele mundo, daquela construção maravilhosa que nos é apresentada em forma de animação.

Recentemente corrigi mais um dos meus “erros” e vi um dos mais premiados e comentados filmes do Ghibli dos últimos anos: Ponyo. A primeira vista, tinha a impressão de que o longa era bobinho, infantil, sem um clímax aguçante. Julgava tudo isso só pelas imagens. E estava certo. Mas espera, espera. Não tirem conclusões precipitadas. A seguir eu lhes conto porque Ponyo é mais um dos clássicos de Miyazaki e o porquê eu ter me apaixonado pela fofa e apertável relação entre o ser humano e a prova de que o amor é maior que tudo no final.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (10)A HISTÓRIA

Sousuke é o filho de 5 anos de idade de um marinheiro. Ele vive uma vida tranquila em um penhasco à beira do oceano com sua mãe Lisa. Um dia fatídico, ele encontra um belo peixinho preso em uma garrafa na praia e ao resgatá-la lhe dá o nome de Ponyo. Mas ela não éum  peixe dourado comum. Filha de um assistente magistral e uma deusa do mar, Ponyo usa a magia de seu pai para transformar-se em uma jovem por vontade de estar com Sosuke, o qual ela aprende a amar. Mas o uso de tal magia poderosa provoca um desequilíbrio perigoso do mundo. Como a lua constantemente se aproxima da Terra, o pai de Ponyo envia poderosas ondas do oceano para encontrar sua filha. As duas crianças embarcam em uma aventura de uma vida para salvar o mundo e realizar os sonhos de Ponyo de se tornar humana e ficar ao lado de seu amigo e grande amor.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (5)CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

O penúltimo filme de Hayao Miyazaki. Só isso já deveria ser argumento suficiente para muitos conferirem Ponyo. Saber que a grande inspiração para Miyazaki foi A Pequena Sereia, como dito por ele em 2009 na Comic Con, é outro ponto. Lançado em 2008 pelo estúdio Ghibli, o longa conta com uma história original do mestre e foi produzido pelo estúdio cerca de 2 anos antes de seu lançamento (!!!). O filme gastou cerca de 4 milhões de euros em sua produção e é considerado um dos mais injustiçados por nem ao menos ter sido indicado para o Oscar pela Academia (em um ano onde só existiam 3 indicados, pasmem). Mesmo assim a obra ainda conseguiu faturar prêmios no Festival de Veneza, um dos mais importantes do cinema do mundo. Em sua exibição por todos os países, ele faturou mais de 200 milhões de dólares. No Brasil, o filme estreou nos cinemas brasileiros em 2010 – com o nome de “Ponyo – Uma amizade que veio do mar” – tendo vendido cerca de 20 mil ingressos no total. Atualmente Ponyo está disponível no Netflix com legendas em português, tendo já sido lançado no Brasil em DVD pelo grupo PlayArte.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (8)E o objetivo dessa resenha é desfazer uma injustiça. Por anos eu tive preconceito com Ponyo, encarando a produção de uma forma e me afastando da vontade de assistir ao longa. Por sorte, as coisas mudam.

Ponyo é visto por muitos como uma crítica socio-ambiental do Ghibli com os tempos modernos. Mais que modernos, pela cultura japonesa de destruir e “condenar” suas águas. Para quem não sabe, existe uma discussão ferrenha sobre a matança de baleias ao redor do país, e toda uma tese concreta de como isso afeta o ecossistema marinho da região. Espécies ameaçadas são cada vez mais comuns naquele lugar. Em Ponyo vemos um pouco como seria a discussão “do outro lado”. Uma criatura semi humana que protege os seres “especiais” dos mares e ao mesmo tempo a curiosidade de uma em especial de conhecer o mundo “de cima”. Com uma dose de mágica, obviamente. Sua mãe – a grande divindade dos mares – e seu pai, um ex-ser humano que decidiu se dedicar a cuidar de criaturas do mar e evitar que elas cruzem o caminho com os “malvados seres da superfície”.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (2)Ponyo é uma dessas que ele tenta proteger, principalmente por sua mãe ser exatamente a maior divindade de todas. Uma criatura fofa, que sai em busca do mundo humano e acaba se apaixonando por um garotinho, Sousuke (o qual Miyazaki afirmou que se baseou em seu filho, Goro Miyazaki – hoje também diretor – na época em que o menino tinha 5 anos de idade), que está disposto a proteger a mesma não importa o quanto isso possa parecer difícil para um garotinho de 7 anos. E essa relação é o que faz o filme ser tão especial, tão significativo. Não é a magia de Ponyo ou de outras criaturas, é o amor puro entre duas crianças, o carinho, a cumplicidade. É o amor que muitas vezes os adultos esquecem que existe, o qual não se trata apenas da relação “casal”.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (4)E isso é mais uma grande sacada da produção. Ponyo poderia abordar dezenas de outros temas, mas é no fato de ser um filme verdadeiramente infantil que ele se apega e segue a fórmula até o fim. Não é difícil encontrar produções americanas que se baseiam nesse tipo de conceito, entregando questionamentos sociais leves, mas sem deixar a essência infantil de lado. Lembro que um dos motivos de ter demorado tanto para assistir esse longa se deu ao fato de que todas as pessoas insistiam que “é infantil demais”, como se isso fosse algum tipo de desmerecimento. E não podemos parar para pensar dessa forma.

Dia desses, lá estava eu no trabalho conversando com um dos colegas sobre cinema e o fato de filmes serem bons ou não. E o comentário dele foi muito pertinente: O filme não ser do seu gosto não o torna automaticamente ruim. Antes de julgar assim, procure saber o público alvo e se aquele material está sendo feito para você. Julgue um filme pelo que ele te oferece, e não pelo que você espera dele. O erro é seu em tirar conclusões precipitadas.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (2)E isso é um fato! Ao associarmos Ghibli a Ponyo, automaticamente esperamos um enorme conto de fadas para ser digerido por um adulto de forma mais inteligente, com mensagens implícitas e personagens que nos transportam para as telas. Ponyo não faz isso… Com você, talvez com seus 20~30 anos, não sei. A mensagem é passada de forma leve, indireta; as críticas sociais servem apenas como pano de fundo, sem ter a preocupação de se tornar o ponto principal da história, que é o amor entre duas crianças.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (3)Ao falarmos sobre os aspectos técnicos da animação, porém, aí sim podemos encarar o estúdio como um todo. Quando assistimos uma animação Disney, Pixar, DreamWorks ou qualquer que seja, esperamos algo que mantenha o nível pois sabemos do potencial de tais produções. E mais uma vez o Ghibli não decepciona. A fotografia, a paleta de cores, as cenas “mágicas” e todo o trabalho de dublagem e sonorização é incrível. Em um dos ápices da animação, na cena de uma “enchente” (qualquer coisa mais que isso seria spoiler) você não consegue não ficar deslumbrado. Ponyo é o primeiro filme desde Princesa Mononoke a usar técnicas de animação e colorização tradicionais, o que dá ainda mais um charme para a produção. Talvez exatamente por isso você não sinta o mesmo feeling em outras produções mais recentes como A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado e até Vidas ao Vento – todas ótimas animações, obviamente.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (1)COMENTÁRIOS FINAIS

Se você foi daqueles que julgou Ponyo somente por ser uma obra do Ghibli, releia meus pontos e tente encarar o filme com outros olhos. Tente imaginar (não que todos consigam) que o seu eu criança está assistindo ao longa e se deliciando com a aventura, com aquelas paisagens incríveis, com um filme em que não há um mal. Ponyo pode não ter ganhado o mesmo destaque e projeção de outros clássicos do estúdio, mas consegue se superar e entregar um filme gostoso, divertido e com a cara de Miyazaki. O fato do diretor ter se inspirado em A Pequena Sereia torna tudo ainda mais fantástico e a fantasia fica ainda mais deslumbrante.

Em pouco mais de 1 hora e 40, você se apega a doçura das crianças, ao sentimento dos pais de Sousuke, da participação das senhorinhas que amam o garotinho e de todo o ambiente em que se passa o filme. Aquela vila, aquele local, realmente se torna aconchegante na tela, lhe transmite uma mensagem de família (Ohana!). Se você for a fundo, percebe todas as pequenas mensagens de “crianças, não joguem lixo no mar!” ou “seja forte, você já um mocinho/mocinha” para as crianças de plantão, as mais espertinhas.

Ponyo Filme Resenha Netflix Ghibli Miyazaki Screen (1)Isso faz parte de toda a pureza e toda a leveza de Ponyo, um filme impossível de não se apaixonar.


Review – Fate/Stay Night, de Dat Nishiwaki (Volume 1)

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Review-FateStayNight-Header“Eu lhe pergunto. Você é meu Mestre?”

Durante o Fest Comix de 2015, em um dia que podemos chamar de #Fateday, a editora Panini anunciou o mangá de Fate/Stay Night, a famosa franquia de jogos, animes e colecionáveis chega ao país com sua versão em mangá.

A adaptação em mangá é de autoria de Dat Nishiwaki, tendo sido publicada na revista mensal Shonen Ace, da Editora Kadokawa, entre os anos de 2006 e 2012 e compilada em 20 volumes. A conhecida adaptação para anime foi feita por dois estúdios. O Studio Deen lançou 24 episódios baseados na rota Fate em 2006 e o filme para a rota Unlimited Blade Works em 2010. O estúdio Ufotable, o mesmo do anime de Fate/Zero, lançou 26 episódios entre os anos de 2014 e 2015 em sua versão para a rota Unlimited Blade Works, e anunciou que produzirá uma filme para a rota Heaven’s Feel.

O jogo original de mesmo nome é do tipo Visual Novel Eroge e foi desenvolvido pela TYPE-MOON, escrito por Kinoko Nasu e ilustrado por Takashi Takeuchi, tendo sido lançado para PC em 2004. Uma versão mais branda, Fate/Stay Night [Realta Nua], foi lançado para Playstation 2 em 2007, Playstation Vita em 2012 e para Android e iOS em 2015. Outros jogos da franquia foram lançados, nos mais diversos estilos e plataformas, mas todos tem como ponto de origem Fate/Stay Night.

