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Channel: Review – Chuva de Nanquim
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Review – Precisamos mesmo falar sobre preconceito com ‘Otouto no Otto’

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Otouto no OttoHomossexualidade e o preconceito velado.

Uma das coisas que mais me atraem na narrativa oriental é como eles conseguem te colocar totalmente imerso em um universo próprio com poucas palavras e imagens. A grande maioria é em uma realidade totalmente fantástica com pessoas que voam e soltam energia pelas mãos, mas sinceramente sou apaixonado por aqueles que são bem mais ‘pé no chão’. Encontrei Otouto no Otto totalmente por acaso; era apenas um lançamento que tinha só 11 capitulos lançados e resolvi ler só para passar o tempo. Acho que foi uma das melhores decisões que já tomei. Hoje, a obra será publicada nos Estados Unidos pela Pantheon Books, a mesma que apresentou para o mundo quadrinhos fantásticos como Persepolis e Maus, e promete ser uma das grandes atrações do mercado norte-americano.

otouto-no-otto-review-manga-7A história

Há dez anos o irmão gêmeo de Yaichi acabou se mudando para o Canadá e se casou com um homem chamado Mike, os dois não conversavam tanto e a viagem ao exterior só ajudou a quebrar totalmente o relacionamento entre os irmãos, tanto que sua filha nem ao menos sabia que tinha um tio. Um mês atrás Yaichi recebe a noticia que seu irmão morreu e pouco tempo depois seu cunhado resolve viajar ao Japão para conhecer a família de seu noivo e os lugares que o seu falecido marido falava tanto. O problema é que essa situação não é tão confortável para Yaichi, que agora começa a conhecer um lado do seu irmão que ele não queria saber enquanto precisa confrontar todos os seus preconceitos em relação a homossexualidade.

otouto-no-otto-review-manga-9Considerações Técnicas

Otouto no Oto é a primeira obra do mangaka Tagame Gengorou em revistas mainstream para homens – antes ele se resumia a histórias adultas para revistas voltadas ao publico gay masculino e revistas BLs  – e foi lançada em Setembro de 2014 na Monthly Action. Em uma entrevista o autor explica que ele queria falar para o publico hétero sobre os problemas enfrentados pelos gays nos dias de hoje. Também foi perguntado se os leitores de fora do Japão conseguiriam se relacionar com a história e ele disse que esperava que sim. Bom… esse leitor brasileiro foi atingido em cheio pela história que o autor quis passar, ainda mais porque eu me vi muito na figura do protagonista Yaichi.

otouto-no-otto-review-manga-5Eu tinha e tenho meus preconceitos, cresci em um ambiente que fazer piadinhas sobre gays era normal: a minha família fazia, meus amigos faziam e até mesmo a televisão era repleta desse tipo de humor, alguém se lembra daquele quadro do Zorra que o pai de um homossexual olhava para a câmera e dizia: “Aonde foi que eu errei?”. Então não é surpresa que a minha visão de mundo era bem pequena, até o momento que um amigo meu revelou a sua sexualidade e comecei entender um pouco sobre o que ele passava. Imaginem então quando comecei a frequentar a internet. Muita das coisas que eu falava e pensava vinham de uma total falta de informação e convívio, com o passar dos anos eu tenho melhorado nesse aspecto, mas ainda falta muito.

otouto-no-otto-review-manga-2Yaichi possui muito preconceito em relação a Mike, mas muito disso vem da falta de conhecimento e contato com alguém que poderia falar sobre o assunto. Não que ele não seja parcialmente culpado, já que ele inconscientemente preferiu evitar o irmão após ele revelar que gostava de homens. O autor nos mostra todo o preconceito velado do personagem com quadros onde temos seu pensamento com uma cena imaginada e outra com o que ele realmente falou; muitas dessas cenas são bem fortes e ofensivas e vão de encontro com a experiência de alguns leitores que já pensaram daquela maneira. Enquanto com o irmão ele conseguiu evitar ao máximo o assunto, com Mike ele é obrigado a encará-los de frente graças a sua filha Kana, que faz as perguntas que ele não tem coragem de dizer e também demonstra uma opinião que não foi afetada pelos conceitos dos adultos. Mike é um personagem que você gosta logo de cara, mas que também percebe o quanto ele está se esforçando ao máximo para não ofender o cunhado e sempre possuir um sorriso no rosto; apesar do luto em relação ao marido ainda estar muito presente e que faz acabar desabando em alguns momentos de fraqueza.

otouto-no-otto-review-manga-11Com esses três personagens o autor tem a base para explorar bastante o universo que muito heterossexual não sabe que existe, indo de notas sobre fatos importantes sobre homossexualidade no começo do capítulo, como também em cenas que são tão reais que me incomodaram demais. Uma das mais marcantes foi sobre um rapaz, irmão de uma amiga da Kana, que vê em Mike finalmente alguém para conversar sobre a sua situação, falar sobre seus medos e desabafar tudo que estava guardado, como por exemplo, sobre ser difícil apenas fingir que achava bonitinhas as modelos de revista. Todo esse capítulo me atingiu em cheio, me fazendo lembrar aquele meu amigo que resolveu revelar para mim o seu segredo mais intimo. Só consegui imaginar o medo que ele provavelmente sentiu da minha reação e se eu acabaria espalhando aquele segredo.

otouto-no-otto-review-manga-6Chega a ser engraçado como tudo que  o Tagame revela a cada capítulo pareça tão real para mim, indo do preconceito quase onipresente do protagonista até como Kana é curiosa e bem inocente em relação a tudo o que Mike trás de novo. Essa realidade também se faz presente no traço do mangá, os cenários são muito bem detalhados e os personagens parecem pessoas de verdade, nada muito exagerado como personagens bishounens inacreditáveis, mas que na verdade são apenas estudantes comuns.

otouto-no-otto-review-manga-8Comentários Gerais

Otouto no Otto me conquistou com apenas 15 capítulos lidos. Não precisei de mais que um volume para poder constatar que tinha algo de especial e diferente naquela história. O autor (que você pode conferir uma entrevista do mesmo clicando AQUI) tinha um objetivo de mostrar experiências que a maioria dos leitores héteros de uma revista mainstream não conheciam e eu acho que ele realmente atingiu esse objetivo em cheio, ainda mais por identificar o meu eu de anos atrás em muitos dos pensamentos cheios de preconceito do protagonista.

Lendo o mangá percebi muita das coisas que eu ainda erro, entendi o quanto posso machucar outras pessoas e que eu ainda tenho um longo caminho para percorrer. Também me fez lembrar o quanto eu amo consumir esse tipo de entretenimento e o quanto ele pode me ensinar através de letras e imagens. O mangá ainda está saindo no Japão, sairá nos Estados Unidos, como dito na introdução, e fica aquela duvida: será que um dia ele teria chance de chegar aqui no Brasil?

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Review – Os sentimentos que você pode ouvir em ‘Hidamari ga Kikoeru’

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Um mangá com a representação que precisamos.

Recentemente muitos mangás ganharam adaptações em filmes live action. Ano passado foi o ano dos quadrinhos pararem nos cinemas japoneses e, neste ano, essa força recebeu ainda mais intensidade. Me sinto mal. Me sinto mal por só ter conhecido Hidamari ga Kikoeru agora, com o anúncio de que ele está recebendo um filme que estreia em 2017. Achei que seria apenas uma história genérica, mas o choque veio quando li a sinopse: se tratava de uma personagem (quase) surdo. E o resto? O resto eu desabafo nessa resenha.

Hidamari ga Kikoeru

A HISTÓRIA

O mangá gira em torno de Kouhei, um universitário que acaba se distanciando dos outros inconscientemente por causa de sua surdez que gera um mal-entendido após o outro. Um dia, seu colega de classe, Taiichi, tropeça nele e nota seu delicioso bento. Somente mais tarde que Taiichi descobre sobre a surdez de Kouhei e diz: “Não é sua culpa por não conseguir ouvir!”. Essas palavras salvam Kouhei, que começa a mudar. Taiichi e Kouhei começam uma relação que é mais que amizade, mas que também não é amor.

DETALHES TÉCNICOS

Hidamari ga Kikoeru é o primeiro trabalho da autora Fumino Yuki. O mangá shounen-ai começou a ser publicado na revista Canna, da editora Printemps Shuppan, em 2013, finalizando o primeiro volume em 2014.  O volume dois, intitulado como Hidamari ga Kikoeru – Koufuku hen, foi lançado em maio de 2016. A série ainda conta com um drama CD lançado no Japão em fevereiro de 2012.

Meu maior receio quando temas do tipo vêm a tona, é de que sejam tratados de forma superficial ou distante da realidade. E se alguém me perguntasse se acredito que as pessoas que sofrem de problemas de audição também passam pelas mesmas situações do protagonista, provavelmente não saberia afirmar com certeza, mas… A autora torna tudo muito humano. Não sei como é não poder ouvir, afinal de contas, tenho o que os outros consideram um “corpo perfeito“, mas sei como é estar no papel de uma pessoa ignorante e não saber agir nas mais diversas situações que a vida traz. Não me orgulho disso, porém, em muitos aspectos minha reação não seria tão diferente dos personagens que falavam absurdamente alto, ou estupidamente pausado, para Kouhei poder entender. Esse tipo de reação é, infelizmente, comum. Nesse sentido, Hidamari ga Kikoeru retrata a verdade nua e crua.