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A HISTÓRIA

Em Fate/Stay Night temos a história de Shirou Emiya, cuja vida pacata muda completamente quando ele se vê envolvido em uma grande batalha entre sete Magos e sete Servos, seres poderosíssimos que buscam o Santo Graal, o cálice sagrado capaz de realizar qualquer desejo. Para impedir uma catástrofe como a que o deixou órfão, o rapaz firma um pacto com Saber, a bela guerreira de cabelos dourados  e olhos de jade que surge para defendê-lo.

Cronologicamente essa história se passa após Fate/Zero, material que será lançado no formato novel pela editora NewPOP. Mas não se preocupe: conferir Stay Night antes de Zero é quase como conferir a antiga trilogia de Star Wars antes da nova, ou seja, a forma correta seguindo a ordem de lançamento. Você também pode acompanhar ambos simultaneamente, já que as histórias se ligam em diversos pontos e revelam acontecimentos da outra com relativa frequência.

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CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

O mangá de Fate/Stay Night começa de forma um pouco diferente das suas versões em anime. Após uma breve recordação do passado, que é spoiler de Fate/Zero, temos, no lugar da rotina matinal de sua casa com a professora Taiga Fujimura e Sakura Matoh, a assistência de Shirou ao presidente do conselho estudantil em consertos no colégio. Com essa diferença de ritmo as batalhas pelo cálice sagrado já começam no meio do primeiro capítulo, com Shirou sendo “morto” pelo servo Lancer após ter visto a batalha dele com outro servo, mas ele volta à vida de uma forma misteriosa.

Os fatos que se seguem apresentam as regras da guerra, como a de que não deve haver testemunhas e por isso Lancer persegue Shirou até sua casa, mas o garoto invoca Saber, a sétima classe de servo participante da guerra, que termina o primeiro capítulo com a arrepiante frase “Eu lhe pergunto. Você é meu Mestre?”. Caindo na história de paraquedas Shirou presencia a luta de Saber com Lancer, que recua após seu golpe mortal falhar e Saber descobrir a real identidade do herói, uma desvantagem enorme para o lanceiro. Não entendendo ainda as explicações de Saber outros servos e mestres aparecem, nesse momento Shirou descobre que Rin Tohsaka, uma popular estudante do colégio é uma maga participante da Guerra do Cálice Sagrado, mestra do servo Archer.

Como Shirou não entende a situação que se encontra cabe à Rin explicar melhor do que se trata a batalha dos sete Mestres e sete Servos pela posse do cálice sagrado, o Santo Graal, um artefato onipotente que realizará qualquer desejo. Shirou também é apresentado ao padre Kirei Kotomine, o supervisor da Igreja Kotomine para a quinta guerra do cálice sagrado. Como faltava apenas o sétimo mestre participante se apresentar à igreja os demais mestres estavam na espreita para atacar e a mestra Illyasviel von Einzbern ataca os dois mestres com seu servo Berserker, o guerreiro louco. As sangrentas batalhas pelo cálice sagrado começaram de uma forma alucinante.

FSN106Os magos e servos são personagens marcantes, mesmo que tenham características típicas de mangás shonen até então, no primeiro volume não se explora tão a fundo. Shirou é o protagonista que segue a jornada do herói tradicional. Saber é uma personagem feminina forte, não apenas nas habilidades de combate, mas tem uma aura muito nobre e imponente. Rin tem um papel de guia para a história, ganhando destaque quando aparece, mais uma personagem forte. Lancer é um personagem misterioso, porém também serve de guia até o aparecimento de Rin. Illyasviel e Berserker são uma dupla de psicóticos, a frágil pequena mestra e a montanha de músculos ensandecida. Kirei tem um papel de orientação por  conhecer todos os participantes e presenciar a guerra desde seu início.

A arte do mangá tem como base a original do jogo criado por Takashi Takeuchi, mas o traço de Dat Nishiwaki tem suas diferenças, principalmente no rosto dos personagens, que são mais redondos e com um queixo mais marcado, mas as cenas de batalha e a composição com as onomatopeias demonstra muito bem o movimento. O traço lembra Carnival Phantasm e Take Moon, anime e mangá que fazem paródia de diversas franquias da TYPE-MOON no aniversário de 10 anos da mesma. Uma curiosidade apresentada no final do volume é que o autor não utiliza a tradicional técnica de desenho em nanquim, ele desenha tudo diretamente no computador, um caso interessante e de quebra da tradição do nanquim no papel.

O enredo do mangá segue seu ritmo e se distancia do jogo ao apresentar situações que mesclam rotas do jogo original, fazendo com que ele tenha a sua própria rota. Ao descartar situações conhecidas com personagens secundários na trama, como acontece com a Taiga e a Sakura, permite um foco maior na guerra pelo cálice, mas o aparecimento de situações cotidianas no decorrer da obra são fundamentais para que o fato de uma guerra estar ocorrendo nas sombras da sociedade não seja tão evidenciada.

FSN146A EDIÇÃO NACIONAL

Fate/Stay Night é um mangá que poderia ter vindo ao Brasil antes, mas o mercado nacional atual está muito mais maduro para receber a obra, caso tivesse sido lançado na época do anime do Studio Deen não teria aproveitado o atual bom momento da franquia Fate, com animes melhores produzidos e jogos nas mais diversas plataformas. Um sinal de maturidade do mercado nacional é a Panini e a NewPOP terem conversado para escolherem a melhor forma de adaptar vários termos recorrentes nos títulos da franquia que as duas estão publicando, demonstrando um cuidado com a franquia no país. É esse tipo de atitude que amadurece o mercado nacional e faz as editoras japoneses terem bons olhos para as editoras brasileiras que buscam licenciar obras. Uma atitude para se agradecer e parabenizar ambas as editoras.

A adaptação do mangá está muito boa, não trouxeram aquelas traduções estranhas da época que o anime foi dublado e exibido no extinto Animax, mas ainda falta saber como ficarão outros termos importantes do mangá que não apareceram no primeiro volume, o que ocorrerá em breve, já que o título é mensal. O primeiro volume não possui glossário, que pode aparecer nos próximo volumes, algumas coisas precisam de um texto mais longo para se entender e também para explicar quem são os espíritos heroicos dos servos. Ao final se tem um texto muito bom que explica o motivo de algumas adaptações, um texto excelente para se ler antes ou depois da leitura. O editor da obra no Brasil, o Diego M. Rodeguero, é um grande fã da franquia “Fate” e de todo o “Nasuverse” e ter um fã editando o material é certeza que está em boas mãos e que mais pessoas se tornarão fãs.

A parte gráfica do mangá tem pontos bons e ruins. Vamos falar logo do ponto ruim que é o papel, aparenta ser de uma gramatura maior, porém é um papel diferente do utilizado em Tokyo Ghoul, tem outra textura e foi impresso na mesma gráfica que a grande maioria dos mangás do país, uma bola fora enorme da Panini voltar para a mesma gráfica depois de ter feito várias experiências diferentes e interessantes em outras gráficas. Agora os pontos bons, o preço que a obra conseguiu ser lançada foi muito bom para uma edição que tem páginas coloridas e marca página acompanhando a primeira edição, além do verso da capa colorido que traz a imagem da capa inteira, compraria até mais de uma edição se fosse um pôster. O letreiramento do mangá está bem fluido, uma leitura bem dinâmica e rápida, os últimos lançamentos que li de forma tão dinâmica foram Ataque dos Titãs – Antes da Queda e Ultraman. A capa nacional está melhor que a original, não só no melhor aproveitamento da quarta capa, mas como também nas cores mais vivas.

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COMENTÁRIOS FINAIS

Fate/Stay Night é o mangá ponta de lança para a franquia Fate no Brasil, existem muitos outros títulos da franquia que merecem chegar ao país, assim como outros produtos. O fato de estar sendo lançado com a novel de Fate/Zero no país, e o cuidado que as duas editoras tiveram, é importante para que se crie e aumente as bases de fãs da franquia. Como o mangá tem periodicidade mensal os 20 meses passarão rapidamente, quem sabe não vem o mangá de Fate/Zero na sequência.

Para quem não conhece a franquia recomendo que comece pelo mangá de Fate/Stay Night, para que conheça o ambiente da Guerra do Cálice Sagrado de uma forma menos densa e quando sentir que já entende melhor o universo comece a ler Fate/Zero também, mas tenha consciência de que revelações sobre o futuro de Stay Night podem acontecer, assim como há de Zero em Stay Night. Este é apenas o início da Guerra do Cálice Sagrado, invoque seu servo e esteja pronto para as batalhas que virão.

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FICHA TÉCNICA

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 Título:  Fate/stay night
Autores: Dat Nishiwaki (quadrinhos) e TYPE-MOON (original)
Editora: Panini
Total de volumes: 20 (concluído)
Periodicidade: Mensal
Valor: R$ 12,90

Pontos Positivos

  • Adaptação e padronização de termos;
  • Página coloridas e marca página por um preço baixo;
  • Capa com cores vivas;
  • Saber.

Pontos Negativos

  • Papel do miolo;
  • O protagonista;

Nota Volume 1: ★★★★★


Review – Taihen Yoku Dekimashita, de Sato Zakuri

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taihen yoku dekimashita headerSegunda obra da autora resenhada aqui no ChuNan.