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Raramente leio um mangá com tão poucos volumes. Me incomoda porque mesmo lendo com tão baixas expectativas, a finalização parece incompleta. Sempre deixam um buraco sem tampar. Mas aqui encontramos uma rara e boa exceção, onde a autora escolhe publicar dois volumes com o intuito de retratar as duas etapas mais importantes para o desenvolvimento do protagonista. O primeiro volume se concentra em uma “fase obscura“, onde a aceitação está fora de cogitação e se isolar é o melhor caminho a seguir. O segundo volume é quando os primeiros passos do protagonista finalmente são dados, mas nesse a autora resolve evoluir: Fumino Yuki acrescenta uma personagem que tem o mesmo problema de Kouhei e ela é aquela que mostra o verdadeiro contraste dos “dois mundos” em que o protagonista está inserido. Ela é um dos tópicos chave para a decisão final de Kouhei, se ele prefere se acomodar com o que já tem ou prefere arriscar com um universo desconhecido.

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Na história, a autora cria dois protagonistas com personalidades totalmente opostas. Enquanto de um lado temos Kouhei, o garoto antissocial, soturno e que encontra dificuldades em expor seus verdadeiros pensamentos devido a sua surdez, do outro lado temos Taiichi, que facilmente se comunica com as pessoas, um garoto estressado que age por impulso e que se encontra perdido na vida. Apesar de já ter visto isso mil vezes, o clichê aqui funciona com o propósito de fazer com que os personagens evoluam e aprendam um com o outro. O grande destaque aqui vai para Taiichi que toma uma decisão real para seu futuro graças ao seu convívio com Kouhei.

Confesso que me decepcionei um pouco com o traço da autora. Antes de começar a leitura havia me deparado com ilustrações a cor que Fumino Yuki tinha feito para as capas dos mangás e de algumas edições da revista Canna, e estava esperando algo realmente a altura. Acontece que o traço do primeiro volume é um pouco… estranho. Não é feio, mas o modo como ela desenhava o rosto de Kouhei era um tanto quanto bizarro (que pode ser conferido na imagem abaixo), por sorte, o traço da autora progride e muito com a publicação de sua sequência. Considerando a série como um todo, poderia descrever o traço dela como limpo, suave e delicado – além de ser maravilhosa desenhando roupas para os personagens, sos.

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Fiquei impressionada com a sensibilidade que a obra carrega mesmo tendo uma narrativa tão sutil. Se você me acompanha aqui no ChuNan, talvez já tenha visto se sou a louca das webcomics, e em uma dessas minhas aventuras me deparei com uma história chamada Can’t See Can’t Hear But Love, onde o plot principal é sobre um casal em que o homem é cego e a mulher é surda. A história é realmente linda, mas me sentia muita angustiada ao ler, para mim, a narrativa era mais pesada do que podia suportar. Acontece que, com Hidamari ga Kikoeru, isso não acontece. O protagonista tem todo um drama pessoal porém ele passa toda suas dificuldades para o leitor sem ter que acabar com a estabilidade emocional do mesmo.

Mesmo possuindo uma narrativa tão leve, as problemáticas que o mangá traz não são. O que faria se, após um longo período de tempo, encontrasse um amigo que ficou surdo? Usaria libras se soubesse? Se comunicaria através de escritas no papel? Gritaria até ele conseguir ouvir? Ou simplesmente o ignoraria? A autora joga essas e outras questões na cara do leitor, o fazendo refletir sobre suas ações mesmo não tendo passado por tal situação – afinal de contas, quem nunca teve uma reação estúpida na frente de alguém “diferente”? Além de propor reflexões do gênero, ela também faz o contrário. Em determinado momento da trama, a personagem surda que aparece posteriormente rebaixa um colega só por ele não ter o mesmo problema que ela. Taiichi, no entanto, retruca dizendo: “Só por que uma pessoa aparenta ser assim você acha que ela não tem os próprios problemas?“. Fumino Yuki, definitivamente, faz o leitor estar na pele dos personagens, não importa se ele é o principal ou apenas um figurante; a autora mostra os dois lados da moeda com excelência.

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COMENTÁRIOS GERAIS

Sinceramente, torço e apoio a vinda desse título para o Brasil. Parece que quando se houve falar em mangás com temáticas homossexuais, as pessoas diretamente associam obras com “Boku no Pico“, como se esse tipo de história realmente representasse a comunidade gay. A trama tem algo a mostrar, tem uma moral a ser passada e mesmo com todo o preconceito existente, ele tem um ótimo romance que nada tem a ver com tantos títulos que se destacaram graças ao mero fanservice forçado. Hidamari ga Kikoeru é exatamente o tipo mangá que se indica para qualquer um. Qualquer um mesmo! (Claro, contanto que não haja o pré-julgamento escroto.)

No começo do texto, disse que me considerava uma pessoa ignorante. De fato, eu sou. Ignorante no sentido de não ter o conhecimento suficiente das mais diversas situações, não no sentido popular – que seria agir em má fé. Tenho 18 anos e nunca cruzei com uma pessoa surda em que pudesse conversar, mas isso não significa que não acontecerá. Tem certas coisas que só aprendemos sendo ignorantes, até que alguém finalmente bate a nossa porta para perceber como pensamos pequeno. Não quero ser assim para o resto da vida. Não sei a lista de ações “politicamente incorretas” de cor, nem quero, e mesmo que essa resenha seja só sobre algo fictício, sinto que pude avaliar melhor minhas atitudes. Leituras assim valem a pena, é por isso que se torna mais do que simplesmente recomendável, se torna obrigatório. No final das contas, ser ignorante é uma opção.


Review – Uma opinião impopular sobre Hellsing, de Kohta Hirano

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Hellsing Manga HeaderAlgumas coisas são melhores na lembrança.

Já ouviram falar que certas coisas que gostamos muito na infância devemos deixar na infância? Pois é. Até então eu já havia passado por isso com alguns animes e mangás, sendo Cavaleiros do Zodíaco como o mais rápido de recordar neste momento, mas poucos me decepcionaram tanto como aquele que carrega o nome dessa resenha.

Pra quem é “novinho” demais nos anos 2000, talvez não lembre o BOOM que certas obras fizeram naquela década. Alguns ultrapassaram gerações e continuam fazendo sucesso com a molecada atual, inclusive. Eu vivi o auge da época dos DVDs piratas da Liberdade, e foi nesse período que adquiri coisas como Elfen Lied, Trigun, Gungrave e outros, alguns bons e outros muito ruins quando tive a oportunidade de assistir. Hellsing estava lá no meio. E como grande parte da molecada, amei aquilo. Sangue, porrada, umas armas e muita ação.

Alguns anos depois, a JBC lançou o mangá no formato meio tanko – e li, e amei, como o anime na época – e recentemente optou pelo relançamento do mesmo. Em um formato mais bonitinho, com belas capas e uma edição revisada, eu pensei: por que não? E se arrependimento matasse…

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-5A HISTÓRIA

Vampiros existem. É dever da Hellsing, uma organização patrocinada pelo governo britânico, esconder esse fato assustador e proteger a população que nem imagina tal falto. Juntamente com o seu próprio exército pessoal, Hellsing também tem algumas armas secretas. Alucard, um vampiro incrivelmente poderoso, tem sido controlado pela Hellsing há anos. Embora ele não goste de ser um servo da família Hellsing, ele certamente aproveita seu trabalho como exterminador de vampiros. Seras é um vampiro incipiente e uma antiga policial. Embora relutante em abraçar seu novo cargo, ela ainda é um membro valioso da organização.

Integra Hellsing, a atual líder, geralmente é plenamente capaz de cumprir o seu dever, mas ultimamente, a atividade dos vampiros tem estado em ascensão. Infelizmente, a causa é mais alarmante do que qualquer coisa que ela poderia ter imaginado. Um grupo que durante muito tempo foi dado como morto, foi conspirando em segredo para mergulhar a Inglaterra, e talvez o mundo inteiro, em uma guerra.

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-1CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Publicado em 1997 no Japão na revista seinen Young King Ours, da editora Shonen Gahosha, Hellsing é um mangá criado por Kohta Hirano, um cara tão maluco, mas tão maluco, que fica difícil acreditar em tudo que ele fala. Mas eu já sabia disso. Já havia lido seus freetalks absurdos, no qual ele claramente se declara apaixonado por nazistas, se mostra um pervertido de níveis estranhos, além de extremamente desrespeitoso com seus fãs – por mais que alguns possam dizer que tudo não passe de brincadeira do autor. Pois bem. A gente tenta relevar. Eu deixei de lado completamente meu ódio pelo pessoal do cara, e podem ter certeza que em nada isso influenciou na minha opinião sobre a obra.

Mas amigos… Sinto lhes informar que nossa memória afetiva nos enganou. Talvez “fraco” seja a palavra ideal para definir Hellsing, mas continua sendo bem abaixo do que eu esperava. Talvez se você tenha entre 13 e 17 anos e esteja lendo essa resenha, sua opinião não seja como a minha. Por isso, uma dica: não releia a obra daqui alguns anos. Guarde o que há de bom em sua mente. Mas se você é fã da obra e sabe distinguir um pouco o afetivo do racional, tente reler o mangá.

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-8A história simplesmente anda como se… a história não importasse. Até existe uma linha de raciocínio dentro da cronologia do roteiro, mas o próprio autor diz em certo momento que você provavelmente não entenderia nada do que estava rolando ali. E é verdade! Tudo o que você tem vontade é de ver Alucard e Seras lutando, e nada mais. E realmente, apesar de um pouco confusas no traço é na sopa de onomatopeias, as transformações de Alucard são muito divertidas.

No mais, você se pergunta a todo momento o que tá rolando, o que motiva os personagens, sua luta, sua missão e até um “quem é você?” pra alguns. Não há um bom desenvolvimento, não há uma continuidade e tudo parece jogado nas páginas como se simplesmente tivéssemos que entender automaticamente. Tirando que a batalha principal se desenvolve em torno de três grupos: a igreja católica (comandada pela seção XIII – Iscariotes), os protestantes (comandada pela Hellsing) e por… nazistas, que começam a brotar do nada transformados em vampiros e matam todo mundo. E em nenhum momento isso faz sentido! Nada! E isso me deixa extremamente desapontado.

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-6Não, não é o absurdo dos grupos. É a execução da obra. Existe uma possibilidade absurda de construir boas histórias com esses elementos, mas o autor parece querer que seu mangá se torne apenas uma fanfic gigante. E talvez essa seja mesmo a intenção dele, quem sabe? Ele não se leva a sério (ainda bem) mas isso não faz com que todos seus defeitos sejam anulados. Pelo contrário, existe uma linha muito tênue entre um mangá que se propõe a ser “estranho” e um mangá realmente ruim. Hellsing anda na corda bamba.

A reta final então, nem se fala. Só de lembrar isso na obra já me dá mais calafrios ainda. O final é ruim, absurdo e sem pé nem cabeça. Se vocês reclamam que shounens longos sempre deixam furos na história, Hellsing deixa uma cratera inteira. As motivações se perdem, com criações no mínimo estranhas, em batalhas que não conseguimos absorver ou entender nada e com um vacilo na arte do autor que chega até a incomodar de tão poluído que tudo fica. A impressão, somada aos comentários do mangaká, é que ele estava de tanto saco cheio de tudo que resolveu chutar o balde, trazer gente de volta sem mais nem menos, inventar uma desculpa qualquer para tentar deter Alucard e vamos em frente! Poucas vezes me senti tão incomodado com o final de um mangá como foi com Hellsing. Poucas vezes senti um potencial de história tão divertida pela forma “equivocada” do autor, talvez, de lidar com seu título. Fraco.

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-1Mas o que diabos nossa memória afetiva nos traz de boas recordações? Além das cenas de ação que citei anteriormente – desde as batalhas de Alucard, até os golpes armados de Seras – os personagens não são o maior exemplo de complexidade do mundo, mas são muito divertidos e têm um carisma próprio. Alucard – que tem todo um background de criação com Drácula de Brain Stocker, Nosferatu e outros famosos contos e mitos do mundo real – é um protagonista todo errado, uma vez que não é bonzinho, não tá nem aí pra matar todo mundo e as únicas pessoas que ele se importa são Integra e Seras. A primeira é uma fucking líder que bota qualquer capitão de Bleach no bolso, e mesmo sem ter tantas participações em lutas, sabe dar as ordens, criar estratégias e levar as situações ao seu favor. Girl power total. Seras é outra personagem que se destaca por ser uma meio termo no meio de tudo isso, aprendendo a controlar seus poderes e vivendo para seu mestre – além de seu núcleo romântico com um personagem (que não vou citar aqui) que é bem divertidinho, apesar de alguns absurdos que rondam isso na reta final – só pra variar.

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-7Os vilões também possuem sacadas interessantes. O padre Andersson, apesar de não concordar e não conseguir ver o que foi feito com ele na reta final (também), é um rival digno para Alucard, aliás, o único que realmente vale a pena para o vampiro. Já o Major é a personificação do mal. Embora haja uma espécie de “adaptação” de roteiro para que ele vire o “cara que sabia de tudo” (é quase um Aizen, em Bleach), o papel dele é importante no que resta de história. O que ele quer? Guerra. E dane-se todo o resto. Literalmente. Ninguém ganha. Todos perdem. Esse é basicamente o lema do baixinho – que mais uma vez podemos afirmar e encher a boca para dizer que teve um final ridículo.

Obviamente que existem coisas divertidas e até bem feitinhas. O primeiro ponto, apesar de non-sense, é a linguagem utilizada, rebuscada, lembrando muito a forma britânica da coisa. Aqui julgo positivamente o trabalho de adaptação da JBC, mas falo um pouco mais da edição nacional posteriormente. O segundo ponto é a arte. Apesar de ter passagens confusas nas lutas, Hellsing tem um traço muito único e característico do autor. Linhas fortes, olhos expressivos, acessórios bem definidos (a paixão dele por armas fica muito clara, sem nenhum espaço pra interrogações) e, por incrível que pareça pelo nível de babaquice de Hirano, um design interessante para mulheres, sem apelo sexual excessivo. Porém há de se concordar que até se acostumar com tais características, não é estranho confundir homens e mulheres na arte. Quem dera fosse o único problema do mangá…

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-4A EDIÇÃO NACIONAL

Hellsing é mais um dos relançamentos da JBC em 2015. Depois de uma versão meio tanko com papel jornal em meados dos anos 2000 – que na época já foi muito criticada ao lado de Utena, tendo em vista que o tanko completo já era uma realidade de mercado – o mangá ganhou esta nova versão com belas capas (algumas melhores que as originais), papel offset – que apesar da JBC não revelar a gramatura, parece muito algo em torno de 70g, uma vez que não existe transparência e a qualidade de manuseio é muito boa – e capas internas com ilustrações que estão presentes na capa fixa do original japonês. Apesar do preço um pouquinho (bem) salgado (R$16,50), é um relançamento com melhor qualidade do que os recentes Chobits ou Yu Yu Hakusho, por exemplo – o primeiro com muitos problemas gráficos no decorrer da coleção, e o segundo com uma qualidade um pouco questionada por ser um dos mangás mais esperados pela editora, principalmente as capas que causam opiniões controversas (apesar de gostar quando estavam mantendo o padrão branco).

Já na tradução e adaptação, algo positivo. A nova versão é totalmente revisada e re-adaptada em relação a primeira edição, o que já rende muitos elogios tendo em vista que a primeira seguia alguns termos muito “estranhos” para manter os moldes do anime exibido no Brasil pelo Animax. Erros gramaticais são relevados aqui, com praticamente nada que incomode – além de alguns erros serem comuns em qualquer tipo de publicação, desde livros a jornais. O letreiramento utiliza fontes interessantes, apesar de em alguns momentos ficarmos um pouco confusos com “quem tá falando isso aqui?”. As onomatopeias também estão muito mais bonitinhas discretas ao invés daquelas gritantes.

Um único ponto estranho nessa versão é que existem algumas diferenças entre as primeiras e últimas edições. Nas primeiras temos notas em praticamente todas as falas em latim, ou referências e até explicações de termos. Algo que gosto e acho muito bom para uma compreensão total da obra. O problema é que nas edições seguintes elas foram abolidas, ou usadas esporadicamente. Até parece que foi outro editor que tomou conta da coleção no decorrer da mesma. Como a JBC não coloca esse tipo de informação, é algo que não posso afirmar. Além disso, não é um erro absurdo e muito menos vital. Não tira a boa qualidade da nova edição nacional. É apenas uma observação que qualquer leitor um pouco mais atencioso acaba pegando.

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-2COMENTÁRIOS FINAIS

Como o próprio título do post diz, essa talvez seja uma das opiniões mais impopulares sobre Hellsing que você verá por aí. Muita gente ama o mangá e guarda um carinho muito grande pela série. Eu acho exatamente o mesmo sentimento por mangás como Elfen Lied (só que nesse caso nem a arte do autor salva). Provavelmente, eu tenha uma opinião assim com diversos mangás que eu leia de novo um dia, mas realmente fiquei triste em perceber como Hellsing definitivamente não é mais pra mim. A coleção tá aqui, guardadinha, e não vou dizer que foi o maior arrependimento da minha vida. Mas passa longe de ser algo que eu vá ler novamente. Acho que é o caso que, definitivamente, você deve ler e tirar suas próprias conclusões.

Aliás, isso é algo que deve ser feito com qualquer mangá. O Chuva de Nanquim posta resenhas, comentamos em nossas redes sociais (como no meu Twitter) e colocamos as nossas opiniões sobre diversas obras. Mas isso não significa que você deva seguir exatamente o que falamos. Tenha sua própria opinião, discuta (com educação, claro) e forme seu próprio gosto. Muitas pessoas que eu admiro gostam de Hellsing, e isso não as torna piores ou melhores do que eu. Acho que todos podemos conviver com isso.

hellsing-review-manga-jbc-kohta-hirano-1Quanto a Kohta Hirano, ele tem uma chance de redenção com Drifters, que parece ainda mais maluco. Mas Hellsing não me deixou com o gostinho bom. É melhor dar um tempo e não pegar nenhum tipo de birra desnecessária pelo cara, né? De qualquer forma, para os que curtiram a edição da JBC vale bastante a pena. Material bom, boa adaptação e um cuidado bem legal com o título. E a coleção tá sempre entrando em promoção na Amazon, portanto não é lá grande problema de conseguir por um bom preço. Se você superar os vampiros nazistas, o resto é fichinha…


FICHA TÉCNICA

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Título: Hellsing
(ヘルシング)
História & Arte: Kohta Hirano
Editora: JBC
Demografia: Seinen (Young King Ours)
Total de volumes: 10 volumes
Preço de capa: R$ 16,50
COMPRAR NA AMAZON

Pontos Positivos

  • Personagens extremamente carismáticos;
  • Arte única do autor, que condiz com todo o clima do mangá;
  • Se você estiver procurando algo divertido, sem grandes preocupações, provavelmente amará.