Antes de começar a resenha, preciso confessar um detalhe que está entalado há algum tempo: achei que não tinha mais pique para shoujos. Minha empolgação de hoje não se compara com cinco anos atrás, não se compara com a Miyuki que ficava jogada no sofá a madrugada inteira só surtando com os machos, as bitches, as heroínas. Também cheguei a acreditar que pararia com a escrita de vez, mas, como diz uma amiga minha, “escrever liberta”. Ela está certa. Escrever liberta, ler liberta, assistir liberta, viver liberta, e todo esse tempo estive pensando exatamente no oposto, no que me prendia. É sem nexo, mas quero voltar a fazer o que me deixa livre, o que me faz viver e isso é só um pedaço. Só o começo.

image5A HISTÓRIA

Uma garota que se muda para poder fazer amigos!? Nonoyama Botan é uma garota que passou a vida toda sem amigos devido a diversas situações, mas que decide tentar mais uma vez ao ingressar no ensino médio em um internato. A vida de Nonoyama foi um desastre durante nove anos, mas será que ao se aproximar de Amatou, o garoto que diz não precisar de amigos, sua vida mudará!?

image2CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Publicado entre os anos de 2014 e 2015, Taihen Yoku Dekimashita. é um mangá de Sato Zakuri – autora de Mairunovich – concluído em 5 volumes encadernados. A série foi lançada na revista shoujo Margaret, da editora Shueisha, alcançando uma recepção mediana e ganhando algumas capas da mesma.

image8Sou uma grande fã da Sato Zakuri como autora. A acompanho faz pouco tempo (acredito que desde 2011) e como leitura assídua das obras da mangaká posso afirmar o quanto a mesma evoluiu nesses últimos anos; alguns aspectos ainda permanecem – temas como bullying ou uma protagonista com problemas para se socializar não são novos – e até mesmo seus personagens – a mocinha mais ingênua e o personagem masculino protetor – são marcas registradas, a essência dos mangás de Sato. Nessa obra em específico, a autora resolve tomar alguns rumos diferentes que, confesso, me surpreenderam. Comparar Mairunovich, sua obra anterior, com essa última é quase um choque. Primeiro pelo traço da história mais recente ter um salto absurdo quando se trata de qualidade e beleza; os desenhos de Sato nunca foram os mais bonitos, nunca chegaram aos pés de suas colegas de trabalho – como, por exemplo, a Yamamori Mika, autora de Hirunaka no Ryuusei, e que também tem seus mangás publicados na revista Margaret –, mas é incrível como agora ela sabe fazer bem uma maior quantidade de cenas que são dignas de printscreens e de virar papel de parede do celular; mesmo na resenha de Mairunovich tive certa dificuldade para escolher imagens para ilustrar o post.

image10Porém não vim só dar elogios a sensei e sim comentar o modo como ela estruturou a série desta vez: ela saiu de sua zona de conforto justamente por causa do tema escolhido – que apesar de ter sido usado outras vezes, dessa vez foi diferente – ela quis algo novo. Inverteram-se os acontecimentos e, como isso não é matemática, a ordem dos fatores alterou o resultado. Ela ousou. Mas qual foi o preço dessa “ousadia”? O valor que ela pagou foi alto, um desfecho de história um tanto quanto diferente, que obedece ao que lhe foi proposto, mas talvez não tenha atendido as expectativas de seus leitores que estão tão acostumados com os bons clichês usados não só em shoujos como também no gênero romance.

image4Nonoyama Botan é o segundo tipo de protagonista que mais gosto (as “fortes” vem em primeiro lugar), pois apesar de demonstrar fraqueza, ser absurdamente ingênua e estar sozinha em boa parte do mangá, ela não desiste. Ela tem a total consciência de que não consegue se socializar, de que erra, porém tenta; eu não consigo não admirar essa personagem que luta o mangá todo para conseguir o que mais quer: amigos de verdade. Amatou Haruto, assim como Nonoyama, não se socializa com as pessoas, mas ao contrário da menina, em seu caso é pelo simples fato de não querer amigos. Amatou é um perfeito tsundere que diversas vezes fala para Nonoyama não tentar ser amiga dele, para se afastar, mas que ao mesmo tempo protege a protagonista quando a mesma está em perigo. Essa é uma das características que mais gosto nos personagens masculinos de Sato Zakuri: ela não faz com que eles sejam aqueles personagens desgraçados que fazem a heroína sofrer a história toda, eles são como os personagens masculinos secundários só que sendo os… principais. Faz sentido? Bom, o que quero dizer é que Amatou protege a Nonoyama. Talvez não esteja lá o tempo todo, porém sempre o faz diretamente, sem segredos, sem cobrar nada em troca. E a definição perfeita para ele é um dos pensamentos de Botan: “Ele é como um gato arisco que não quer que ninguém se aproxime. Tão fofinho!”.

image6Geralmente só descrevo os personagens de que mais gosto ou os que aparecem com frequência no mangá – sejam eles amigos de protagonistas, as bitches ou até aqueles que deveriam ser os principais e não são –, nesse caso, deixei apenas os detalhes de Nonoyama e Amatou, porque até a metade da obra eles são os únicos que realmente permanecem, que estão lá todos os capítulos. É estranho. É nesse aspecto em que a autora troca a ordem dos acontecimentos; ela prefere desenvolver primeiro os dois principais e depois envolver outros personagens que começam a entrar na vida de Botan. Tanto que essa é uma das características que não me agradaram: o casal é fofo, é engraçado e cativa seus leitores, mas são só eles. Há um vazio que só é preenchido para aqueles que não desistem de Taihen Yoku Dekimashita.

image1Apesar de Taihen ter todo um enredo de drama, ele é uma comédia que se disfarça em seu roteiro. Não aconselho para aqueles que esperam um desenvolvimento sério quanto ao tema “bullying” ou que aguardam todo aquele sermão e a dura realidade em um mangá, pois ele não é assim. Não é esse o foco. Milhares de pessoas passam por maus tratos na infância, adolescência ou na fase adulta, mas ele não está ali para colocar o dedo na ferida e depois jogar sal por cima; ele está ali para entreter e arrancar risadas de seus leitores. Não que a autora não saiba fazer drama – essa mulher sabe, ela samba nesse gênero, inclusive (quase) chorei em algumas partes de Mairunovich, e só não o fiz porque sou coldheart – porém ela opta em dar um ar mais leve desta vez, substituindo a carga emotiva por um misto de romance doki doki e por acontecimentos divertidíssimos – coisas que só shoujos fazem por você™.

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Antigamente costumava comparar o humor da Koda Momoko – autora de Heroine Shikkaku e Sensei Kunshu – com a de Sato Zakuri, já que ambas são especialistas em desenhar expressões cômicas em suas personagens. Com essa última leitura, tive que abrir uma “subcategoria” entre as duas mangakás; Momoko puxa seu dom do humor para as caretas bizarras, assustadoras e estranhas – fazendo jus às protagonistas mais “maliciosas” que cria – enquanto Zakuri faz expressões mais simples, mais fofas, que cabem muito bem em suas personagens delicadas e inocentes. O resultado é quase o mesmo – risada atrás de risada –, mas é engraçado como até nesse pequeno detalhe elas tentam realçar ainda mais a personalidade de suas personagens.

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COMENTÁRIOS FINAIS

O final deixou um gosto estranho na boca, não ruim, mas também não tão bom, apenas… desconhecido. Acredito que é por isso que mesmo Taihen Yoku Dekimashita não tenha conseguido superar Mairunovich no meu conceito. Vi algo diferente e que não estava esperando. No fim, isso só me faz ficar ainda mais ansiosa para a próxima obra da autora – que inclusive já foi anunciada e virá com o nome de Anagura Amelie –, pois sei que apesar de estar a tantos anos na área, é justamente agora que ela começou a evoluir a ponto de conquistar um público maior.


Review – Fate/Zero, de Gen Urobuchi (Volume 1)

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fatezeromanga“Aqui vos convoco.”

Durante o Anime Friends de 2015, em um dia que podemos chamar de #Fateday, a editora NewPOP anunciou a light novel de Fate/Zero. O livro é derivado da famosa franquia de jogos, animes e colecionáveis de Fate/Stay Night.

A light novel é de autoria de Gen Urobuchi com ilustrações de Takashi Takeuchi, tendo sido publicado originalmente em 4 volumes de forma independente para lojas de doujinshi em 2006. A publicação de forma oficial através de uma editora ocorreu apenas após o lançamento do anime em 2011 e 2012, sendo revisada e reorganizada em 6 volumes. Até o lançamento do anime o autor tinha o desejo de que a história de Zero chegasse apenas naqueles que realmente conheciam a franquia, mas com a popularização da saga muito mais pessoas queriam ter acesso ao material original, chegando agora ao Brasil.

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A HISTÓRIA

Fate/Zero contra a história da Quarta Guerra do Santo Graal – o quarto duelo supremo travado entre sete grandes magos que invocam seus Espíritos Heroicos para disputar um artefato de poder inimaginável, capaz de realizar qualquer desejo do vencedor. A guerra acontece a cada 60 anos e já teve sua conclusão adiada por três vezes. A cidade Fuyuki recebe os setes magos para mais uma vez decidir quem obterá o cálice onipotente. O cálice foi criado originalmente pelas famílias Eizbern, Tohsaka e Matoh (antiga Makiri) séculos atrás, mas durante as três guerras anteriores não chegou a uma conclusão. Com o objetivo de conseguirem o cálice, cada qual com seus próprios objetivos, as famílias fundadoras, os demais magos participantes e até mesmo a Igreja, que tem o papel de supervisão da guerra, se lançam dos mais diversos estratagemas e alianças para alcançarem o sucesso da batalha. A guerra começou!

Cronologicamente essa história se passa antes de Fate/Stay Night, material lançado no formato mangá pela editora Panini. Mas não se preocupe: conferir Zero antes de Stay Night é quase como conferir a segunda trilogia de Star Wars antes da antiga, ou seja, a forma cronológica da história, mas não a de lançamento. Você também pode acompanhar ambos simultaneamente, já que as histórias se ligam em diversos pontos e revelam acontecimentos da outra com relativa frequência.

Novel-Frente-LombadaCONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Fate/Zero começa com um prólogo de 8 anos antes do início das batalhas da quarta guerra, mas mesmo tanto tempo antes já se relaciona com Stay Night ao apresentar o nascimento de Illyasviel von Einzbern, filha de Irisviel von Eiznbern e Kiritsugu Emiya, que viria a ser o pai adotativo de Shirou Emiya, protagonista de Stay Night. Parece até maluquice pensar que em Stay Night Illyasviel já tem 18 anos dada a sua aparência, mas como sua mãe era uma homúnculo dos Eiznbern seu amadurecimento é diferente, nem se sabe se ela chegará a ser adulta algum dia. Devido ao nascimento de Illyasviel, Kiritsugu está em uma batalha interna pois, como uma assassino de mago, não sabe se conseguirá destruir qualquer um que ameaçar a paz dos outros e manter o amor que encontrou ao se aliar aos Einzbern para obter o cálice.

As maquinações da guerra não estão apenas na casa dos Eiznbern, pois nesse período que antecede a guerra o padre Kirei Kotomine recebe as chagas dos Feitiços de Comando, marcas que lhe permitem participar da guerra invocando um servo. Como filho de Risei Kotomine, o supervisor da Igreja para a guerra, ele fica em uma posição que entraria em conflito com a associação de magos, mas acaba recebendo a ajuda de Tokiomi Tohsaka, o poderoso patriarca da família Tohsaka e pai de Rin Tohsaka, que o recebe como seu discípulo. Tokiomi também é um dos magos participantes da guerra e viu nessa aliança com um participante da Igreja uma oportunidade para ter vantagem na disputa.