Pontos Negativos

  • História sem nexo algum, mesmo que tente se explicar;
  • Decepção com a possibilidade de explorar alguns personagens de forma melhor;
  • Final totalmente sem sentido, que não te explica nada, mas te força a aceitar mesmo assim.

Nota: ★★


Review – O lado mais humano dos super-heróis em My Hero Academia

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my-hero-academia-jbcO mais novo hit da Jump chega ao Brasil.

Acredito que esse seja o momento mais propício para Boku no Hero no cenário atual. Títulos importantes e de peso se despediram da Shounen Jump, como Naruto e Bleach, enquanto a nova safra ainda se encontra caminhando por destinos incertos, como The Promised Neverland. A Jump com certeza é aquela que trouxe os “primeiros mangás” de muitos, aquela que marca a infância de milhares de pessoas com seus títulos e que dita a moda na demografia. Seria então Boku no Hero o mangá que marcará uma nova geração?

Pensando nisso, a JBC decide apostar no título que rapidamente se firmou entre o gosto dos leitores e otakus em geral. Com lançamento feito logo após o término do anime, My Hero Academia chega ao mercado com a missão de ser o nome forte da editora nos próximos anos.

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A HISTÓRIA

A humanidade desenvolveu poderes especiais em 80% de sua população, os chamados super poderes. Essas novas habilidades dão origem a uma sociedade dividida entre super heróis e vilões. Uma prestigiosa escola conhecida como “A Academia de Heróis” treina jovens com super poderes com o intuito de usar suas forças para proteger o mundo.

O estudante do ensino médio chamado Izuku Midoriya – conhecido como Deku, forma que é chamado pelo seu “amigo” de infância Bakugou – sonha em se tornar um herói mais do que qualquer. Mas ele faz parte dos 20% da população que não possui nenhum tipo de super poder. Apesar de seu sonho parecer impossível, ele pretende prestar o exame para ingressar na Academia de qualquer maneira, como parte do grupo para construir heróis. Porém tudo na vida de Deku pode mudar ao conhecer o herói mais poderoso e conhecido de todos, o espetacular All Might, que diante de um grande segredo resolve fazer de seu garoto o seu mais novo aprendiz em busca do poder supero.

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CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

De autoria de Kouhei Horikoshi, Boku no Hero Academia (My Hero Academia) foi lançado na revista Shounen Jump em julho de 2014 – e tem publicação quase simultânea com a Shounen Jump US, nos Estados Unidos. Atualmente a série se encontra em seu décimo primeiro volume.  Um anime produzido pelo estúdio BONES foi lançado em 2016, com uma segunda temporada confirmada para 2017.

Para falar sobre o protagonista da obra, Midoriya Izuku – ou simplesmente Deku – gostaria de citar antes um outro protagonista de uma outra história. Estou falando de Asta, do mangá (publicado igualmente da revista Shonen Jump) Black Clover. Asta é um personagem que, assim como Deku, também não tem nenhuma habilidade especial num meio onde todos tem. Estou o usando como referência justamente por ter uma característica em si que me incomoda, o fato de que ele é “perdedor” e de, uma hora para outra, ganha uma habilidade especial. Para não dizer que estou sendo hater, o mangá “mostra” o quanto ele é digno de sua habilidade, mas o leitor não consegue ver isso de fato. Mas com My Hero Academia a trama aqui é diferente e muito bem trabalhada, merecedora de elogios. Aliás, “merecedor” é algo que com certeza definiria Deku. Os capítulos iniciais do mangá não são repletos de campos e cenários de battle shounen, e sim de drama, um drama que se torna essencial para entender como o protagonista consegue ser tão admirável.

boku-no-hero-jbc-edicao-brasileira-chunan-review-4Deku é fracassado, chorão e covarde. Exatamente o tipo clichê da demografia que particularmente não sou nem um pouco fã, mas que, aqui, me fez quebrar a cara. Ao ouvir que não poderá se tornar um herói, o personagem enfrenta todo um drama e sofrimento com seu sonho que parece impossível. As coisas não caem do céu. E quando uma oportunidade finalmente surge – essa inclusive que vem através de seus atos, sua vontade e bondade – ele se esforça e testa todos seus limites para aquilo que tanto almeja aconteça. É o famoso “mérito”. A característica gera uma identificação do leitor com o garoto mesmo não sendo real, podendo ser relacionada com tantos momentos palpáveis para a vida daquele que lê – os dramas de passar no vestibular, de conseguir crescer na carreira desejada, de estar com alguém que se ama. A obra traça um paralelo entre o imaginário e o real, fazendo com que os temas abordados façam todo o sentido sem nem menos estar no plano 3D.

boku-no-hero-jbc-edicao-brasileira-chunan-review-8Uma das partes mais interessantes foi o momento em que All Might desabafa com Deku sobre sua função, de como as pessoas o colocam no pedestal e como se sente na obrigação de atender as expectativas. O personagem acaba sendo rotulado como “invencível”, aquele que não tem nada a temer, quando na verdade tem uma essência tão humana quanto os que o rodeiam. “O meu sorriso é uma forma de dissimular o medo e a pressão que sinto ao ser o herói que sou.”

É justamente nesse ponto que a desconstrução de “ser herói” entra. No contexto em que a história se passa, ter superpoderes é algo banal, combater o crime também é mas esses dons acabam sendo usados como forma de conseguir status e dinheiro, deixando que as pequenas ações heroicas, as que ninguém vê e aplaude, de lado. Não já vimos isso antes? Vemos e vivemos isso na pele. Na hora de escolher uma carreira a seguir, entramos em um fogo cruzado entre escolher por algo que realmente almejamos e aquilo que “trará” recompensas. No mangá, para a maioria, não é o modo como a função é exercida e sim como ela acaba sendo refletida nos olhos do público.

boku-no-hero-jbc-edicao-brasileira-chunan-review-9A obra fala sério em tom de brincadeira. Talvez isso seja o ponto mais admirável da série; pegar um mundo totalmente fictício e inserir nele problemas que seus leitores vivem no cotidiano. Entenda, não acredito que My Hero Academia será o mangá que conquistará todos os públicos possíveis e que todas as pessoas, mesmo as não ligadas a cultura oriental, conhecerão – até porque outra obra ocupa esse posto no momento – porém, dentro do padrão convencional, ela é de extrema importância. O título é justamente aquele que acaba cativando desde crianças a adultos, tradicional mas não genérico, que servirá de base para muitos adentrarem esse mundo de entretenimento japonês

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A EDIÇÃO NACIONAL

Se você está consumindo a edição nacional de My Hero Academia e tiver uns 10 ou 12 anos, talvez até acredite que japoneses realmente usam a “nossa” expressão: “É pro monstro sair da jaula!!”. Só que não. Por mais que tal frase tenha virado um grande motivo de piada na internet e gere humor, essa não será uma sentença usada pelo resto da vida; uma hora ela ficará datada. O leitor – seja o de agora ou o que está por vir no futuro – saberá seu significado daqui uns… cinco anos? De fato, é apenas um termo em um volume, mas realmente não gosto desse tipo de adaptação; por mais que esteja tão próximo da nossa realidade, é algo distante e que descaracteriza o original. E espero que frases do tipo não venham a se repetir.

boku-no-hero-edicao-japonesa-chunan-review-2Uma boa notícia foi o fato da editora ter optado por diálogos mais “limpos”, sem o uso exagerado de gírias – mesmo tendo, em sua maioria, personagens adolescentes na trama. Isso é algo que me incomoda e é bem perceptível em Gangsta, por exemplo. Mas, claro, a JBC não é a única nesse sentido. A editora Panini também tem colocado em suas adaptações de Ore Monogatari!! muitas gírias paulistas, algo que até então não fazia em seus outros títulos shoujo – citando a demografia em si porque é algo que posso afirmar com firmeza. Sou nascida e criada em São Paulo, e ainda sim é algo que me irrita, dá a impressão de que o texto fica poluído visualmente. Ponto positivo para a JBC aqui.

boku-no-hero-jbc-edicao-brasileira-chunan-review-2My Hero Academia está sendo publicado com o famoso papel jornal, o brite 52g. Isso deve evitar problemas que a editora teve com títulos passados (ainda em publicação) com relação ao estado de transparência que os mangás chegavam para os consumidores. E só para lembrar: offset não é e nunca vai ser papel de luxo, o papel é usado para imprimir versões econômicas de livros. Tenho preferência por brite sim e comparando o nosso material com o dos japoneses, ele consegue ser mais fiel que um offset visualmente falando.

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COMENTÁRIOS FINAIS

No geral a edição da editora me agradou e continuarei a coleção sim. Tem pequenos detalhes que me incomodam, porém nada que realmente me afete a ponto de me recusar a adquirir o físico. Fico satisfeita com a escolha do papel jornal e fiquei contente com o fato dos nomes dos personagens não terem tido nenhuma alteração. Sem contar que para a editora, a escolha de ter a licença de My Hero Academia é ótima; o título é recente (comparado aos outros grandes sucessos da casa), mas não tanto a ponto de não ter fãs. Com certeza a obra crescerá e ganhará ainda mais destaque com toda a leva da Jump que está saindo e entrando. E, claro, os sucessos nós também desejamos aqui.


FOTOS DAS EDIÇÕES BRASILEIRA E JAPONESA

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FICHA TÉCNICAhellsing-capa

Título: My Hero Academia
(僕のヒーローアカデミア)
História & Arte: Kohei Horikoshi
Editora: JBC
Demografia: Shounen (Shounen Jump)
Total de volumes: 11 volumes (em andamento)
Preço de capa: R$ 14,90
COMPRAR NA AMAZON

Nota: ★★★★


Review – Batalhas espaciais, monstros e robôs gigantes em ‘Knights of Sidonia’

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sidonia-reviewA cruzada da humanidade a bordo da gigantesca Sidonia.

Tsutomu Nihei é um mestre contemporâneo. Apesar de muitos acharem suas obras e arte confusas, além de sempre se passarem em um mesmo “mundo” chamado carinhosamente de “Niheiverse“, o autor é conceituado por onde passa, com obras publicadas em diversos países e um sucesso indiscutível. Seu carisma e atenção com os fãs também colabora muito para o fato da figura já ter marcado presença, inclusive, em trabalhos da Marvel, por exemplo. No Brasil, a Panini tentou trazer Abara, um curta em 2 volumes que acabou fracassando fortemente em tentar desabrochar o autor no país. Muitos anos se passaram até que ele pudesse ter um mangá publicado aqui novamente, mas o dia X chegou.

Anunciado no final de fevereiro de 2016 no Henshin Online 69, com lançamento posterior no Henshin+, o evento anual da editora JBC,  o mangá de Knights of Sidonia, de Tsutomu Nihei, é um dos títulos de ficção científica espacial presente em nossas terras. Sidonia foi publicado no Japão na revista Afternoon, da editora Kodansha, entre 2009 e 2015. A coleção está completa em 15 volumes. A série ganhou uma adaptação em duas temporadas de anime pelo estúdio Polygon Pictures utilizando do 3DCG e, embora tendo recebido críticas por utilizar tal modelo de animação, fez sucesso internacionalmente e está disponível no serviço de streamming Netlfix em diversos países, incluindo no Brasil.

knights-of-sidonia-fotos-resenha-jbc-1A HISTÓRIA

Mil anos se passaram desde a destruição do Sistema Solar pelos Gaunas, uma estranha raça alienígena sem nenhum método conhecido de comunicação. A gigantesca nave espacial Sidonia viaja pelo universo para garantir a sobrevivência da espécie humana. O jovem Nagate Tanikaze, que cresceu no nível mais inferior da nave, acaba sendo recrutado para ser um dos pilotos que protegem Sidonia utilizando os robôs conhecido como Guardiões. E assim abrem se as cortinas de uma nova batalha na qual Nagate e seus companheiros precisam colocar suas vidas em risco contra os Gaunas pelo futuro da humanidade!

knights-of-sidonia-fotos-resenha-jbc-4CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Knights of Sidonia começa situando o leitor na figura do protagonista Nagate, que está conhecendo o “mundo” dos níveis superiores da grande nave Sidonia. Tendo sido criado nas camadas baixas da nave ele não conhece como funciona o mundo acima dele, embora seus resultados nos antigos simuladores dos Guardiões mostrem resultados bem expressivos. Apesar de ter sido “preso” e levado uma grande bronca quando foi pego roubando comida, Nagate passa a impressão de inocência e ingenuidade, parecendo mais com uma pessoa que chega em um país totalmente diferente do que com uma criança. Ele acaba entrando para a unidade de treinamento dos Guardiões onde começa um processo de aprendizagem e integração com o “mundo” da nave de forma mais concreta e direta.

Para sobreviver no espaço, a humanidade desenvolveu tecnologias que facilitam e, de certa forma, descartam coisas supérfluas. Não é mais necessário comer, a humanidade desenvolveu a habilidade de fotossíntese através da conversão orgânica. A reprodução também mudou, um novo gênero é desenvolvido permitindo que ele se reproduza como indivíduo do sexo masculino ou feminino, mas também se clonando assexuadamente.

knights-of-sidonia-fotos-resenha-jbc-3Como bem definido pelo seu autor, Knights of Sidonia é um mangá de robôs gigantes pilotados por humanos que batalham no espaço com monstros igualmente grandes, e o desenvolvimento dos personagens envolve basicamente isso, o dia a dia é o treinamento para a próxima luta, com pouquíssimos momentos para ações mais sociais, que serão afetadas por essas lutas em pouco tempo.

A arte do autor é direta e clara, até em excesso em várias situações. Há uma distinção exata no uso de retículas, sobretudo em lutas no espaço com efeitos de sombra e luz, mas no interior da nave tudo parece muito cintilante, como se sempre fosse o meio-dia de um dia quente, exceto a ponte de comando, escura como uma noite sem estrelas. O que realmente incomoda nesse quesito é a expressão dos personagens, que tem um rosto tão “limpo” que aparentam ser todos apáticos e muito iguais, sendo realmente difícil distinguir um dos outros pelo rosto. Para quem conhece o autor por outras obras chega até a estranhar um pouco a diferença do visual entre os clássicos Blame e Biomega, por exemplo, em comparação com Sidonia.

knights-of-sidonia-fotos-resenha-jbc-6Em compensação, a luta de robôs contra os Gaunas é executada com maestria e riqueza de detalhes. São lutas bonitas e fáceis de serem entendidas, que não parecem uma tempestade de informações desnecessárias no decorrer da coisa.

A EDIÇÃO NACIONAL

O trabalho editorial da JBC é muito bom na tradução e adaptação do material. A influência da versão do anime no Netflix serve como um direcionamento para que o título esteja acessível para uma maior parcela da população, além disso, a editora trabalha forte no marketing do título, o utilizando frequentemente em eventos e até mesmo com a vinda do autor ao Brasil, na edição de 2016 da CCXP. Soma-se o fato da mesma ainda ter publicado Blame, do mesmo autor.

knights-of-sidonia-fotos-resenha-jbc-2A JBC pode ter acertado em seu trabalho editorial, mas pecou bastante na qualidade gráfica. Temos um mangá tanko bem fino e com um papel com uma transparência elevada, que fica mais evidente ainda com a arte clara do título. Não chega a ser tão ruim como o caso de Gangsta. – que a editora aumentou o preço no segundo volume para melhorar a qualidade – mas pelo preço que se paga se esperava uma qualidade maior sem ter o “spoiler” da página seguinte, o que acontece frequentemente devido a arte “clara” do mangá.

A capa dele é bem direta e chama a atenção, embora me incomode a escolha tipográfica do título, o S é muito feio e nem parece com a letra direito. A sobrecapa/pôster enviada para assinantes e para quem adquiriu no dia do lançamento é um brinde legal de se ter de vez em quando, mas se fosse algo presente em todos os volumes consideraria ser dispensável para que fosse melhor investido na qualidade do papel interno do mangá.

knights-of-sidonia-fotos-resenha-jbc-8COMENTÁRIOS FINAIS

Knights of Sidonia é um mangá que chegou ao país em um bom momento para os mangás de ficção científica. Tentando pegar um bom hype causado pela produção do Netflix, a série tenta se segurar em uma lacuna pouco explorada no país até o momento – poucas séries hoje em bancas utilizam-se desse argumento. Além do mais, preenche uma lacuna infeliz de nosso mercado que são mangás de mechas, sendo uma ótima pedida para os que gostam do gênero.

Não deixe de lê-lo se você possui algum preconceito por “lutinhas de robôs”; o mistério dos Gaunas e do destino de Sidonia é de despertar a atenção mesmo dos que não gostam de ficção científica. O maior problema é a certa lentidão do autor em transmitir sua mensagem. Alguns volumes parecem durar uma eternidade. O traço “simples demais” para alguns também pode ser algo a afastar o leitor buscando conhecer algo totalmente novo.

knights-of-sidonia-fotos-resenha-jbc-7Esta resenha baseou-se somente na primeira edição da série, mas tendo em vista que outras já foram lidas, é impossível não deixar de dar alguns avisos de antemão: Sidonia não é um ápice de ação, não possui os melhores personagens do mundo e muito menos a trama mais original. Ele consegue te prender e te afastar ao mesmo tempo, às vezes te dando até certa preguiça de continuar com a leitura. Não é um mangá dispensável, não é a coisa mais chata do mundo, mas passa longe de ser uma unanimidade. Me arrisco a dizer que o anime do Netflix consegue transmitir as coisas de uma forma muito melhor do que sua versão em quadrinhos. Não é a melhor obra de Nihei, mas talvez possa ser uma boa porta de entrada para aqueles que desejam adentrar em seu estilo. Blame pode “espantar”.

A torcida é que o gênero se torne ainda mais forte com Sidonia, e que tanto JBC quanto Panini continuem investindo em ficção científica, mechas muitas aventuras espaciais.


FICHA TÉCNICA

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Título: Knights of Sidonia

Autores:  Tsutomu Nihei
Editora: JBC
Total de volumes: 15
Periodicidade: Bimestral
Valor: R$ 17,50
COMPRE NA AMAZON

Pontos Positivos

  • Tradução e adaptação;
  • Enredo simples e direto com grande potencial;
  • Excelentes lutas de robôs e monstros;
  • Bons brindes no primeiro volume.