A casa dos Matoh também participa da guerra, mas encontra-se em um grave crise, pois os herdeiros de Zouken Matoh não estão aptos para participarem da guerra e uma das famílias fundadoras acabaria ficando apenas como vigia da disputa. Zouken é forçando a procurar os Tohsaka para fazer valer um antigo acordo de ceder uma criança para a adoção dos Matoh, no caso Sakura Tohsaka, irmã de Rin, passou a ser conhecida como Sakura Matoh para que no futuro gere uma criança com grande poder mágico para a família.  Indignado com tal atitude por forçar uma criança Kariya Matoh, o filho de Zouken que havia abandonado a família, decide passar pelo tratamento dos “Vermes Marcados”, que forçariam seu poder mágico deixando-o apto para ser o participante dos Matoh da guerra, com o objetivo de acabar com essa loucura.

Saindo das famílias fundadoras e da Igreja somos apresentados a mais uma face dos participantes da guerra, que são os participantes externos, oriundos da Associação dos Magos da Torre do Relógio, que inicialmente teria a participação de Kayneth El-Melloi Archibald, o herdeiro da família Archibald e um poderoso mago e instrutor da associação. Porém, o jovem Wever Velvet em busca de reconhecimento descobre a história do cálice e acaba por furtar o item que o Lorde Archibald usaria para invocar seu servo e parte para Fuyuki para ser um dos participantes. Além dos dois magos um terceiro participante externo, o psicopata Ryunosuke Iryu, acaba entrando na guerra, por acaso do destino ou um capricho do cálice, e invocando um poderoso servo.

Novel-InternaOs servos não tem grande foco no primeiro volume. Lorde Archibald aparece pouco, seu servo, o Lancer, sequer é apresentado. A invocação da classe Berserker pelos Matoh nos ensina que é possível moldar o feitiço para escolher a classe do servo para compensar a falta de poder do mestre. O Assassin, servo de Kirei e único participante de todas as guerras do cálice até ali, é melhor explorado no material original, pois seus poderes e as motivações são melhores apresentados. Caster é pouco explorado, mas a sua aparição e o tipo de mestre que possui já é de se esperar que muita coisa ruim virá dessa dupla.

A tríade de reis, Saber, Archer e Rider, é a que melhor apresenta o ritual de invocação dos servos, de uma forma até mesmo didática e que mostra as diferenças dos seus mestres. A invocação de Saber pelos Einzbern é dotado de um ar nobre e puro na terra gelada da família. Tokiomi invoca Archer de uma maneira que mistura mistérios medievais com o luxo da nobreza ao utilizar suas poderosas joias. Já Wever invoca o carismático Rider de uma maneira primitiva e até inacreditável para o jovem mago. É na invocação deles e do Berserker que se pode contar como o início da guerra.

Grande parte do primeiro volume é criar o alicerce para as batalhas que virão, mas o grande ponto é que Gen Urobuchi traz todas as dores e pensamentos dos personagens, fazendo deles muitos reais, palpáveis e verídicos. As disputas de poderes, as alianças políticas e os desejos dos personagens só fazem com que se crie empatia e afeição a eles de um modo que sempre se quer saber o que irá ocorrer. Te prende e te segura na leitura de uma forma muito forte.

Muito interessante é o posfácio do autor que fala muito das motivações de não ter feito uma publicação de grande circulação, pois na livraria a capa de um livro pode vender muito bem, mas ele queria que aqueles que conhecessem mesmo o universo de Fate tivessem acesso ao material, que revelou ter as próprias pernas. Quem também percebeu isso foi a autora de Fate/Stay Night, Kinoko Nasu, ao ver onde a obra estava chegando.

Novel-OrelhasA EDIÇÃO NACIONAL

A publicação de Fate/Zero vem em uma boa hora para a franquia no país. No mesmo dia em que a NewPOP anunciou a light novel a Panini havia anunciado o mangá de Fate/Stay Night. No primeiro momento foi uma notícia estranha e de certo receio, pois são obras de uma mesma franquia saindo por editoras diferentes. Foi aí que um sinal de maturidade e bom diálogo aconteceu: as duas editoras conversaram para entrar em acordo da melhor forma para adaptar vários termos recorrentes nos títulos da franquia acontecesse. É claro que acontecem diferença, como a guera ser referenciada na light novel como “do Santo Graal” e no mangá como “do Cálice Sagrado”, mas como a primeira está mais ligada a questão tradicional da guerra, um termo mais ligado à Igreja está em melhor sintonia.

A tradução do material está de um nível muito bom. Esse cuidado e refinamento entre as editoras contribui para isso mesmo que não seja o mesmo tradutor nos dois materiais. Um termo que poderia muito bem ser traduzido é o “Noble Phantasm”, Hougu no original, que fica nesse estrangeirismo desnecessário, a tradução para “Fantasma Nobre” não ficaria ruim. Uma pena é não poder dizer o mesmo para a revisão da NewPOP que melhorou muito em relação a outros materiais da mesma, mas ainda apresenta problemas. Em alguns momentos de conjugação verbal, preposições e plurais, em outros parecem haver espaços duplos e erros de aplicação de itálico, sobretudo na classe dos servos. O pior erro mesmo é a falha de revisão do nome de Illyasviel, que aparece mais vezes com letras trocadas do que na grafia correta.

As características físicas do material são muito semelhantes aos das light novels de No Game No Life, o formato pocket (10,6 x 14,8 cm) é prático para carregar e o papel avena deixa a leitura muito confortável, sem cansar os olhos. Não sou um grande fã do formato, o de Number Six (12,8 x 18,7 cm) é mais confortável e talvez poderia ficar mais vistoso e com um pouco mais de arejamento, não que seja um fator que afaste a leitura, tem sido prático carregar o livro para sempre dar uma relida. A capa é um forte atrativo, para quem conhece a figura da Saber a atenção é imediata, mas também chama quem não conhece o título, uma pena é ser um título que não vai para as bancas.

Novel-CompletaCOMENTÁRIOS FINAIS

Fate/Zero contribui muito para o já grande universo de Fate ao explicar como muita coisa surgiu. Não entra em todos os intricados problemas das guerras passadas, nem mesmo a questão de supervisão da igreja vai muito a fundo. Com o sucesso retumbante que é o universo de Fate não seria surpresa se um dia a TYPE-MOON decidisse por explorar o passado, seja na forma de jogos, mangás, livros, animes etc.

O fato de estar sendo lançado com o mangá de Fate/Stay Night no país, e o cuidado que as duas editoras tiveram, é importante para que se crie e aumente as bases de fãs da franquia. É uma obra curta, o número de páginas dos volumes é bem variável, mas que deve levar quase todo o período de lançamento do mangá para ser publicada.

Para quem já acompanha o universo de Fate é uma leitura obrigatória, por melhor que tenha sido o anime é na light novel que tudo se originou. Quem já acompanhou outras obras de Gen Urobuchi, como os animes de Adnoah. Zero, Mahou Shoujo Madoka Magika e Psycho Pass, a novel de Black Lagoon e a série de tokusatsu Kamen Rider Gaim é um convite que leia Fate/Zero, foi aqui que Urobuchi começou a moldar seu peculiar estilo narrativo.

A NewPOP tem sido a editora que mais tem se arriscado em trazer light novels ao país, algumas fechadas, como Fate/Zero, já outras em aberto, como No Game No Life. A importância da publicação de Fate/Zero é marcar a importância da editora em inovar e trazer materiais diferentes para o mercado. Fate/Zero é o ponto de origem da franquia de Fate, mas para o mercado nacional é um dos marcos para o crescente mercado de light novels, que os caminhos traçados pela Guerra do Santo Graal sejam o prelúdio para uma guerra por mais light novels.


FICHA TÉCNICA

FateZero01-novel
Título:  Fate/Zero
Autor: Gen Urobuchi
Editora: NewPOP
Total de volumes: 6 (concluído)
Periodicidade: Bimestral
Valor: R$ 24,90

Pontos Positivos

  • Adaptação e padronização de termos;
  • Personagens altamente carismáticos;
  • Leitura agradável;
  • Papel do miolo.

Pontos Negativos

  • Termos que poderiam ser traduzidos e não foram;
  • Revisão com problemas;
  • Poucas ilustrações internas.

Nota Volume 1: ★★★★★


Review – Dear Sister (2014)

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dearsister2014Um dorama que conseguiu me satisfazer em (quase) tudo.

É difícil fazer resenhas de doramas. Sejam eles japoneses, coreanos, chineses ou o que quer que sejam. Provavelmente porque fomos criados a mercê da televisão que nos entope diariamente de enlatados americanos. Não quer isso seja ruim. Eu também amo séries americanas. Mas isso nos faz acostumar a absorver este tipo de conteúdo e achar diferente tudo que possa aparecer em nossa frente. Basicamente é isso que muitas pessoas sentem – e daí, a aversão ao estilo, a forma de atuar, a produção e até mesmo dos atores – que em alguns casos chegam até a contracenar em Hollywood, mas que passam despercebidos na maior parte das vezes dentro do próximo cinema asiático.

Na verdade, não sou o dono da resenha que começa no próximo parágrafo. Mas sou a pessoa que mais incentiva para que a pessoa em questão faça este tipo de textos. Não só porque ela é fã de novelas asiáticas, mas principalmente porque ela consegue captar grande parte desse poder crítico ocidental com determinados tipos de obras. É isso que você perceberá nas avaliações, tanto positivas quanto negativas, de Dear Sister. Confira abaixo a resenha de alguém que “é como você”.

Vale lembrar que você pode assistir Dear Sister completo e legendado em português lá no Drama Fever!