Pontos Negativos

  • Personagens com falta de expressão;
  • Preço;
  • Papel muito transparente.

Nota Volume 1: ★★★


Review – Slam Dunk, o mangá atemporal e incrível de Takehiko Inoue

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slam-dunk-review-cabecalhoQuase trinta anos de publicação, mas não poderia ser mais atual.

Confesso que demorei para começar a ler Slam Dunk. O volume número um ficou intacto durante vários dias, mesmo sabendo que essa seria uma “leitura obrigatória“, afinal de contas, se trata de um clássico. Nos últimos tempos tenho iniciado um projeto pessoal para corrigir certos erros na minha personalidade, nada realmente grande, mas que me impedia de expandir meus gostos por puro preconceito. Sabem, sou a mais nova de todos os redatores do ChuNan, enquanto os outros membros já estão formados e trabalhando, eu ainda estou estudando. Não peguei a época da TV Manchete, nem do Animax e também não colecionei um único mangá da Conrad. Comecei a acompanhar mangás graças a uma pessoa um ano mais velha e fui vendo o que estava em alta na época. Tudo que fosse mais antigo, que as pessoas nem comentavam, acabava rotulando como “ultrapassado” e seguia em frente. A questão é que, estou tentando recuperar o que perdi – o que realmente é bom e vale a pena – e não estou me arrependendo nenhum pouco. Aliás, o único arrependimento aqui é por não investido nisso antes.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-20Aonde quero chegar? Quero chegar no ponto onde seja “justificável” dizer que é por esse e outros motivos que demorei para ler o mangá; acreditava, por causa de um pré-julgamento bobo, a obra estaria datada, que seu tempo já teria passado e que hoje ela não alcançaria tantas pessoas. Mas não poderia estar mais errada, não é mesmo? O primeiro volume logo de cara já se mostrou uma motivação para querer ter a coleção inteira, eliminando completamente meu receio. Esperava volumes recheados de referências e piadinhas da época, porém me deparei com um protagonista que corre atrás de garotas e acaba assumindo o papel de um delinquente idiota, mantendo o bom humor da série – esse que inclusive consegue tirar risadas verdadeiras, daquelas que quem lê precisa rir em alto e bom som. Sakuragi Hanamichi não é ultrapassado, muito pelo contrário, é como se pudéssemos nos deparar com partes de sua personalidade em tantos outros personagens de tantos outros mangás shounen hoje. Nesse sentido, a obra não poderia estar mais atualizada.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-3HISTÓRIA

Sakuragi Hanamichi faz parte de uma gangue estudantil, conhecido pela sua cabeleira vermelha e pela sua altura. Ele não tem sorte com mulheres, nos seus 3 anos de ginásio ele recebeu 50 foras das meninas que ele se declarou, sendo que a ultima confessa que gostava de um rapaz do time de basquete e isso o abalou muito. Já no colegial ele ainda não podia ouvir a palavra basquete (nem palavras que lembrassem basquete). Mas um dia enquanto caminhava no corredor, uma garota linda pergunta se ele gostava do esporte e mal sabiam ambos que essa pergunta iria mudar a vida de Sakuragi.

Essa garota se chama Haruko Akagi, ela é apaixonada por basquete e pensa que o Sakuragi é um esportista por causa de seu preparo físico. Para ele, foi amor a primeira vista, até diz que é um esportista e que adora basquete. Alguns dias depois Haruko leva Sakuragi para a quadra de basquete e fala sobre uma jogada chamada Slam Dunk, quando o jogador enterra a bola na cesta com tanta força que parece que vai quebrá-la. Claro que ele resolve tentar, mas acaba errando o calculo e batendo com a testa na tabela (em uma das cenas mais hilárias do mangá). Haruko fica impressionada com o salto que ele deu, percebendo os dons que ele tem para jogar basquete. Mas só tem um probleminha: Sakuragi acaba descobrindo que ela é apaixonada por um jogador de basquete chamado Rukawa e assim ele acaba recebendo o primeiro fora no colegial…

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-7CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Slam Dunk é uma obra de Takehiko Inoue (Vagabond, REAL) e foi publicado dos anos de 1990 à 1996 na revista Shonen Jump, da editora Shueisha. A obra recebeu o prêmio na categoria shounen durante o 40th Shogakukan Manga Award em 1995. A série ainda recebeu uma adaptação em anime TV em outubro de 1993, sendo exibido até março de 1996; a adaptação transmitiu 101 episódios. Até hoje é uma das séries mais vendidas da história da Shounen Jump, tendo protagonizado um dos maiores períodos de auge da revista. No Brasil, o mangá foi inicialmente lançado pela editora Conrad, em meados dos anos 2000, com seu relançamento no ano de 2016, em novo formato simulando o kanzenban (edição definitiva), pela editora Panini.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-12Apesar de acreditar que Slam Dunk não é um mangá datado, o traço do autor entrega que a obra não é de hoje. Ele é recheado de características típicas de obras feitas nos anos 90 – desde os cabelos que misturam a cor preta com a branca para dar efeito, o modo como os olhos são desenhados, os penteados sem tanto contorno e até mesmo as roupas dizem isso – porém não desmerece de forma alguma, como o mangaká consegue desenhar e captar tão bem as jogadas de basquete. Não leio o gênero esporte tanto quanto gostaria, mas já li o suficiente para saber que há séries onde a ilustração não é fluída e nem autoexplicativa, onde quem desenha precisa tanto se prender a narrativa para explicar o movimento que, quando surge uma cena impactante, ela se parece superficial. Simplesmente não se encaixa. Mas aqui é diferente, é como se tanto a narrativa quanto a arte andassem de mãos dadas, sem conflito algum. Takehiko Inoue sabe fazer ótimos momentos de jogo que ocupam uma página inteira, assim como mostrar um movimento com um simples e pequeno quadrante. A arte do mangá é um dos pontos mais altos e, com certeza, é de deixar qualquer um de boca aberta.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-4Descreveria o romance como algo quase… Inexistente. Aliás, para ser mais exata, diria que o papel inicial deste é de fazer o humor da história acontecer, mas não, não estou falando daquela comédia romântica onde o protagonista cai em cima dos peitos da menina, saias voam e de repente surge um harém sem mais nem menos. Ao contrário dessas tramas onde o garoto tem meninas competindo por sua atenção, aqui se trata de um protagonista que é rejeitado sempre – com um pequeno recorde de 50 foras no total. Apesar de Sakuragi ter entrado para o clube de basquete afim de agradar Haruko, ele na verdade poderia ter se apaixonado por qualquer garota – sim, qualquer uma – que tivesse lhe dado o mínimo de atenção. Acredito que isso seja só mais um artifício para mostrar como o personagem principal evoluirá com o tempo, como ele não precisava se apegar a qualquer menina que passasse e sim se dedicar a algo para valer. Substituir uma paixão superficial, por algo realmente duradouro, como o amor pelo esporte.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-10Outro ponto muito atrativo no mangá é o fato do mesmo ser realista quanto a representação basquete. Longe de criticar Kuroko no Basket, mas convenhamos, ele não é a representação fiel do esporte; é um título divertido, de sucesso e interessante, porém vendia a imagem do basquete como algo mais fantasioso. Além de não acontecer isso em Slam Dunk, quem lê não precisa saber o nome de todos os movimentos, a quantidade de pontos que cada jogada tem ou coisas do tipo, assim como Sakuragi é um principiante e leigo no assunto o leitor acaba adquirindo maior facilidade em assimilar cada característica. Inicialmente, esse é outro motivo para rir com a obra: graças a personalidade inquieta de Hanamichi e sua vontade de superior em tudo, o personagem acaba se esquecendo que ele é só um novato e tenta movimentos arriscados e falhando, acontecendo de forma bem humorada. É o realismo e o cômico se fundindo, transformando os capítulos lidos ainda mais agradáveis.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-17Nesse parágrafo gostaria de falar do modo como os personagens de Inoue, porém de um forma um pouco diferente. Acompanho fielmente a Sato Zakuri, uma autora de shoujo que amo e que consumo o material produzido independentemente de ser bom ou ruim. Não faço isso por falta de mangás para ler mas porque gosto do modo como ela constrói desde a personalidade da protagonista até aqueles personagens que só vão aparecer uma ou duas vezes na obra. Achei nela uma preferência de heroína, por isso continuo devota ao lado da autora. Esse lance de como as personalidades são moldadas não é algo que aplico só para essa demografia, mas para tudo e, tenho certeza absoluta, que existem os favoritos de todo mundo. Hoje a imagem de Naruto x Sasuke pode ser o maior clichê dos mangás shounens, entretanto, há boatos de que Masashi Kishimoto teria se inspirado em Sakuragi e Rukawa ao criar os rivais preferidos do mundo contemporâneo dos mangás. Creio que ver o “original” é, no mínimo, intrigante. Recomendadíssimo para os que gostam da personalidade “briga de rato e gato” e, para os que já estão enjoados dela, confesso aqui uma pequena experiência. Alguns meses atrás peguei Black Clover, de Yuuki Tabata, e no quesito personalidade, se trata do maior clichê de shounen; resultado: não consegui levar a série para a frente. Já com a trama de Slam Dunk, aconteceu exatamente o oposto, talvez por causa da narrativa, do modo como isso é apresentado, não sei, mas sei que não parece algo superficial.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-15EDIÇÃO NACIONAL / PANINI (2016)

Fico feliz de ter esperado dois volumes até essa resenha, até porque se fosse levar em consideração somente o lançamento ia acabar me decepcionando um pouco com a edição nacional. Aliás, “decepção” não é bem a palavra, mas o que vou elogiar em um acaba não tendo o mesmo resultado em outro.