DearSister

A HISTÓRIA

Fukazawa Misaki, 27 anos, e Hazuki, 29 anos, são irmãs que são totalmente o contrário uma da outra, tanto em estilo de vida quanto em personalidade. Embora elas possam ferir os sentimentos uma da outra, elas também compensam as deficiências uma da outra. A bela Misaki é a típica irmã mais nova que é boa em se fazer de “menininha”. Ela não se saiu bem academicamente, mas sabe se virar muito bem. Depois de terminar o colegial, ela saiu de casa e desapareceu. Mas um dia, ela repentinamente se muda para o apartamento de Hazuki e comporta-se totalmente diferente desde então. No entanto, Misaki tem um segredo que guarda para si… Hazuki trabalha em um escritório de custódia e decidiu reunir suas forças para se casar rapidamente com seu namorado que trabalha no mesmo escritório. Ela é do tipo de presidente exigente, super organizada, mas é um pouco socialmente desajeitada. Hazuki sente que Misaki ganhou todo o amor de sua mãe na infância. O que vai acontecer agora que Misaki foi morar com ela? Hazuki também tem um segredo que ela não pode dizer a Misaki. Quando estas duas irmãs se chocam ao viver sob o mesmo teto, seus valores começam a mudar pouco a pouco.

CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Dear Sister foi um dorama exibido em 2014 pela emissora japonesa Fuji TV, do dia 16 de outubro até 18 de dezembro. A série teve 10 episódios no total e conta com a atuação da famosa e querida Ishihara Satomi. A música tema da obra é “Happiness” da cantora Che’Nelle e a música de abertura é “BF” da dupla moumoon.

DearSister

Hazuki é a irmã mais velha. A mulher trabalha como funcionária pública, tem uma vida estável, série e bem… Morna. Ela é a responsabilidade em pessoa. Misaki já é o oposto de sua irmã; a caçula vive sua vida como bem entende, faz suas rebeldias e, apesar de parecer se importar só consigo mesmo, ela age pensando no bem das pessoas. É com certeza um dos pontos positivos do dorama, sendo uma personagem de destaque não só na série, mas também para quem assiste.

Dear Sister até certo ponto consegue me satisfazer, mas… Acredito que minha cota para os dramas japoneses já tenha se encerrado nesse ano, pelo menos para os que não forem de comédia. Assim como Atelier – última série japonesa que assisti – Dear Sister não foge daquele drama exagerado e da velha receita nipônica de sempre acrescentar um ingrediente que faça os personagens sofrerem mais do que deveriam. Esse é o fator que não me deixa gostar 100% de um dorama. Ao contrário dos coreanos – que tem uma fórmula de comédia no início, drama no meio e resolução no final – os japoneses gostam e abusam no quesito drama, fazendo com que ele esteja em toda a obra, aliviando apenas no final, se a história tiver que ter um final feliz. A única categoria que foge dessa tragédia é a de comédia, na qual recomendo fortemente. Dear Sister já vinha com a premissa de que Misaki, a irmã mais nova, guardava um segredo, mas na verdade acaba sendo dois segredos – dois que ela guarda de sua família e um que ela guarda do espectador – e, claro, não poderiam dar uma trégua com a melhor personagem da obra e acabaram jogando todo exagero para cima dela quando foi “necessário”.

DearSister

Falando nesse mesmo exagero, a história começa a desandar depois que Misaki finalmente revela seu segredo, a partir desse momento há uma mudança um tanto quanto radical com a personagem; ela deixa de ser a rebelde e passa a agir com responsabilidade, tendo consciência do que é certo ou errado. Entendo o fato de que essa característica faria com que a protagonista evoluísse, mas a essência não é a mesma. É decepcionante. Outro tópico decepcionante é o romance; ao contrário do relacionamento entre as duas irmãs, Misaki e Hazuki, ele não é tão bem desenvolvido e parece estar lá por estar, para chamar a atenção dos telespectadores. Não importa com qual das personagens seja, o relacionamento amoroso aparenta ser forçado e nunca entendemos por completo se elas gostam de alguém ou não e, quando finalmente expressam seus sentimentos, eles não chegam a quem assiste. Se tivesse a opção de escolha, o dorama só teria tido esse romance todo por parte da Hazuki, mas da Misaki é bem dispensável – inclusive torci, e muito, para que ela não se envolvesse com ninguém.

Talvez tenha dado para perceber, mas amei o papel da Ishihara Satomi como Misaki – aliás, me pergunto se gostei mais da personagem ou da atriz que a interpretou. Misaki, como já disse antes, é uma protagonista viva, que consegue passar toda a sua energia para quem assiste, porém os méritos também são da Ishihara Satomi. A atriz basicamente incorporou o papel da garota rebelde e vale ressaltar as expressões e as vozes que ela faz em vários momentos – seja em cenas em que precisa parecer mais fofa ou em cenas em que é uma completa desleixada. A atuação da atriz só me deixou ainda mais animada para acompanhar seus outros trabalhos, deixando uma pequena observação que a mesma está ativa nos dramas, sem um único ano de pausa, desde 2003 e participando em obras importantes, como por exemplo, “Rich Man, Poor Woman”. No ano passado Satomi participo de uma série chamada “5-ji Kara 9-ji Made”, que é uma adaptação de um mangá shoujo de mesmo nome, da autora Aihara Miki – sinceramente, estou ansiosa para assistir, só estou em dúvida se leio o mangá antes, haha.

DearSister

Sendo bem sincera só comecei a assistir Dear Sister por causa de um comentário de uma gringa, no qual ela dizia que esse tinha sido o melhor dorama que havia acompanhado nos últimos anos e que já estava nessa vida fazia tempo. Li a sinopse do drama e pensei: “mas como é que uma história pode ser tão boa sendo que o foco principal são duas irmãs?”. Com esse pensamento eu quebrei a minha cara. Dear Sister mostra um potencial absurdo, com um assunto clichê, mas que é tão bem trabalho e desenvolvido que acaba sendo animador acompanhar a vida de Misaki e Hazuki, de poder ver como a caçula começa a planejar e moldar a vida da mais velha – mas, claro, de um jeito radical. Já falei uma vez, mas repito: é a ponto mais alto e que seria ainda melhor se não houvesse romance na série. Não há o que acrescentar, só assistindo para entender.

Além de caprichar nas personalidades de seus personagens, Dear Sister não falha com a parte estética. Há dois cenários que me deixaram babando com tamanha perfeição ao construir o cenário: o primeiro é o Apple Seed – restaurante que Hazuki frequenta, no qual o dono é um homem interessado na mesma – tanto o lado de fora quanto o lado de dentro combinam bem com a proposta do local, que é de fazer comida com vegetais e frutas do próprio restaurante, se existisse mesmo adoraria poder fazer uma refeição lá de tão aconchegante que parece; o segundo cenário que mais gosto é a casa de Hachi – melhor amigo de Misaki –, no qual é um trailer com um quintal que tem uma piscina-pista-de-skate, é criativo e combina com o personagem montado. Outra característica que entra nessa parte estética e que amo é o senso de moda que colocaram em Misaki – tanto que em determinado momento a mesma começa a trabalhar com isso –, todas as roupas tem um estilo jovem e descolado, tanto que viraram produtos oficiais e foram postos a venda no Japão.

COMENTÁRIOS FINAIS

DearSister

Apesar de ter preferência por dramas coreanos, Dear Sister acabou sendo um ótimo achado. O desenvolvimento acabou sendo surpreendente com algo que não tinha expectativas e graças a pequena quantidade de episódios, a série não estagnou na minha lista. A história não entra para os meus favoritos, mas com certeza recomendo para os fãs de dramas japoneses que procuram o famoso “algo mais” e não contam apenas com o romance como atrativo.

DearSister

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Review – All You Need Is Kill, de Obata, Takeuchi & Sakurazaka

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AllyouneediskillA JBC ataca novamente com mais um título do mestre Takeshi Obata.

“Viva. Morra. Repita.”

“A morte é inesperada. É rápida. E impiedosa.”

All You Need Is Kill - 10All You Need Is Kill é jogar no certo.Baseado na novel homônima que recebeu uma adaptação hollywoodiana chamada Edge of Tomorrow (em português, “No Limite do Amanhã”), a obra foi lançada pela editora JBC primeiro em 2014 – em duas edições no formato tankobon – e em 2015 – em uma edição especial 2 em 1, em offset, com páginas coloridas, laminação fosca e verniz localizado na capa. De sobra, a obra foi desenhada pelo mesmo desenhista de Death Note, Bakuman e Hikaru no Go, Takeshi Obata.

Apesar de seinen, All You Need Is Kill muitas vezes passa a impressão de ser um “shounenzão de porrada” graças a narrativa, mas depois ele acaba demonstrando um tom mais pesado por conta de seu roteiro e arte.

All You Need Is Kill - 6A HISTÓRIA

Os humanos estão em guerra com seres chamados de “Mimetizadores”, ao qual não se sabe absolutamente nada, apenas que querem destruir a Terra. No meio disso temos Keiji Kiriya, um recruta que está prestes a encarar a sua primeira batalha. Antes desta batalha, Keiji acorda desesperado depois de um sonho onde é dizimado junto com os seus companheiros pelos Mimetizadores. Ele achava que era apenas um sonho, mas aquela havia sido a sua primeira morte. Keiji está em um looping. Toda vez que morre acaba voltando ao momento em que acorda. Como sair dessa?

CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

História original de Hiroshi Sakurazaka, roteiro de Ryosuke Takeuchi e desenhos de Takeshi Obata, All You Need Is Kill foi lançado semanalmente na revista Young Jump (Gantz, Terra Formars, Tokyo Ghoul, Elfen Lied, Zetman) no ano de 2014, totalizando 17 capítulos compilados em 2 volumes e publicado no Brasil pela Editora JBC em dois formatos.

Durante a primeira leitura, pela internet, certos pontos da narrativa e do roteiro ficaram confusos, quem sabe pela tradução/adaptação. O que não aconteceu na segunda, já que tudo ficou mais claro e consegui entender certos plots e contextualizações, ainda mais falando na parte narrativa. Tentem uma segunda leitura se isso também afetou sua leitura, a obra ficará mais interessante. Durante esta, você pode acabar interpretando o final de maneira diferente, o que acaba tornando a série mais rica e proveitosa.

All You Need Is Kill - 1O primeiro capítulo já te prende muito bem. Com a ação, narrativa e principalmente a dúvida de “onde o autor quer chegar”. Durante o primeiro volume é explicado o desenvolvimento de Kiriya como um guerreiro, a maneira que ele começa a enxergar as “mortes” e como fará pra ficar cada vez melhor no campo de batalha. Um ótimo início.

As mortes são sempre insanas e muito bem desenhadas. Impactantes a nível de você esquecer do loop e achar que o personagem realmente morreu ali. Além disso, elas são tratadas de uma maneira bem diferente neste mangá, já que você começa a não se preocupar mais com elas em certo ponto. Isso de certa maneira é intrigante. Principalmente nos últimos capítulos.

O que me incomodou bastante são os “Mimetizadores”. Não há explicação nenhuma sobre o que eles são, ou porque eles estão atacando a Terra. Isso acabou me frustrando, já que era uma das coisas que mais me atraiu na série. Tanto no mangá, quanto no filme, você é colocado do nada dentro dessa guerra e não há nem uma explicação sobre isso? Particularmente não gostei, acho que poderia ter sido mais explorado. Isso pode ter acontecido graças a limitação de ser uma mini-série. Já no livro, essa explicação deve existir e, quem sabe, a história comece de uma maneira diferente.

All You Need Is Kill - 11A série é bem fechadinha, mas apenas dois volumes acabam “prendendo” o desenvolvimento de várias coisas. É tudo muito rápido e corrido em certos momentos, como o “carinho” de Kiriya por Rita, que até agora não consigo ver de onde surgiu tudo aquilo. Graças a isso, você acaba não se importando tanto com os personagens. A história não é “profunda”; ela é simples e direta.

Mas onde a obra realmente brilha é na ação, digna de um filme hollywoodiano. O traço de Takeshi Obata é um dos mais conhecidos e aclamados dos mangás atuais. Aqui ele não faz diferente. Cenas desenhadas com todos os detalhes possíveis são de encher os olhos a cada virada de página. Desenho sensacional, limpo, sombreamento, cheio de detalhes, com ótimos ângulos. Tudo isso faz com que as cenas de ação sejam fluídas, bem trabalhadas e “entendíveis”. Ouviu Kishimoto?

All You Need Is Kill - 3A EDIÇÃO NACIONAL

Todas as obras recentes de Takeshi Obata são lançadas no Brasil pela JBC, então esse era só uma questão de tempo. Death Note é um dos, senão o título mais importante da JBC, nada mais justo que a editora continue apostando (maneira de se falar, porque hoje em dia quase não é uma aposta) em obras do mestre.

A primeira edição foi lançada no formato pequeno (12x18cm) que a JBC vem utilizando, que é bem simples e se aproxima do formato japonês. Essa primeira edição foi lançada em papel jornal 52h, ou papel brite para os mais “técnicos”, com capas internas coloridas e capa espelhada, 218 páginas – naquela época onde os mangás da JBC tinham um excelente papel, denso, com uma boa alvura e quase sem transparência que dava gosto de ler. Já a edição especial, que é dois em um, foi lançada em um formato maior, com 434 páginas, igual aos relançamentos de Éden e Blade, com páginas coloridas em couchê brilhoso, papel offset e capas com laminação fosca e verniz localizado nas gotas de sangue na logo. Esse papel tem sido utilizado pela JBC constantemente, cada vez mais e mais, porém não acho que ele seja um sinônimo de qualidade, já que em certos casos ele pode ser até pior que o brite. No entanto, nessa edição o papel sofre um pouco de transparência, mas nada que atrapalhe a leitura, fazendo com que os desenhos encham os olhos.

Ambas edições foram traduzidas por Edward Kondo, que traduziu Hikaru no Go, outra obra que o Obata desenha, além de Magi e Nura. Algo curioso é o tempo que se passou para o relançamento da edição especial. Foi apenas um ano entre as duas publicações, ambas durante a CCXP dos seus respectivos anos. Um período bem curto de tempo para uma republicação, ainda mais sabendo que as duas edições da versão “normal” não estavam esgotadas. Claro, o cuidado foi maior, a edição é mais bonita e as pessoas ficaram mais tentadas a um “volume único”, mas não tem como sabermos se foi uma boa jogada da editora. Não vi nenhum erro de revisão na primeira edição, já na segunda achei um, de digitação; já as adaptações, em sua maioria, se encaixam perfeitamente com o contexto do mangá.

All You Need Is Kill - 4COMENTÁRIOS GERAIS

All You Need Is Kill é uma obra simples, que no quesito roteiro e história não tem nada acima do normal.  A beleza da obra está na arte e nas cenas de ação que sempre te deixam empolgado.

“Mas vale a pena ler?”

Claro que vale. O tempo vai passar rápido, e quando você terminar, vai ficar chateado por não ter outro volume. As páginas vão passando e você vai ficando cada vez mais maravilhado com as cenas de ação e a rapidez com que seus olhos vão se deslocando de desenho pra desenho, de quadro pra quadro, de página pra página. Porém a obra tem seu “calcanhar de Aquiles”: o roteiro e a falta de espaço pra desenvolver melhor a história.

All You Need Is Kill - 2Graças aos desenhos de Takeshi Obata e a adaptação da novel para um filme, All You Need is Kill acabou ganhando uma atenção muito acima do normal e fazendo um ótimo sucesso – chegando no Brasil durante o mesmo ano em que começou e acabou no Japão. Para aqueles que assistiram o filme, ou pretendem assistir: são obras bem diferentes, tendo poucas coisas iguais no roteiro, inclusive o final. Podem correr atrás de ambos que valerá a pena.

All You Need Is Kill cumpre aquilo que prometeu, uma história despretensiosa sem nada “mirabolante”, cheia de ação, um excelente ritmo e lindos desenhos.


FICHA TÉCNICA

Allyouneediskillcapa

Título: All You Need is Kill (オールユーニードイズキル)
História Original: Sakurazaka Hiroshi
Roteiro: Takeuchi Ryousuke / Arte: Takeshi Obata
Editora: JBC
Total de volumes: 2 volumes ou Edição Definitiva
Valor: R$ 12,50 ou R$37,80
Compre na: Universo Lúmina ou AQUI

Pontos Positivos

  • Desenhos impecáveis;
  • Ideias interessantes, apesar de serem mal exploradas e executadas;
  • Melhor que muitos filmes de ação.

Pontos Negativos

  • Personagens sem carisma, incluindo os protagonistas;
  • A história acaba sendo pouco trabalhada por ser curta;
  • Final que divide opiniões, tanto em qualidade, como nos acontecimentos, já que tudo parece apressado.

Nota: ★★★


Review – Kuragehime, de Akiko Higashimura


Review – Vagabond, de Takehiko Inoue (Volume 1)

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Review - Vagabond Mangá HeaderA nova chance para o Musashi da vila Miyamoto!

Durante a CCXP 2015 a editora Panini surpreendeu a todos os presentes ao anunciar em sua palestra o retorno de Vagabond, mangá de Takehiko Inoue, baseado no livro Musashi, de Eiji Yoshikawa, que conta a história do lendário espadachim japonês.

Esta é a quarta versão do mangá no país e a última chance dele dar certo. A primeira versão da Conrad foi em meio-tanko, cancelada no volume 44 em detrimento à versão tanko/luxo. A segunda versão era uma edição de luxo, com um acabamento extremamente elogiado, o que refletiu em um alto preço para a época e acabou cancelada no volume 14. A terceira versão, pela editora Nova Sampa, manteve o acabamento luxo e foi uma continuação de onde a coleção havia parado na antiga editora, o que não atraiu novos leitores, acabou sendo muita fraca em vendas e cancelada após 4 volumes lançados.

O mangá de Takehiko Inoue é uma das obras-primas do mercado de quadrinhos japonês, não, do mundial. Foi vencedor do Prêmio Kodansha de Melhor Mangá em 2000, do Prêmio Cultural Osamu Tezuka em 2002 e indicado ao Prêmio Eisner em 2003 na categoria melhor autor/artista. Ele ainda está em publicação no Japão, atualmente com 37 volumes, e novos capítulos são lançados na revista Morning, da Kodansha, mas em um ritmo totalmente irregular pelo autor.

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (19)A HISTÓRIA

No ano de 1600 d.C., o Japão passa por um dos períodos mais turbulentos de sua história. O clã Toyotomi unificou o país, mas acabou enfraquecido após a campanha militar na Coreia e enfrentava resistência para ter seu líder Hideyoshi, e seu sucessor Hideyori, serem reconhecidos como o Shogun devido a sua origem camponesa. Aproveitando-se da situação fragilizada Tokugawa Ieyasu reuniu diversos clãs do leste do país para enfrentar o governo do clã Toyotomi. A grande luta entre os dois clãs ficou conhecida por Batalha de Sekigahara e teve como vencedor Tokugawa Ieyasu, que se tornou o primeiro Xogum do Xogunato Tokugawa. A batalha era formada por soldados experientes, mas muitos camponeses, que sonhavam com a fama e a glória se alistavam nos exércitos combatentes. O jovem Shinmen Takezo, ao lado de seu amigo Hon’iden Matahachi, deixa a vila Miyamoto para lutar na Batalha de Sekigahara como soldado do clã Toyotomi. Os dois acabam do lado derrotado e devem sobreviver em um caminho repleto de dúvidas e incertezas. Acompanhe a jornada de combates sanguinolentos e desafios espirituais desse destemido espadachim, que ficou conhecido pela posteridade como o grande samurai Miyamoto Musashi!

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (15)

CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Vagabond começa com uma desgraça, uma enorme derrota, talvez uma das maiores na vida de Miyamoto Musashi, na época Shimen Takezo. Estando do lado derrotado na Batalha de Sekigahara o início da história é a fuga dos derrotados. Como os exércitos reuniam soldados treinados e cidadãos comuns em busca de ascensão social, ao matar um grande oficial da força contrária os que não conseguiram tal feito ou não foram mortos em batalha deveriam fugir, para não morrerem na mão de bandoleiros e saqueadores ou do exército do novo governo do Xogum Tokugawa.

Shimen Takezo e seu amigo Hon’iden Matahachi são o retrato da classe camponesa da sociedade medieval japonesa, vivem no campo e tem seu dia a dia fixo em uma rotina sem grandes mudanças e somente o sucesso na guerra pode mudar a vida dos jovens. Takezo está em uma camada mais abaixo ainda por ser considerado um selvagem até mesmo pelos outros moradores da vila Miyamoto.

Por retratar uma época longínqua e do outro lado do planeta – o que não é uma situação tão próxima ao do leitor – trata-se de um fato que o vencedor conta a história. Takezo está no lado derrotado, mas isso não abalou seu espírito. Ele está vivo e lutar com a espada o faz não desistir do futuro, mesmo que sangue tenha que ser derramado. É a sobrevivência do mais forte, é o árduo caminho da espada, é o caminho de uma lenda.