Uma das minhas maiores preocupações quando peguei a série para ler foi de me deparar com um vocabulário bem antigão; sim, eu não gosto e isso é algo meu e somente meu, porém, para minha grande surpresa a adaptação do primeiro volume estava excelente (novamente, para essa que vos fala). Tudo o que tinha no volume era o suficiente para ler hoje e entender, assim como seria possível ler daqui dez anos sem grandes complicações. Nem com expressões tão novas, nem com expressões tão velhas. Exatamente no ponto certo.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-11Acontece que, no segundo volume, a situação inverte. Os adjetivos usados no volume variam desde um simples bocó até um “cagueta”, fazendo com que o mangá esteja recheado de expressões dos anos 90. Ok, digamos que a editora queira representar a obra de maneira mais fiel ao tempo que foi lançado; é compreensível, é normal. O que me incomodou foi ver a mudança que aconteceu de uma publicação para outra, digo, se for para escolher um tipo de adaptação que ela esteja presente desde o início. Admito que fiquei contente ao ver conversas sem tantas gírias, até porque acredito que para se buscar um público novo com mangás antigos, ele também precisa estar de acordo com a era em que esses consumidores vivem. Enfim, opinião impopular sim. Não vou deixar de acompanhar a obra por um motivo tão pequeno, ainda mais por ter descoberto o quão incrível ela é, mas se pudesse pedir algo, pediria que escolhessem uma única fórmula e a seguissem até o fim.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-5Quanto a parte física não consigo colocar defeito nenhum. A série está sendo publicada em um formato de luxo que já conhecemos – presente em The Gods Lie, Planetes, Bestiarius e tantos outros – com papel off set sem transparência, orelhas e, para minha grata surpresa, páginas coloridas. Essas aliás não estão presentes somente no volume um, como também no segundo – e devo confessar que não estava esperando nesse, além de estar aguardando quietinho no final do encadernado, pensava que seria somente privilégio do primeiro mangá. O preço é o mesmo de Vagabond, R$17,90, sendo bimestral, com o formato de 13,7×20 cm, com cerca 240 páginas e concluída no Japão 24 volumes. Você pode adquirir o mangá pela Amazon brasileira.

slam-dunk-fotos-resenha-chunan-panini-14COMENTÁRIOS FINAIS

Fiz um pequeno “desabafo” no começo da resenha mas fiz para, talvez, mudar a cabeça de quem hoje pensa como eu pensava. Vejo pessoas cada vez mais jovens adentrando o mundo da cultura japonesa, sendo cada vez mais frequente encontrar alguém que tenha assistido pelo menos um anime – mesmo que seja aquele que todos do nicho conhecem. Para se ter noção, a idade mínima de leitores que acompanham a nossa página do Facebook é de 13 anos de idade! A questão é que, o mercado de mangás cresceu, o acesso a esse tipo de conteúdo também e querendo ou não n novos títulos estão disponíveis e criando possibilidades de leitura todos os dias. Acompanhar o que está no hype é legal, divertido, porém não cometa o erro de deixar clássicos para trás. Não pense que são famosos à toa. Slam Dunk pode ter quase 30 anos, mas ainda não pode ser classificado como dispensável e, sim, é leitura obrigatória.


FICHA TÉCNICA

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Título: Slam Dunk
Autor:  Takehiko Inoue
Editora: Panini
Total de volumes: 24
Periodicidade: Bimestral
Valor: R$ 17,90
COMPRE NA AMAZON

Nota Volume 1: ★★★★★


Review – O significado do nonsense com ‘Quem é Sakamoto?’

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Cool, cooler, coolest!

Mangás non-sense parecem, aos poucos, estarem ganhando seu espaço por aqui. Tivemos Azumanga Daioh da NewPOP, Arakawa Under the Bridge da Panini e a grande revelação de 2016 sendo lançada neste mês de março: Sakamoto Desu Ga?, ou como ficou a edição brasileira, Quem é Sakamoto?.

É difícil dizer se esse tipo de material tem público suficiente para se sustentar no país, mas comédias sempre foram um gênero que conquistaram pessoas em séries, filmes e até nas tirinhas dominicais dos grandes jornais. É algo a ser explorado, com títulos certos e pontuais. Com certeza, Sakamoto pode se fazer valer de sua “fabulosidade” para colaborar ainda mais com o crescimento desse mercado. Será que ele é capaz de mais essa façanha?

A HISTÓRIA

A história gira em torno do cotidiano do “charmoso” estudante de ensino médio, Sakamoto. Conforme ele se transfere para uma nova escola, ele atrai a atenção não só de seus colegas de classe, mas também de todos os estudantes, fazendo com que pessoas invejosas comecem a praticar bullying com ele repetidas vezes para que o protagonista pareça tudo, menos agradável.

CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

Sakamoto Desu ga?, no original, é um mangá seinen de Sano Nami que começou a ser publicado na revista Fellows!, da Enterbrain, no ano de 2012, sendo finalizado no ano de 2014 com quatro volumes. A obra de comédia foi nomeada ao prêmio anual Manga Taishou Award em sua sétima edição. A série ainda recebeu uma adaptação em anime no ano de 2016 pelo Studio Deen, com um total de 12 episódios, cobrindo a história de todo o mangá.

É engraçado como One Punch-Man e Quem é Sakamoto? trabalham com a mesma fórmula. Não estou dizendo que ambos são iguais – afinal de contas, o primeiro é o título que até mesmo pessoas de fora do nicho otaku conhecem – O que quero dizer é que ambos não se importam de serem escrachados, são mangás que ultrapassam o nível de nonsense até para aqueles que se encontram na mesma categoria. A graça está no fato de que, assim como OPM, Sakamoto constrói seu humor através das mais improváveis e impossíveis situações, se tornando um grande diferencial entre obras que focam na comédia. Algo imperdível para aqueles que procuram dar boas risadas.

Se por algum motivo alguém ainda não viu o anime de Sakamoto, mas pretende, recomendaria ler a versão em quadrinhos primeiro. Algo que senti desde a primeira página foi o modo como a autora introduz as piadas que, mesmo sendo fiéis as que aparecem na adaptação, em certos momentos não soam tão fluídas. Acredito que seja por causa do modo como as cenas são desenhadas, mas as vezes parece faltar um detalhe ou outro, fazendo com que quem lê tenha que rever os quadrantes para entender o momento cômico. Obviamente quando se trata de animes tudo fica mais espontâneo, porém não muda o fato de há autores que conseguem passar toda sua ideia somente com papel e nanquim.

Sakamoto é um personagem incrível. Tudo conspira para que ele seja incrível. E fim, isso é tudo o que se sabe a respeito dele. Ainda que todos os holofotes sejam apontados para o herói, é difícil descobrir o que realmente ele é, o que ele pensa e o que torna tão diferente de todos os outros. Tudo o que o leitor sabe é a partir da visão dos colegas de Sakamoto, fazendo com que ele basicamente seja intocável. A partir daí se cria uma barreira entre quem acompanha o mangá e o próprio protagonista. De fato, não é ruim, mas também não cria elo nenhum. É uma obra em que pode até criar alguma familiaridade, mas que nunca será com o próprio Sakamoto.

Apesar da obra entregar uma proposta absurda afim de entreter quem lê, ela ainda traz algo a mais, sendo percebida até o final do primeiro volume. Não importa com quem, quando e onde, Sakamoto é um personagem que está presente para mudar a vida das pessoas a sua volta mesmo que elas nunca tenham pedido por sua ajuda. Conforme os capítulos desenrolam, a autora vai colocando “morais de história” para cada situação em que o herói tem participação, desde ajudando um colega que sofre bullying até aquele que comete o bullying. O seinen pode ser focado na diversão, mas, com certeza, tem um objetivo maior por traz de cada momento coolest.

Se tratando da arte, posso dizer que Nami Sano não faz nenhum milagre aos olhos. Porém, é o suficiente para saber que a mesma se esforça e muito para fazer de Sakamoto de um personagem fabulous. Dou destaque para os momentos clímax dos capítulos, onde a autora retrata sua criação como se fosse um modelo de comercial para shampoo, onde dá até para ouvir um jazz sedutor tocando ao fundo só para destacar mais a beleza do personagem (ou algo assim).

EDIÇÃO NACIONAL

Com relação a edição nacional, esteticamente falando, ela recebeu diversas críticas negativas por conta da capa do mangá. Entendo o lado da editora de ter acrescentado toda a poluição visual por fidelidade a edição japonesa, mas ainda assim não foi a melhor escolha. Sakamoto Desu ga? pode ter uma temática sem noção, mas tudo na capa é berrante demais e mesmo a frase em letras cursivas é ainda maior que o original. Ao contrário de Sakamoto, a escolha da Panini não foi tão incrível.

Apesar da gafe com a capa, a edição se encontra em perfeito estado. Além disso, o mangá traz o alívio para os bolsos dos consumidores com o preço de R$13,90 – o que considero ótimo, já que as bancas estão abarrotadas de formatos de luxo e com uma vasta gama de títulos –, sendo bimestral, no formato 13,7×20 cm, com o famoso papel jornal e concluído com apenas quatro volumes! Uma coleção que farei sem dúvida, principalmente pelo custo-benefício.