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (12)

O “Musashi” do primeiro volume não está nem perto da lenda conhecida, ele é realmente retratado como um bicho selvagem. Matahachi é um retrato típico do herdeiro de uma família, mesmo que seja uma camponesa afastada dos grandes centros, e quer uma vida fácil sem o trabalho sem mudanças do campo, embora esse tipo de atitude faça-o cair em muitas enrascadas como ir para uma guerra em busca da ascensão social ou ceder à luxúria, traindo sua noiva prometida e a confiança de sua família.

Ainda não há a figura humana de um antagonista, mas existe sim um antagonista para os soldados derrotados. A luta de Takezo não é contra uma pessoa, é contra a sociedade que o afasta, reprimi e condena. Estar do lado derrotado na guerra só complica a situação, tornando-o um bandido fugitivo frente ao exército do novo governo, mas é dessa situação adversa que uma lenda surge, uma lenda se constrói.

Takehiko Inoue não faz uma história em quadrinhos em Vagabond, faz uma obra de arte a cada quadro. Páginas vibrantes, emocionantes, com vida e morte, uma arte que se comunica com o leitor. Embora existam muitos filmes sobre Musashi, Vagabond nunca teve uma versão animada ou cinematográfica e atribuo esse fator principalmente à arte. Por mais habilidosos que sejam os artistas e mais recursos que tenham os estúdio não há como outras mídias se comunicarem com os leitores como o mangá de Vagabond faz.

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (9)

A EDIÇÃO NACIONAL

Vagabond teve uma nova tradução, mas pela mesma tradutora das outras versões, e a diferença de 10 anos da primeira versão colaborou muito para que o texto esteja mais refinado e com uma linguagem mais atual, embora trate de um mangá histórico. O que também colaborou com tal fato é que o primeiro volume teve dois editores, acredito que não deve se manter assim nos próximos volumes, mas ter mais de um editor no primeiro volume ajuda bastante a sedimentar as bases da publicação dali para frente.

A quarta publicação de Vagabond trouxe uma qualidade gráfica diferente ao que foi utilizado nas outras versões lançadas por aqui. Está em um patamar intermediário entre a primeira versão de luxo e o que vem sendo adotado no mercado pela editora, deixando o produto final com uma qualidade muito boa e um preço mais acessível, bom para quem está conhecendo a história de Musashi hoje e para aqueles que vão recomeçar. O letreiramento do mangá está excelente, interfere pouco na arte e não tem legibilidade prejudicada para ficar bonito esteticamente. O volume tem menos página coloridas, mas é a versão que foi licenciada, outras editoras no Brasil e no mundo podem ter comprado as páginas coloridas a parte ou colorizado com autorização do licenciante. A capa não é espelhada e segue a original japonesa, com o logo marcante do título em verniz e as orelhas com os poemas e aquarelas do autor. Não tem a sobrecapa como a original, o que colabora para não subir o preço e, sendo bem sincero, é bem descartável ter isso, a sobrecapa teria que ser em um papel de baixa resistência e maleável, que estraga com o tempo e gerando uma descontentamento futuro.

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (10)

COMENTÁRIOS FINAIS

Se existe uma chance de Vagabond dar certo no país – e se livrar da maldição que persegue o título – é essa. O fato de estar reiniciando faz com que mais pessoas tenham acesso e até mesmo quem vendeu suas versões antigas da Conrad voltem a colecionar. A publicação de Vagabond no país já virou um mito que, no mínimo, desperta a curiosidade do leitor em adquirir o primeiro volume.

Esse é um dos títulos que considero obrigatório para leitores de mangás, não por ter um grande artista como seu autor, mas por trazer uma jornada de fortalecimento e amadurecimento. Ao retratar a história tão intrigante de uma figura lendária de uma forma mais fácil de ser absorvida a expansão da curiosidade em buscar saber mais sobre o tema e também conhecer obras novas aumentar. Quanto mais se lê, mais se aprende, melhor pessoa se torna.

Não fique preso a gêneros, demografias ou qualquer outra coisa do tipo, confira essa grande obra e apoie essa grande chance da obra-prima de Takehiko Inoue chegar aos leitores brasileiros da forma que merece e num preço que parece alto, mas entrega uma qualidade muito boa para que leitores frequentes de mangá, e até quem não tem tanto contato, leia e aprenda sobre um dos maiores guerreiros da história japonesa.

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (13)

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (11)

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (8)

Vagabond Mangá Panini Resenha Volume 1 (3)


FICHA TÉCNICA

VAGABOND#01

 Título: Vagabond
Autores: Takehiko Inoue
Editora: Panini
Total de volumes: 37 (ainda em publicação)
Periodicidade: Mensal
Valor: R$ 17,90

Pontos Positivos

  • Nova tradução;
  • Acabamento gráfico;
  • Lançamento desde o início.

Pontos Negativos

  • Capa suja com facilidade;
  • Menos páginas coloridas.

Nota Volume 1: ★★★★★

 


Review – The Wedding Eve (Shiki no Zenjitsu), de Hozumi

Review – Ore Monogatari, de ARUKO & Kazune Kawahara (Volume 1)

Review – Something About Us, de Lee Yun Ji

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something-about-usDe longe, a melhor webcomic lida nesse ano.

Por mais irônico que soe, não sou uma pessoa que coloca o gênero romance no topo das preferências, longe disso. Raramente – beirando ao “nunca” – encontro um filme de romance que tenha interesse e, apesar de ler N títulos shoujo e josei, torço o nariz sem nenhum arrependimento quando vejo que a melosidade de uma história ultrapassa o limite do que consigo aguentar. Porém, eu tenho um ponto fraco, o tipo que me torna outra pessoa quando leio ou assisto obras o contendo, e esse ponto fraco se chama… Romances de melhores amigos! Na categoria de melhores amigos, tenho um favorito para todo o tipo de mídia, como por exemplo… Filme? Simplesmente Acontece. Drama coreano? The Time We Were Not in Love. Mangá? Hachimitsu ni Hatsukoi. E agora na divisão dos manhwas eu finalmente achei um xodó: Something About Us.

ori_1A HISTÓRIA

Apesar de estarmos próximos, há uma barreira que não pode ser atravessada. Nossa incerta relação – calorosa como as cores em tons pastel, mas que é incapaz de queimar ardentemente como as cores primárias. Do Gayoung e Han Woojin se consideram melhores amigos, mas há algo no relacionamento deles que é difícil de descrever. Os outro sempre os veem como “algo mais”, apesar de ambos sempre negarem. O que acontecerá com essa “amizade”?

ori_7CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Something About Us (Our Relationship Is; 우리사이느은) é um manhwa de Lee Yun Ji que começou a ser publicado em 2014 pelo site de webcomics Lezhin – uma plataforma muito semelhante ao Line Webtoon, porém paga. Em 2015 a série ganhou sua tradução oficial em inglês também pelo Lezhin, que desta vez abria as portas para o mercado digital americano. A obra está em andamento e conta com dois volumes e cerca de novento capítulos publicados até o momento.

Sendo leitora assídua da subcategoria, posso dizer que o mais irritante é ficar torcendo o tempo todo por uma declaração porque “eles claramente se gostam”, só que nessa história em específico… não é bem assim. O personagem masculino principal, Han Woojin, não dá sinal nenhum de que ele goste de sua melhor amiga, a não ser como “sua irmã mais nova”, algo que ele diz o tempo todo na série. Essa é a parte que confunde tanto a Do Gayoung quanto o próprio leitor; não há como cobrar uma declaração partindo da heroína sendo que o pior pesadelo da mesma seria perder a amizade do primeiro e melhor amigo. Aliás, é conflitante tomar essa iniciativa quando a trama é repleta de flash backs mostrando cada passo da relação deles, desde o momento em que meramente não são davam bem até a condição atual.

ori_6Uma outra característica que consigo diferenciar facilmente de outras obras que já li é o fato da autora não restringir sua narrativa, seus pensamentos, somente para a protagonista. Mesmo sendo minoria, ela ainda inclui capítulos direcionados aos antagonistas, mostrando acontecimentos que o leitor já viu no começo da obra só que com uma visão diferente, ou ainda conta algo inédito, bem voltado para o pessoal do personagem – como acontece com a rival da Do Gayoung, Oh Yoojin, onde em certo capítulo é narrado sobre o relacionamento passado dela. O engraçado é que o leitor consegue ter uma noção ampla do que se passa na cabeça de diversos personagens, porém essa condição se torna limitada para aquele que o mesmo tem mais curiosidade: Han Woojin.

A característica que com certeza me chamou a atenção logo de primeira foi o traço da autora. Há quase dois anos explorando os quadrinhos coreanos, esse, sem dúvida, é um dos mais bonitos que já vi. Lee Yun Ji mantém um traço minimalista, simples, que fica bem evidente ao desenhar os olhos e os cabelos dos personagens – e também perceptível na protagonista, Do Gayoung -; são desenhos sem tantos detalhes ou traçados e que ao invés de deixarem a impressão de uma arte “desleixada”, acaba optendo o resultado contrário, dando um toque leve para as ilustrações. Além disso, a autora é quase uma Yamamori Mika quando se trata de roupas, sempre vestindo seus personagens com trajes dignos de idols e modelos coreanos – mesmo os personagens secundários são estilosos.

ori_5-2“Seria cômico, se não fosse trágico”. Essa frase define o modo como Lee Yun Ji insere os rivais em Something About Us. Fico me questionando o que pode ser considerado mais revoltante e frustrante: alguém surgir do nada e se declarar, ou ao invés disso, estar presente na vida do personagem, mesmo sem marcar tanta presença, e se confessar. Pois é justamente com essa segunda opção que a autora joga; ela prepara o terreno, conta relatos, te distrai, para no momento certo mostrar que aquilo ia acontecer mesmo que fosse de baixo de seu nariz. Me sinto em uma batalha de amor e ódio com a construção de trama que ela faz.

O que amo, de verdade, nessa webcomic é a protagonista. A Do Gayoung, ao mesmo tempo em que ela tem um melhor amigo, é como se estivesse lutando sozinha para manter tudo intacto, para que tudo dê certo para as pessoas ao seu redor, apesar disso significar sacrificar a própria felicidade. Ao contrário de protagonistas de séries do gênero, não há como pressioná-la para se declarar, como disse anteriormente. Ela tem todos os motivos do mundo para se manter na defensiva. Para piorar, a autora judia dela de n formas, desde os flashbacks do ensino médio – que não tem conexão com Han Woojin e sim com seus próprios traumas – até o momento em que ela se vê rodeada de pessoas que só querem seu mal. A autora faz uma narrativa tão incrível que o leitor realmente sente dó da Do Gayoung, eu mesma só queria poder abraçá-la, colocar no potinho e mimar com cafunés. Ela é a vítima na qual os outros enxergam como criminosa. Mas o incrível, o que faz com que me apaixone pela heroína, é que ela não abaixa a cabeça na maior das dificuldades.

ori_5Enquanto tenho uma relação de puro amor com Do Gayoung, não consigo me sentir da mesma forma com Han Woojin. Por mais que torça para que ele seja o personagem que terminará com a protagonista, é como se ele não fosse realmente o melhor amigo dela. Ele a defende quando ouve coisas vulgares sobre ela, sempre procura estar ao lado da amiga, mas é graças a ele que a Do Gayoung passa por dificuldades – o que é irônico, pois em um momento anterior ele é justamente aquele que “a salva”. Ele a faz mal na medida que a faz bem.

Talvez o único defeito de Something About Us se deva pelo fato de que no começo, a história é um pouco parada, demora até realmente aparecer algo interessante. Confesso que não foi na primeira tentativa que levei as dezenas de capítulos nas costas e sim em uma segunda, semanas após ter começado a acompanhar a obra.

ori_2-2COMENTÁRIOS GERAIS

Preciso destacar uma coisa: sim, eu adorei a obra, mas é justamente por ser apaixonada pelo tema; se você não gosta desse tipo de história, duvido que vá passar a gostar necessariamente por causa dessa. Apesar de tudo, acabei escrevendo algumas coisas que são diferenciadas entre os genéricos que existem por aí, talvez, na tentativa de levar mais pessoas a conhecer meu novo xodó.

O manhwa me cativou completamente. Depois da leitura ele entrou para a lista de webcomics favoritas, só perdendo para The Stories of Those Around Me – que já teve resenha no site e você pode conferir AQUI. Como se trata de uma série ainda em andamento, devo dizer que tenho receio de que a autora acabe criando conflitos desnecessários entre os personagens. Para esse tipo de história não há segredo, a proposta desta já foi entregue faz tempo, ela precisa ser cumprida antes que se torne maçante.

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Review – Ballroom e Youkoso, de Tomo Takeuchi

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ballroom-review-headerUm shounen cujo campo de batalha é a pista de dança!

Precisamos falar sobre duas coisas muito importantes para aqueles que leem mangás: hiatos e gêneros.

Começando pelo primeiro, hoje não é difícil encontrar mangás famosos que estão ou ficam parados por anos. Seja Hunter x Hunter, Nana, Bastard ou até mesmo X-1999. Não são poucos, e que obviamente nos deixam irritados por não prosseguirem e aliviarem a nossa dor por todo aquele tempo sem nada. Os motivos dos hiatos são vários, desde preguiça até doenças crônicas. Infelizmente temos que aceitar e aguardar por um retorno, por mais improvável que as vezes pareça.

O segundo tema que havia dito são os gêneros. Sabemos que os japoneses fazem mangá de tudo, desde batalhas de cozinheiro até uma barata moe. Tudo que você pensar, com certeza existirá. Mas enfim, não é esse o ponto. A questão é que acabamos deixando de conferir algumas séries por puro pré-conceito sobre o tema, de o achar chato, lento ou o que seja. Não julgo ninguém por isso, mas nesta resenha vamos juntar esses dois tópicos em um só resultado. Um mangá em hiato, sem previsão de retorno, e que apresenta um tema nada comum, a dança de salão. Estamos falando de Ballroom e Youkoso, uma série que provavelmente muitos deixariam passar se não soubessem o quanto o conteúdo já lançado vale a pena…

ballroom-1A HISTÓRIA

Fujita Tatara é um estudante comum da escola secundária que tem vivido seus dias ociosamente. Um dia, um grupo de delinquentes arranjam uma briga com ele, mas o mesmo acaba sendo salvo por um homem misterioso. Depois de tal acontecimento, o homem surpreendentemente o arrasta para uma aula de dança de salão e após ser inspirado por uma dançarina que frequenta a mesma escola, Hanaoka Shizuku, e seu parceiro, um dançarino genial, Hyoudou Kiyoharu, Tatara começa a dedicar sua juventude no esporte.

ballroom-2CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Ballroom e Youkoso é um mangá da autora Takeuchi Tomo que começou a ser publicado na revista Bessatsu Shounen Magazine, a mesma de Noragami, da editora Kodansha, em 2011. A obra tem oito volumes encadernados até o momento, porém, devido a problemas de saúde da autora o mangá entrou em hiatus no começo do ano. Ballroom e Youkoso foi nomeado no 6º Manga Taisho Awards em 2013 e no 8º Manga Taisho Awards em 2015, no qual teve como colocação o terceiro e o sexto lugar, respectivamente – um ótimo destaque para a estreia de uma mangaká. A série foi licenciada em inglês pela Kodansha Comics nos Estados Unidos e o primeiro volume será lançado em 27 de setembro de 2016.

Comecei a ler a série graças a uma recomendação de um site gringo, mas sem grandes expectativas e esperando pouco da arte da autora, nem sequer havia lido a sinopse – péssimo hábito, o tipo que me leva a ter grandes aventuras. Surpresa a minha ao ver que se tratava de um garoto que encontrava na dança de salão sua verdadeira paixão. Sim, dança de salão, aquela em que criamos o estereótipo absurdo de que é um passatempo para idosos já aposentados, aquela que garotos da minha idade, da sua, não dançariam.

ballroom-6Oito volumes foram o suficiente para me cativar. Engraçado que no mesmo dia em que li Ballroom, comecei uma outra leitura também, um seinen com uma premissa interessante, mas por mais que houvessem n pontos atrativos, era como se a leitura não fluísse. Entenda, não acredito que essa seja a melhor obra dos últimos tempos ou nada do gênero, ela nem ao menos está perto de entrar para minha lista geral (e imaginária) de favoritos, mas os capítulos não andam, eles voam. O mangá tem essa “coisa” de fazer com que a leitura seja leve, descontraída e ainda deixar aquele gosto de “quero mais” na boca.

Uma característica que se destaca e que, diga-se de passagem, é a minha favorita, é o modo como é trabalhado a relação entre os personagens. A autora os mostra treinando, se divertindo e compartilhando suas preocupações juntos, porém na hora da competição eles são rivais e querem ser tratados como tais. Hanaoka, personagem em que (claramente) o protagonista tem um interesse, é a que diz com todas as palavras que quer que Tatara melhore para poderem competir um contra o outro; é uma relação estranha, mas que funciona muito bem no mangá, a autora sabe separar o lado atlético e o lado pessoal de cada um.

ballroom-3Ainda falando da questão dos personagens, outro ponto a dar ênfase é que Tatara não precisa se apoiar o tempo todo em Hanaoka, Hyoudou e no seu professor Sengoku. Ele toma várias decisões no decorrer da trama em que são para o bem da dança, mesmo que isso signifique criar uma certa distância dos três citados anteriormente. O personagem quer evoluir e não quer fazer isso de modo que seja inteiramente dependente de seus amigos e, mesmo fazendo tais escolhas, a obra não se torna menos atrativa. Se torna mais real.

O único ponto que deixa a desejar é o fato das cenas das danças não serem tão empolgantes. Não estou desmerecendo o traço da autora – até porque fiquei muito surpresa ao comparar a capa dos volumes com o desenho puro do mangá -, mas quando lembramos que se trata de um mangá de esportes, algo fica faltando. Não é como ler Kuroko no Basket ou Haikyuu!!, onde a ansiedade de saber quem vai vencer é maior do que tudo, aqui os momentos competitivos se resumem em mostrar cenas “impactantes” para o leitor – ou o que deveriam ser. Nesse sentido, o mangá é rude na hora de mostrar a beleza do esporte. Uma cena bonita na apresentação, uma pose clímax no meio e o que deveria ser o “wow” do final; Takeuchi Tomo mostra danças cortadas, nunca mostra o “passo a passo”. Graças a isso, só é possível julgar o que é bom ou ruim através dos pensamentos dos personagens que, por sorte, não ficam restritos apenas ao protagonista.

ballroom-5Admito que torci um pouco o nariz quando me deparei com as ilustrações das capas. Esperava uma arte inferior, porém, felizmente, estava errada. Apesar de ter citado que o ponto desfavorável da série é o modo como as danças são reproduzidas, necessito dar os devidos créditos a Tomo por desenhar tão bem as poses de impacto das danças além de fazer belíssimos vestidos e de sempre realçar a beleza feminina, ainda mais quando se trata de Hanaoka.

A arte tem seu brilho, mas o que realmente atrai em Ballroom e Youkoso é a narrativa. Mesmo que a história se apoie no típico protagonista de shounen que a primeiro momento não tem talento nenhum, a leitura acaba sendo estimulante devido a todo o conhecimento que a autora passa sobre dança de salão. Apesar de contar com inúmeros termos técnicos e movimentos que talvez nunca compreenda de fato, o mangá não é maçante, pelo contrário, é interessante descobrir como todos os detalhes nesse esporte fazem a diferença. A essência da obra é simples, mas é extremamente fluída. É deliciosa.

ballroom-4COMENTÁRIOS GERAIS

Acho engraçado como o mangá consegue conciliar tão bem sua demografia com sua temática. Ballroom apresenta várias características de shounen de porrada, mas na hora de ver o protagonista batalhando, ele não usa nenhum super poder, chutes, socos ou movimentos agressivos. Ele só usa a dança. Estou acostumada a ler de tudo – leio mais shounen do que parece, aliás, leio tantas coisas que é melhor deixar em off mesmo -, mas ele se tornou ainda mais convidativo para mim, como público feminino, por juntar beleza e esportes em uma obra só.

O que é mais chocante na série é que se trata do primeiro mangá da autora. Com certeza há alguns erros, porém quando levo esse ponto em conta, é como se esses defeitos simplesmente diminuíssem. É triste a autora estar enfrentando problemas de saúde e o que escreverei agora pode soar como puro egoísmo, mas realmente quero poder ver o que ela ainda tem a oferecer, quero ler e acompanhar não só Ballroom e Youkoso, e sim todas as obras que ela ainda desenhará.


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