COMENTÁRIOS FINAIS

Se você está procurando por uma boa comédia, leia ‘Quem é Sakamoto?’. O mangá ultrapassa o nível de nonsense, tem diversas situações bizarras, mas tudo isso em prol das boas risadas – risadas verdadeiras! Além de ser divertido, a leitura da obra é rápida e leve, contando com o bônus de fazer o leitor refletir sobre as inusitadas aventuras que o protagonista passa. Quatro volumes imperdíveis.


FICHA TÉCNICA

Título: Quem é Sakamoto?
Autor:  Nami Sano
Editora: Panini
Total de volumes: 4
Periodicidade: Bimestral
Valor: R$ 13,90
COMPRE NA AMAZON

Nota Volume 1: ★★★★


Review – A delicada e sensível leitura de uma infância em ‘The God’s Lie’

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Cinco mentiras. Três crianças.

Eu acho meio maluco o ritmo que as editoras estão lançando mangás no Brasil. É só lembrar a quantidade de anúncios e lançamentos que a JBC e a Panini tiveram no ano passado, abarrotando as bancas de jornais e livrarias com os mais diversos tipos de títulos. É claro que por um lado isso é excelente, afinal de contas, variedade nunca é ruim, só que isso também faz pesar o bolso do consumidor e, esse, precisa ser cada vez mais seletivo com o que vai comprar.

E por causa disso algumas obras bem legais acabam escapando, sem que os consumidores saibam que saiu ou do que se tratava. Foi o que aconteceu com The God’s Lie – assim como The Wedding Eve – em que peguei totalmente ao acaso e acabei gostando bastante.

HISTÓRIA

Natsuru Nanao é um dos principais jogadores de futebol de sua escola, mas sua relação com as meninas não é lá muito boa por causa de um evento que aconteceu na primeira semana de aula após sua transferência. Só que isso não é um grande problema, afinal de contas, ele tem apenas 11 anos e não se importa tanto com garotas, já que tem o esporte ao seu lado. Mas esse pensamento muda quando ele encontra Rio Suzumura em um final de tarde, o breve momento que os dois passaram foi o bastante para ele começar a reparar mais em Suzumura e em como ela parecia muito mais madura que todo o resto da turma.

Natsuru e Rio voltam a se relacionar devido a um gato abandonado que o garoto encontra na rua, mas a mãe do menino é alérgica ao animal. Por coincidência, Rio estava passando na rua com o irmão mais novo na hora e acabou aceitando ficar com o gato somente se ele pagasse uma mensalidade.  Pouco tempo depois Natsuru descobre que os irmãos moram sozinhos em casa desde que o pai saiu para pescar no Alasca, então Rio pede a ele para que esse segredo nunca seja revelado.

CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

The God’s Lie é uma mangá seinen de drama e romance criado pela autora Kaori Ozaki, publicado na revista Afternoon em 2013 com apenas 1 volume e lançado pela editora Panini em 2016. Mangás de volume único tem a grande vantagem de ser uma leitura imediata, você não precisa ter lido algo antes para entender ou ter que se dedicar por meses para finalmente ver o encerramento; é um roteiro fechado e sem tempo para encher linguiça. O problema é o fato de ser muito mais complicado desenvolver os personagens, fazendo com que o autor precise conquistar o leitor em muito menos tempo e ainda assim levar sua história para frente.  Colocado isso, eu posso dizer que a autora fez um ótimo trabalho nesse mangá.

O traço da Kaori Ozaki é simples, nada que vá explodir sua cabeça, mas ainda assim, é bonito. Admiro muito a composição das cenas que ela colocou nessa história; desde os detalhes da casa bagunçada dos Suzumuras, até os enquadramentos que dão dicas do que vai ser tocado mais para frente e a delicadeza que teve ao fazer páginas inteiras sem falas ou apenas uma frase. Isso é essencial na hora de transmitir todas as mensagens que essa obra tenta passar para seu leitor.

A trama se foca em apenas dois personagens, Rio e Natsuru, enquanto o irmãozinho dela fica mais como um coadjuvante que serve para desenvolver a irmã. Natsuru é escrito como uma criança de 11 anos que possui um temperamento forte, sua relação com as garotas no início é típico dessa idade onde o sexo oposto é quase um inimigo. Sua indecisão em relação aos problemas de Rio – que chega a beirar a confusão em vários momentos – é típico de um garoto quando se depara com algo que não entende. Enquanto isso, tudo o que vemos na Rio é uma personagem mais madura.  O que eu percebi da narrativa é que a autora mostra que a garota perdeu essa parte final da infância porque precisava cuidar da casa e do irmão, chegando a demonstrar isso no corpo dela que cresce e não parece ser compatível com as outras pessoas da sala que possuem a mesma idade.  O convívio do dia a dia entre os dois faz com que essas duas personalidades se mesclem, enquanto Natsuru aos poucos vai tendo pensamentos mais maduros, Rio vai demonstrando sinais mais infantis e, finalmente, sorrindo.

A história é baseada em cinco mentiras, sendo as duas primeiras as principais; a mentira sobre Rio e o irmão não estarem morando sozinhos e a mentira que Natsuru conta a sua mãe sobre ir treinar futebol com o time, fazendo com que ele vá morar por três dias na casa dos Suzumuras. Se o leitor não comprar essa história, ele provavelmente não gostará do mangá. Eu adorei todo esse início e o relacionamento dos dois, que era algo mais inocente e divertido. Enquanto isso a autora dá pistas sobre as próximas três mentiras em quadros e falas – que na primeira leitura não vão fazer muito sentido, mas que vão se tornar óbvias quando você ler novamente. Claro que não vou entrar muito em detalhes, mas são dois plot twists que me deixaram de boca aberta, sendo a última o motivo e referência ao nome do mangá.

The God’s Lie é um mangá que te faz pensar um pouco nos pequenos dramas que representam nossas vidas, e como o que pode parecer simples para alguns, pode ser extremamente complexo para outros. Em muitos momentos percebemos que tratamos dramas de crianças de uma forma banal, sem ter noção de coisas que realmente acontecem em suas vidas. Existem crianças que vão a psicólogos, que precisam de terapias, que vivem uma infância mais conturbada do que muitos adultos. É claro que estamos falando de uma ficção no caso do mangá, mas o que garante que uma criança real não possa ter um problema e um fardo tão grande que não possam carregar? Quantas você conhece que passam dias inteiros sozinhas, sem adultos que acompanhem seus crescimentos? É uma realidade que não está tão distante assim.

Além disso, todo o mangá é uma grande crítica ao modo de vida que vive o Japão e como a ideia de “ser independente” pode acabar com esses menores. É fácil encontrar em documentários e depoimentos que a sociedade japonesa incentiva muito que crianças façam tudo sozinhas desde muito pequenas. Que consigam se virar e levar adiante desde seus estudos até lidar com tarefas de casa, cuidar de seus irmãos e até mesmo poder administrar coisas que deveriam competir à adultos.

The God’s Lie pode ser levado como uma simples e deliciosa leitura, quanto lhe dar a oportunidade de interpretar vidas de uma forma que talvez você nunca tenha imaginado antes.

EDIÇÃO NACIONAL / PANINI (2016

Não há muito do que se falar aqui. Com ótima tradução e adaptação, The God’s Lie foi um dos lançamentos mais “bonitinhos” do final de 2016 / começo de 2017 no mercado nacional. Formato agradável, com preço convidativo e sem nenhum problema de gráfica como aconteceu com os lançamentos recentes da Panini. No mais, a maior dúvida é o motivo de não ter sido traduzido o título do mangá. Surgem diversos questionamentos já que em quase todos os países em que saiu a opção foi por uma tradução. “A Mentira de Deus” é um nome bem convidativo, por exemplo. Mas isso é alguma decisão editorial daquelas que nunca entenderemos direito o motivo de acontecerem.

The God’s Lie veio no formato “de luxo” da editora – Slam Dunk, Vagabond, Planetes, Bestiarius e tantos outros – com papel off set sem transparência e orelhas. Não temos páginas coloridas, assim como no material original. O preço é de R$16,90, com o formato de 13,7×20 cm, com cerca 220 páginas e, lembrando, volume único. O maior ponto negativo é do mangá não ter sido disponibilizado nas grandes redes de internet como a Amazon. Isso com certeza diminuiu o público que uma obra nesse sentido poderia ter alcançado.

COMENTÁRIOS FINAIS

The God’s Lies não é aquele mangá para mudar sua vida, longe disso, mas que também não merece ser esquecido nas bancas no meio dessa montanha de lançamentos maiores. Possui uma história que vai te surpreender mesmo com seu volume único e personagens que carismáticos e, de certa maneira, profundos. É um título que foi pensado em um certo público alvo (no caso, o japonês, claramente), mas que você pode aprender muito se souber como aproveitar toda a mensagem que a autora tenta transmitir em cada passagem envolvendo as crianças.

Fora isso, eu quero muito apoiar essa iniciativa das editoras em trazer mais mangás de volume únicos para cá e parar de depender tanto de obras que tiveram adaptação em anime. Além de histórias que você pode terminar em apenas uma leitura, também traz um capricho maior com a edição brasileira, com um papel melhor e uma revisão mais detalhada. E bem… também queria que Watashitachi no Shiawase na Jikan fizesse uma aparição por aqui. Será que é pedir demais?



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